Os 16 tons de Kim Kardashian não são para todos
Antes do lançamento da nova linha de maquilhagem, a reality star vê-se envolvida numa polémica devido à falta de diversidade de cores. (...)

Os 16 tons de Kim Kardashian não são para todos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-08-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Antes do lançamento da nova linha de maquilhagem, a reality star vê-se envolvida numa polémica devido à falta de diversidade de cores.
TEXTO: A nova linha de maquilhagem de Kim Kardashian será lançada no final da semana, mas já está envolta em controvérsia, devido ao leque de tons disponíveis. Na sexta-feira, a conta de Twitter oficial da marca (KKW Beauty) partilhou a imagem de uma modelo com as 16 cores do creme anti-olheiras disponíveis pintadas no braço. O problema, apontam vários comentários, é que pouco ou nenhum parece aproximar-se do tom de pele da modelo. Por contraste, aponta uma utilizadora, "os três primeiros parecem a mesma cor". Mais problemático ainda, queixam-se outros, é o facto de terem usado uma modelo com um tom de pele mais escuro para demonstrar uma "diversidade" que não existe. A modelo em questão, Mouna Fadiga, respondeu às críticas, num comentário de Instagram: "Posso dizer-vos que eles não me escolheram apenas para fingir. Estava a usar a maquilhagem e combinava perfeitamente com a cor da minha pele. " Apesar de não ter comentado directamente a polémica, a marca parece querer dar a entender, nos mais recentes posts de Instagram, que os tons estão, na verdade distribuídos de forma uniforme, dividindo as amostras em três publicações diferentes. "16 tons de cobertura total de anti-olheiras. 4 claros, 4 médios, 4 escuros e 4 tons escuros profundos", escreve Kim Kardashian, na sua conta de Instagram. Disto isto, a possibilidade de que a imagem da modelo negra não passe de uma manobra de publicidade para gerar atenção para o lançamento da nova marca de Kim Kardashian é bem real. O próprio posicionamento do braço da modelo, com os tons mais claros e contrastantes em primeiro plano, parece suspeito. Ainda assim, chama a atenção para um tema que evidentemente merece ser discutido. As expectativas da linha de maquilhagem da reality star – mesmo da parte dos seus fãs – eram outras, sobretudo numa era pós-Fenty Beauty, a marca de cosméticos lançada em Setembro do ano passado por Rihanna, que foi aplaudida pela diversidade dos tons de pele disponíveis. "A Fenty Beauty foi criada para todos: para mulheres de todas as cores, personalidades, atitudes, culturas e raças. Queria que toda a gente se sentisse incluída. É essa a verdadeira razão pela qual criei esta linha", escreve a cantora, na apresentação do site. O estrondoso sucesso da linha "desafiou a noção de que o mercado para tons mais escuros não é rentável para as empresas cosméticas", aponta a Vox. Logo após o lançamento, as cores mais escuras esgotaram rapidamente. A linha de maquilhagem tem, por exemplo, 40 tons de cores de pele disponíveis. Mas não é, de longe, a primeira marca a fazê-lo. A base Ultra HD da Make Up Forever, por exemplo, tem o mesmo número de tons disponíveis e a Cover Girl tem uma linha inteiramente dedicada a produtos para tons de pele mais escura, a Queen Collection. Também marcas tão conhecidas quanto a L'Oréal, Estée Lauder e Bobbi Brown oferecem algumas dezenas de cores. O sucesso da Fenty Beauty, aponta no entanto para uma questão que vai além do número de cores disponíveis: a própria comunicação da marca celebra de uma forma especial a diversidade de tons de pele – quer nas redes sociais, quer nas próprias páginas de produto, onde aparecem 40 modelos para mostrar os respectivos tons dos produtos. Ainda assim, aquilo que se verifica frequentemente nas marcas de maquilhagem é, por um lado, a falta de cores mais escuras e, por outro, a diversidade de tons mesmo nos casos em que as oferecem. Ou seja, um contraste evidente entre a (maior) variedade de tons mais claros e de tons mais escuros. E este é um factor importante, dado que para que uma base ou um anti-olheiras corresponda acertadamente uma pessoa, há que ter em conta não apenas o gradiente da cor em si mas os sub-tons da sua pele. Existem três: quente, frio e neutro. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Num dos casos mais recentes e controversos, a marca Tarte foi chacinada nas redes sociais após o lançamento de uma nova base. Apesar de ter 15 tons de pele, a escolha para peles mais escuras é mais limitada. "Perdemos a noção sobre o que é realmente importante nesta indústria e àqueles que se sentem alienados na nossa comunidade, queremos pedir desculpa pessoalmente", escreveu a empresa numa Instagram story. Desde então mudou a variedade de tons disponíveis para 18. "Fizeste mesmo isto em 2018?", questiona com indignação Patricia Bright, dirigindo-se à marca, através dos seus dois milhões de seguidores no Youtube. "O que aconteceu é que a Tarte lançou 50 sombras de bege" e "há três cores para as mulheres com pele mais escuras", descreve a youtuber. "Estou entediada e não impressionada". A verdade é que a polémica acabou por dar mais visibilidade à novidade da marca, lamenta ainda.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave comunidade mulheres negra cantora
Lagarde: receitas dos recursos naturais ainda “são capturadas por uma minoria”
Directora-geral do FMI citou provérbio africano, na conferência organizada pelo fundo em Maputo: "Se queres ir longe, junta-te aos outros”. (...)

Lagarde: receitas dos recursos naturais ainda “são capturadas por uma minoria”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 5 | Sentimento 0.1
DATA: 2014-05-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Directora-geral do FMI citou provérbio africano, na conferência organizada pelo fundo em Maputo: "Se queres ir longe, junta-te aos outros”.
TEXTO: Cristine Lagarde tinha dito na quarta-feira que não haveria discursos paternalistas por parte do FMI. Esta quinta-feira de manhã, no discurso oficial da conferência “África em ascensão”, em Maputo, a directora-geral do FMI, após destacar o sucesso da região nos últimos anos, fez questão de sublinhar um problema crucial: “Temos de realistas e francos. Muitas das receitas [dos recursos naturais] são capturadas por uma minoria” da população. Além disso, sublinhou, perante uma plateia com cerca de trezentas altas personalidades de países africanos, empresas privadas e ONG, os recursos naturais têm um peso preponderante nas exportações, mas “pouco contribuem para a criação de empregos”. Da mesma forma, as receitas que geram não têm sido aplicadas no desenvolvimento de infra-estruturas necessárias, como estradas, ligações energéticas e caminhos-de-ferro. Factos que ajudam à “erosão do tecido económico e à coesão social”, sustentou Lagarde. Sobre Moçambique, deixou o aviso que “a descoberta recente de recursos naturais oferece uma oportunidade única para o país, mas pode também ser uma miragem, uma ilusão”. Falando para o Presidente da República de Moçambique, Armando Guebuza, que também proferiu um discurso de abertura, afirmou saber que o governante quer “um crescimento inclusivo e não apenas para alguns”. Depois, citou um provérbio africano: “Se queres andar depressa, vai sozinho. Se queres ir longe, junta-te aos outros”. Para que a riqueza seja bem distribuída, há que fortalecer o quadro legal e a governação ligados à gestão dos recursos naturais, bem como a transparência, que gera um maior controlo e responsabilidade. Aqui, Lagarde destacou os bons exemplos do Uganda e Serra Leoa, que estão a implementar novas regras orçamentais em antecipação de um forte fluxo financeiro. A carência de infra-estruturas foi suportada por números: apenas 16% das estradas que existem na África subsariana são pavimentadas, e a produção de electricidade per capita manteve-se quase estagnada nas últimas três décadas. Este tipo de investimentos, vincou Lagarde, são críticos para assegurar que o crescimento é sustentável e alargado, criando emprego e melhorando a integração regional. Funcionam, acrescentou, como um íman de investimento estrangeiro. Estima-se que o custo, face ao que é necessário fazer, seja da ordem dos 93 mil milhões de dólares por ano. Assim, afirmou Lagarde, “têm de ser cuidadosamente escolhidos, geridos e implementados, no âmbito de uma perspectiva orçamental de médio-longo prazo” e com o apoio de instituições internacionais. África deverá receber este ano cerca de 80 mil milhões de dólares de investimento estrangeiro, um número recorde. Mas, neste momento, como disse Lagarde, “a pobreza e a desigualdade continuam elevadas”. No sector privado apenas uma em cada cinco pessoas tem emprego no sector formal e falta acesso a serviços financeiros. Destacou o papel das mulheres, essencial para o crescimento. “O futuro está nas vossas mãos, mas os riscos surgem de outros sítios”, avisou Lagarde, destacando os principais: arrefecimento do crescimento das economias desenvolvidas e, principalmente, das economias emergentes, grandes parceiros comerciais dos países africanos (como a China); queda do preço de algumas commodities, como o petróleo; um maior aperto das condições financeiras; e potencial aumento da volatilidade dos mercados. O futuro da região está ser construído neste momento, tendo Lagarde recorrido a um excerto do hino de Moçambique para ilustrar o que representa, do seu ponto de vista, a “África em ascensão”: “Pedra a pedra, construindo um novo dia”. O jornalista viajou a convite do FMI
REFERÊNCIAS:
Entidades FMI
Khadafi concorda com uma trégua, mas rejeita sair do poder
Khadafi concorda com um plano de paz, disse o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, que está a mediar o conflito na Líbia. Mas não ficou claro que plano seria esse, já que Khadafi parece concordar com uma iniciativa que não implica a sua saída do poder, e que já foi rejeitada pelos rebeldes e pela NATO. (...)

Khadafi concorda com uma trégua, mas rejeita sair do poder
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-05-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Khadafi concorda com um plano de paz, disse o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, que está a mediar o conflito na Líbia. Mas não ficou claro que plano seria esse, já que Khadafi parece concordar com uma iniciativa que não implica a sua saída do poder, e que já foi rejeitada pelos rebeldes e pela NATO.
TEXTO: Khadafi apareceu ontem em público – a última vez que o tinha feito fora a 11 de Maio – para o encontro com Zuma no seu complexo presidencial na capital. Mais tarde, Zuma afirmou que Khadafi estava “pronto para concretizar” o plano de paz, uma referência à iniciativa da União Africana que envolve um cessar-fogo e um acordo para ajuda humanitária e reformas e que rebeldes e a NATO já rejeitaram por não implicar uma saída de Khadafi do poder. O líder líbio apareceu de óculos escuros na reunião com Zuma mas, diz o "Guardian", parecia de boa saúde – rumores diziam que Khadafi poderia ter sido ferido num ataque aéreo que matou o seu filho Saif al-Arab no início do mês. Na sequência da visita de Zuma a África do Sul veio pedir “um cessar-fogo imediato” na Líbia para “encorajar as partes em guerra a começar o diálogo para uma transição democrática”, afirmou a ministra dos Negócios Estrangeiros sul-africana, Maite Nkoana-Mashabane. Altas patentes desertam, assustadas com KhadafiEnquanto isso, há relatos de cada vez mais deserções no Exército líbio. A agência Reuters diz que se suspeita de que 120 militares tenham fugido para Roma nos últimos dias. Oito deles eram altas patentes – cinco generais, dois coronéis e um major – que fizeram uma conferência de imprensa dizendo estar “assustados” com o que o líder líbio está a fazer ao povo do país. “Estão a cometer-se muitos assassínios. Estão-se a violar mulheres”, disse um deles, identificado como general Oun Ali Oun. “Nenhuma pessoa inteligente ou racional com um mínimo de dignidade pode fazer o que temos visto com os nossos próprios olhos e o que nos pediram para fazermos. ”
REFERÊNCIAS:
Entidades NATO
Exclusão social é um dos factores que explicam crimes de minorias étnicas
Tese de doutoramento tenta perceber criminalidade praticada por portugueses de etnia cigana e estrangeiros oriundos dos países do Leste europeu e dos países africanos de língua oficial portuguesa. (...)

Exclusão social é um dos factores que explicam crimes de minorias étnicas
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 5 Ciganos Pontuação: 9 | Sentimento 0.033
DATA: 2013-10-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Tese de doutoramento tenta perceber criminalidade praticada por portugueses de etnia cigana e estrangeiros oriundos dos países do Leste europeu e dos países africanos de língua oficial portuguesa.
TEXTO: Os portugueses de etnia cigana e os estrangeiros estão em número desproporcionado nas prisões. Como justificam essas pessoas os actos que os conduziram até ali? E que ideias sobre isso transmitem os meios de comunicação social e profissionais dos serviços prisionais?A tese é da investigadora Sílvia Gomes. Intrigava-a a criminalidade associada às minorias étnicas. No doutoramento em Sociologia, que defendeu na Universidade do Minho no mês de Julho, tentou encontrar o sentido que lhe é atribuído. Deparou-se com as simplificações dos media e dos profissionais dos serviços prisionais, reprodutoras de estereótipos, e com explicações dos reclusos assentes em factores económicos ou decorrentes das pertenças de género, etnia ou nacionalidade. Optou por estudar apenas os mais visíveis nas estatísticas oficiais e nos noticiários: os portugueses de etnia cigana e os estrangeiros oriundos dos países do Leste europeu e dos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP). Os primeiros representavam 5% da população prisional e os outros 15% em 2010. Começou por vasculhar arquivos do PÚBLICO, do Diário de Notícias, do Jornal de Notícias e do Correio da Manhã. Juntou todas as peças sobre práticas criminais com referência àquelas minorias publicadas nos sites destes diários entre 1 de Janeiro de 2008 e 31 de Dezembro de 2009. Analisou as 114 peças. Eram, quase sempre, notícias curtas, que se cingiam ao acto praticado. A principal voz era policial ou judicial. As outras vozes, quando existiam, pertenciam a testemunhas ou vítimas. O perfil do agressor tendia a ficar apagado. Era como se não existisse contexto. Lendo bem, cada grupo aparecia associado a uma prática criminal: "Os ciganos a crimes contra o património com o uso de violência, os africanos a crimes relacionados com drogas, os europeus do Leste a crimes contra valores e interesses da vida em sociedade. " Todavia, entrando nas seis prisões que concentram a maior parte dos condenados daquelas minorias e analisados os seus processos, nenhuma associação directa havia entre qualquer crime e qualquer grupo. O tráfico de drogas era o crime mais comum nos três grupos: 319 dos 1048 crimes pelos quais aquelas 540 pessoas estavam presas. Seguiam-se o roubo, a condução sem habilitação legal, o furto, o porte de arma. "O crime mais noticiado é o crime contra pessoas, quando o principal crime nas estatísticas oficiais é contra o património", sublinha. Isso não é alheio aos critérios de relevância usados na produção de notícias (os jornalistas valorizam o que é novo, extraordinário), mas tem consequências: "Forma-se uma opinião pública unânime na designação pejorativa desses grupos. ""Os próprios funcionários do sistema prisional produzem estereótipos veiculados pelos media, mesmo quando eles vão contra a realidade existente no estabelecimento prisional em que trabalham", diz. Parece-lhe haver todo o processo de contaminação, que funciona nas duas vias. Entrevistou nove directores e 30 guardas. Registou ideias feitas, algumas associadas a "justificações de tipo culturalista", com certo odor a racismo. E isso levou-a a concluir que "estrangeiros e grupo étnico cigano são percepcionados como uma grande amálgama do que é diferente do "ser português" e como tendo, de certa forma, reificado em si o comportamento criminal". Os reclusos da Europa do Leste eram retratados como educados, mas calculistas e perigosos, o que não seria alheio à ideia de que possuem formação superior ou militar. Já os PALOP eram pobres, actores de criminalidade não pensada, e os ciganos "interesseiros, trapaceiros, preguiçosos". A análise dos processos revelou um "background social desfavorecido", como o dos portugueses não ciganos que lá estão. Eram jovens (excepto os portugueses de etnia cigana, de idade mais diversa, e as estrangeiras, mais envelhecidas), com habilitações literárias baixas (tirando os do Leste europeu), percursos laborais não qualificados, residência em bairros pobres ou acampamentos. A professora do Instituto Superior da Maia tentou, de forma mais aprofundada, perceber o que explica este envolvimento criminal. Entrevistou 68 reclusos - 48 homens e 20 mulheres. "As desigualdades e as exclusões sociais desempenham um papel muito forte - não a biologia", enfatiza. "Os estrangeiros que nasceram em Portugal e os imigrantes em idade escolar mencionam a privação económica, a influência de pares, a desestruturação familiar, as exclusões escolar e profissional e a residência em bairros sociais", lê-se, na tese. "Em vários casos, os percursos de exclusão escolar e profissional são apresentados como tendo na base situações de racismo flagrante. " O contexto social, avalia, "determina e limita as "opções" de vida destes indivíduos". Na sua opinião, "a questão geográfica é importante". Há zonas a que as polícias prestam mais atenção. Os jovens oriundos de África, por exemplo, sentem viver em bairros acossados. Há redes familiares e de vizinhança que se transferem para as prisões, como já há muito desvendou outra investigadora da Universidade do Minho, Manuela Ivone Cunha. Nos processos de tráfico, isso parece evidente a Sílvia Gomes, mais ainda entre ciganos, que funcionam muito dentro de uma lógica de família alargada. Há uma rusga num acampamento e a polícia leva "20 ou 30 pessoas". Muitos queixam-se do acesso à justiça, como tantos portugueses em posses. "Não conseguem pagar um advogado", resume. "Acontece muitas vezes o advogado oficioso aparecer só um dia para falar com eles ou conhecê-los só no dia do julgamento. Não dá para preparar uma defesa condigna. "A língua também pode ser entrave, apesar de a lei prever o recurso a intérpretes. A investigadora conheceu quem nem soubesse o motivo da sua reclusão. "Uma mulher estava presa por ser cúmplice num processo de tráfico de droga. Sabia que tinha sido condenada por estar num carro no qual havia droga, mas não sabia o que era ser cúmplice, não conhecia essa palavra. "Houve outros aspectos que a surpreenderam: "Entre os reclusos ciganos há a opinião generalizada de que tiveram pena superior porque o juiz tinha tido uma experiência negativa e não gostava de ciganos. " Relatavam episódios supostamente contados pelos seus advogados, talvez para se desculparem. Parece haver um longo caminho a percorrer, a começar pelos media, que muito contribuem para a construção do que Sílvia Gomes chama "pânico moral". Na sua perspectiva, o país tem de "saber pensar o crime nestes grupos": "Temos de arranjar forma de os conseguir estudar. " A Constituição não permite que a etnia figure na estatística oficial. "Muitos investigadores defendem que essa variável só viria acentuar estereótipos, mas eu acho que os estereótipos já existem e que era bom haver dados que permitissem perceber a realidade. Só assim podemos definir políticas eficazes. "
REFERÊNCIAS:
Entidades PALOP
White trash, ou a pobreza enquanto tradição americana
Brancos, pobres, sem instrução, vivem em comunidades economicamente decadentes e lembram a verdade incómoda: a pobreza é tão antiga na América quanto a própria América. Depois do racismo, a discussão transfere-se para a questão de classe em dois livros reveladores de que há uma história por contar. (...)

White trash, ou a pobreza enquanto tradição americana
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 5 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Brancos, pobres, sem instrução, vivem em comunidades economicamente decadentes e lembram a verdade incómoda: a pobreza é tão antiga na América quanto a própria América. Depois do racismo, a discussão transfere-se para a questão de classe em dois livros reveladores de que há uma história por contar.
TEXTO: Os olhos levantaram-se enquanto as bocas continuavam a sorver a sopa. Homens e mulheres debruçados sobre a mesa num restaurante de uma pequena cidade do Ohio reagiam assim, em silêncio, a um estranho que entrava. Nem uma palavra, só um olhar a seguir e a avaliar cada movimento. Vivem ali, raramente saem e desconfiam de quem vem de fora. Pela geografia, pelo ambiente socio-económico enquadram-se na definição geral do que são os hillbillies: operários, brancos, sem formação universitária. "Para esta gente, a pobreza é uma tradição familiar - os seus antepassados ganhavam à jorna na economia esclavagista do Sul, mais tarde foram rendeiros, e depois trabalhadores nas minas de carvão, e maquinistas e operários fabris nos anos mais recentes. Os americanos chamam-lhes hillbillies, rednecks ou white-trash. Eu chamo-lhes vizinhos, amigos e família. "Quem diz disto é um homem de 31 anos, chama-se J. D. Vance e conta num livro como é nascer e crescer nesta cultura. Hillbilly Elegy, a Memoir of a Family and Culture in Crises foi publicado em Junho nos Estados Unidos e está a ser lido como um dos mais profundos testemunhos do que é pertencer a uma comunidade à qual o agora Presidente Donald Trump dirigiu grande parte do seu programa e do seu discurso, e que nas horas imediatas aos resultados eleitorais foi apresentada pelos comentadores como a grande protagonista da sua eleição. O próprio Vance assumiu isso, logo na manhã seguinte e nas páginas do New York Times. "A classe trabalhadora branca de Rust Belt acabou de tornar Donald J. Trump presidente-eleito dos Estados Unidos. "Rust Belt designa a região nordeste e Midwest dos EUA que entrou em declínio económico após a crise industrial, provocando o encerramento de muitas fábricas e consequente perda de postos de trabalho. É esse o território natural de J. D. Vance, que no seu livro conta como conseguiu estudar em Yale e contrariar as estatísticas que apontam um futuro cruel para rapazes como ele: viver de apoio social ou morrer com uma dose de heroína em zonas onde o consumo de droga se transformou numa catástrofe social. "Cresci pobre no Rust Belt, numa cidade siderúrgica do Ohio, desde que me consigo lembrar, em hemorragia de emprego e de esperança", escreveu na introdução ao livro que o levou às principais cadeias de televisão e rádio, a dar entrevistas a jornais e revistas para falar, por exemplo, do que é sentir que não se tem controlo sobre a própria vida e culpar todos os outros - e não a si próprio - por isso. A classe trabalhadora branca de Rust Belt acabou de tornar Donald J. Trump presidente-eleito dos Estados Unidos. "Colocando o foco na questão de classe e não na racial, J. D. Vance afirma que o seu livro é sobre "o que acontece na vida de pessoas reais quando a economia industrial se desloca para Sul", e sobre reagir a circunstâncias más da pior maneira possível. Conclui: o livro é "sobre uma cultura que cada vez mais encoraja a degradação social em vez de a combater". Este é o mesmo Vance, assumidamente conservador, que, na manhã do último dia 9, acusou parte dos media e dos líderes de opinião de não entenderem que possa haver outras motivações que não o racismo a fazer com que muitos americanos brancos, pobres tivessem votado em Trump. "(. . . ) A degradação sentida em certos cantos do país não tem a ver apenas com a economia; é acerca de cada aspecto da vida - desde a família à esperança de vida, ao consumo de droga que tem afectado as comunidade. O sentimento partilhado por grande parte dos líderes de opinião de verem as nossas preocupações enquanto resultado de estupidez, na melhor das hipóteses, ou de racismo, na pior, confirma os piores receios de muitos. Eles sentem realmente que as elites costeiras [da Costa Leste e Oeste] não se importam com eles, o que muitos entre essas elites parecem consentir. "Filho de pais separados, J. D. Vance foi criado itinerante por uma mãe toxicodependente e durante a sua infância conta que conheceu quinze padrastos. Foi com os avós, na cidade de Middletown, sudoeste do Ohio, junto à fronteira com o Kentucky, que conheceu alguma estabilidade e solidificou a sua identidade. "Posso ser branco, mas não me identifico com os WASPs [acrónimo em inglês para branco, anglo-saxónico, protestante] do Nordeste. Identifico-me em vez disso com milhões de operários brancos americanos sem grau académico, descendentes de escoceses e irlandeses", um dos subgrupos que considera "mais diferenciados da América" e dentro do grupo mais pessimista de todos: o da classe operária branca, sem formação académica que votou maioritariamente em Donald Trump (67%). Um grupo, afirma Vance "socialmente mais isolado do que nunca" e que "passa esse sentimento aos filhos”, que possui um forte sentimento de lealdade, é dedicado à família e ao país. Mas. . . "Não gostamos de forasteiros ou pessoas diferentes de nós, seja uma diferença em relação ao aspecto, ao comportamento, ou, mais importante, ao modo como falam", diz J. D. Vance assumindo uma pertença ao grupo mesmo quando o grupo hoje o olha como uma espécie de traidor por ter saído. E a saída foi inscrever-se nos Marines e ir para o Iraque. Quando regressou, foi para a Universidade do Ohio e daí para Yale, uma das universidades da Ivy League. Lá, conheceu a sua mulher, alguém fora do seu grupo, com quem vive em S. Francisco. Vance acentua a importância justamente da linguagem para contar este estrangulamento de classe, mas também regional e social. “Na nossa sociedade tão racialmente consciente, o nosso vocabulário quase sempre se limita à cor da pele de alguém — negros, asiáticos, brancos privilegiados. Muitas vezes estas categorias são úteis, mas para entender a minha história é preciso ser mais detalhado. " A gente de Vance vive ao longo dos montes Apalaches, a gigantesca cordilheira de 2400 quilómetros que começa no Canadá e atravessa vários estados americanos: Nova Iorque, Pensilvânia, Ohio, Pensilvânia, Kentucky, Tennessee, Virginia, Maryland, West Virginia, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Georgia, Alabama. "Mais pessimistas do que os imigrantes latinos, muitos dos quais vítimas de uma pobreza impensável. Mais pessimistas do que os negros americanos, para quem as expectativas materiais continuam atrás das destes brancos. Enquanto a realidade permitir algum grau de cinismo, o facto de hillbillies como eu serem mais sombrios em relação ao futuro do que outros grupos - mesmo muitos deles sendo mais miseráveis do que nós — indica que alguma coisa se está a passar”, refere J. D. Vance, transferindo a questão para fora do racismo e considerando que todos os discursos políticos à volta da questão rácica - com toda a carga de culpa, ressentimento, preconceito — têm dificultado e manietado um discurso lúcido sobre a pobreza e o modo como cada americano a vê. E a pobreza atravessa todas as etnias na América, como se entende da leitura de Hillbilly Elegy, mas também de White Trash: the 400-Year Untold History of Class in America, da historiadora Nancy Isenberg. 67% percentagem da classe operária branca, sem formação académica, que votou maioritariamente em Donald TrumpEnquanto o livro de Vance é um relato biográfico — pessoal e familiar — o de Isenberg é um trabalho académico que problematiza e coloca em contexto a pobreza enquanto fenómeno associado a um termo: white trash, ou lixo branco que designa os ignorantes, os irredutíveis, os de uma “crueldade congénita”, apenas capazes de replicar a vida em que nasceram e que corresponde, por exemplo, ao estereótipo da rapariga branca de ar enraivecido que insulta publicamente Elizabeth Eckford quando esta se dirige ao liceu de Little Rock, Arkansas, no momento em que foi permitido a um grupo de alunos negros frequentar uma escola para brancos. Sabe-se que essa rapariga branca nascera e crescera num cenário de extrema pobreza. Era o padrão adaptado ao seu tempo, do branco que servia na fazenda de escravos com trabalhos. “Qualquer seja o tempo, white trash lembra-nos de uma das mais desconfortáveis verdades americanas: a pobreza está sempre connosco”, afirma Isenberg, que coloca a questão de classe como um dos grandes geradores de tensão social do país. Sublinha que o cruzamento entre classe e raça é central para que se conte a história completa, mas enquanto o racismo é encarado como algo a combater por parte do discurso político, a pobreza é geralmente vista como “estando além do controlo humano”. Partindo de exemplos concretos, a professora da Universidade do Louisiana traça um quadro complexo mas claro do modo como a classe é vivida e entendida na sociedade americana. “Por detrás da ira e da ignorância brancas, está uma longa e complicada história de classe e de identidade que data do período da América colonial até às noções britânicas de pobreza. ” E depois o estigma, por incapacidade de adaptação ou inabilidade em criar riqueza. Por isso, tal como J. D. Vance, Isenberg insiste na importância de se perceber os códigos. Termos como trash ou waste (desperdício ou sobra) para designar estes brancos pobres “são cruciais para entender o vocabulário poderoso e duradouro”, escreve Isenberg, alertando ainda que não é mais possível “ignorar a estagnação e o lado descartável” associado às camadas mais baixas da sociedade como fundamentais para “explicar a identidade nacional”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os livros de Vance e de Isenberg foram lançados antes das convenções republicana e democrata, antes da campanha, e são, isolados ou em conjunto, um óptimo auxiliar para tentar perceber a América que acabou de eleger o único candidato que “tentou pelo menos”, como referiu Vance, falar para estes hillbillies ou para os white trash, coisa que não acontecia há décadas. A vitória de Donald Trump vai repercutir-se na cena política europeia. Esquerdas e direitas deverão “imaginar o inimaginável”, como ver Marine Le Pen vencer as presidenciais francesas ou Beppe Grillo dominar a política italiana. Se o querem evitar deverão mudar de vida desde já.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Fascistas e anti-semitas: os eleitos mais à direita que Le Pen
Para além de eurocépticos, foram eleitos eurodeputaos claramente racistas. (...)

Fascistas e anti-semitas: os eleitos mais à direita que Le Pen
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 5 Ciganos Pontuação: 6 | Sentimento 0.392
DATA: 2014-05-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Para além de eurocépticos, foram eleitos eurodeputaos claramente racistas.
TEXTO: Este Parlamento Europeu vai ser tomado de assalto por uma multidão de deputados eurocépticos, mas entre eles há um subgrupo de eleitos cujas ideias podem ser descritas como fascistas e racistas e, sobretudo entre os que são provenientes da Europa de Leste, anti-semitas. É o caso do Jobbik húngaro, um partido de extrema-direita que tanto no discurso como em acções é anti-judeus e anti-ciganos. Com 14, 7%, o Jobbik elegeu três eurodeputados, apesar de pouco tempo antes das eleições de 25 de Maio, um deputado desta formação ter sido acusado de espiar no Parlamento Europeu a favor da Rússia. Mas a grande surpresa veio da Alemanha, em que os neonazis do Partido Democrata Nacional, que concorreram com um programa anti-imigração, mas são classificados como racistas e anti-semitas, elegeram pela primeira vez um eurodeputado. Os seus líderes dizem coisas como “a Europa é um continente branco” e têm cartazes com frases como “dá-lhe gás”. O partido eurocéptico Alternativa para a Alemanha obteve também sete deputados para o Parlamento Europeu. Na Grécia, o Aurora Dourada, partido de clara inspiração nazi, elegeu três eurodeputados, apesar de o seu líder, Nikos Michaloliakos, e vários deputados, estarem presos. Estes partidos não estão aliados com a Frente Nacional ou o Partido da Liberdade de Geert Wilders e não se sabe se conseguirão formar um grupo parlamentar à parte. No entanto, a onda eurocéptica acabou por retirar votos a algumas das forças mais extremistas e violentas de extrema-direita que perderam os seus eurodeputados, segundo uma tabela feita pelo centro de investigação britânico Counterpoint, como o Attaka búlgaro, o Partido Nacional Britânico ou até mesmo o Partido Nacional Eslovaco. Correcção do número de eleitos pelo Jobbik: 3 e não 12
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave imigração assalto
Hoje somos todos franceses. E amanhã?
Os atentados de Paris são também um teste a Hollande e à sua capacidade política de conduzir a França neste momento de tragédia. (...)

Hoje somos todos franceses. E amanhã?
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os atentados de Paris são também um teste a Hollande e à sua capacidade política de conduzir a França neste momento de tragédia.
TEXTO: 1. Hoje, em Paris, os líderes europeus vão encabeçar uma manifestação que se prevê gigantesca. É contra o terrorismo mas é sobretudo a favor dos valores da tolerância e da liberdade que todos partilham. É reconfortante ver Angela Merkel e David Cameron ou Matteo Renzi e Passos Coelho desfilarem ao lado de François Hollande para dizer que são todos parisienses. Faz bem à alma europeia, hoje ferida por tanta desilusão. Transmite aos terroristas a mensagem contrária aos seus objectivos. Seria bom que ninguém se lembrasse de levar consigo símbolos partidários ou religiosos, para mostrar que há valores comuns que ninguém discute. Não chega para avaliar com rigor o efeito do que aconteceu na Cidade-Luz na quinta-feira passada, quando três terroristas fortemente armados tiraram a vida a 12 pessoas na sede do Charlie Hebdo e a mais quatro numa mercearia de um bairro judeu. O que aconteceu inaugura uma nova estirpe de terrorismo, que pode não exigir grandes recursos ou especial planeamento, mas que é igualmente eficaz. Os terroristas identificaram-se como da Al Qaeda do Iémen. Mas é o Estado Islâmico, com a sua violência demencial, que é hoje o apelo mais forte ao regresso da jihad. É com esta nova estirpe que a Europa vai ter de se confrontar. O risco já tinha sido avaliado, com os milhares de jovens franceses ou alemães ou de outra nacionalidade europeia dispostos a partir para se juntar ao E. I. O seu regresso seria sempre um problema. Mas a lição mais evidente do que se passou é que bastaram três homens para matar 16 pessoas e lançar o caos em Paris. Ninguém acredita que seja um acto isolado. É uma forma de terror muito diferente dos atentados da Al-Qaeda de Bin Laden. E, sobretudo, pode ser perpetrado por gente que que é tão francesa como aqueles que mata. Não vale a pena subestimá-lo. 2. Foi também reconfortante ver tanta gente nas ruas de Paris manifestando a sua solidariedade com os que foram o alvo escolhido pelos terroristas. Mas não vale a pena termos ilusões. Há uma parte da França que vê nos atentados de Paris mais uma razão para render-se às ideias de Marine Le Pen. Contra a globalização, contra a Europa, contra as comunidades de imigrantes ou de franceses de origem islâmica, contra o outro. A primeira coisa que disse foi que só ela dizia a verdade aos franceses sobre o fundamentalismo islâmico. A Frente Nacional, revista e corrigida por ela, recolhe mais apoio nas sondagens do que qualquer outro partido francês. O medo é a sua grande arma de propaganda e o terrorismo alimenta o medo. É esta a realidade que voltará inexoravelmente ao de cima. Não é caso único, embora seja talvez o mais preocupante. O UKIP de Nigel Farage disse que “era uma guerra” e responsabilizou por ela o multiculturalismo britânico. Geert Willders, na Holanda, desafiou o primeiro-ministro “e os outros líderes ocidentais a perceberem finalmente qual era a mensagem. ” Há meia dúzia de meses, os resultados das eleições europeias foram um grito de alarme rapidamente esquecido. A pobreza ideológica em que caíram os partidos europeus está a deixar um enorme vazio que os extremismos facilmente conseguem ocupar. São eles que podem beneficiar mais com o terrorismo. Esta devia ser uma preocupação comum aos líderes que vão desfilar em Paris. Quentin Peel, antigo colunista do Financial Times, escrevia ontem que deveriam estar “inconfortavelmente cientes” de que “estas atrocidades podem representar um recuo perante os valores liberais das elites que eles representam”. E também perguntava: quando Cameron regressar a Londres vai insistir no mesmo discurso? Provavelmente vai. É esse o risco maior que hoje a Europa enfrenta. A crise europeia, com as feridas que abriu e as expectativas que matou, deixou a Europa mais vulnerável ao medo. Se hoje somos livres de nos proclamar todos Charlie, amanhã será provavelmente Le Pen a retirar o maior proveito político dos atentados de Paris. 3. A França tem um problema particular (em alguns aspectos, semelhante ao do Reino Unido) porque alberga a mais vasta comunidade islâmica da Europa. A revolta dos banlieues parisienses em 2005 foi um aviso, embora muitos dos problemas continuem lá. O laicismo, que está na base da cultura francesa e se traduziu recentemente na proibição do lenço ou da burka em lugares públicos (da escola às empresas), é a mesma “religião” que sempre inspirou o Hebdo. No Reino Unido, onde vive também uma grande comunidade islâmica, os atentados terroristas de 7 de Julho de 2005 foram cometidos por jovens de nacionalidade britânica. O modelo de integração é o oposto: cada comunidade é livre de viver como quiser. A vaga de atentados da Al Qaeda levou a um intenso debate sobre qual era o melhor sistema. A questão é que há mais de vinte milhões de crentes no Islão que são hoje cidadãos europeus como todos os outros.
REFERÊNCIAS:
Jean-Marie Le Pen suspenso da Frente Nacional, o partido que fundou
O até agora presidente honorário da formação de extrema direita diz-se “repudiado” e garante que continuará a falar (...)

Jean-Marie Le Pen suspenso da Frente Nacional, o partido que fundou
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: O até agora presidente honorário da formação de extrema direita diz-se “repudiado” e garante que continuará a falar
TEXTO: O fundador da Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, recusou apresentar-se na reunião do partido de extrema-direita convocada para discutir as eventuais sanções disciplinares que lhe seriam aplicadas. Aprofunda-se, desta forma, o clima de confronto no seio do partido protagonizado pelo clã Le Pen. O seu afastamento da presidência honorária do partido fica à aguardar a realização de uma assembleia-geral extraordinária, onde serão modificados os estatutos do partido. Fica consagrada a marginalização do fundador do partido de extrema-direita, anti-imigração e eurocéptico fica pela nova liderança do partido, que tem à frente a sua filha Marine Le Pen. No domingo, Marine Le Pen já tinha deixado o caminho aberto a sanções duras contra o próprio pai. “Jean-Marie Le Pen não deve poder expressar-se mais em nome da Frente Nacional, as suas posições são contrárias à linha fixada”, disse a líder numa entrevista televisiva. Em causa estão os comentários recentes de Jean-Marie que reafirmou que as câmaras de gás do Holocausto são “um detalhe da História” — uma posição que já defendia enquanto líder da FN e que lhe valeu processos judiciais. Dias depois, numa entrevista à Rivarol, uma revista de extrema-direita, Le Pen dizia que o marechal Pétain — chefe de Estado colaboracionista durante a ocupação nazi — foi tratado de forma “muito severa” após a libertação. Comentários como este de Jean-Marie Le Pen têm sido comuns, mas foram sempre desvalorizados pela filha, que recusou entrar numa guerra aberta. No entanto, a tensão no interior do partido — que se encontra num processo de “limpeza” de imagem à medida que se aproxima do poder — levou Marine Le Pen a afastar Jean-Marie das listas do partido às regionais de Dezembro. Entrou a neta, Marion Maréchal-Le Pen, de 25 anos, para o seu lugar na região da Provença-Alpes-Côte d’Azur, onde a FN espera obter bons resultados. A comissão executiva da Frente Nacional (FN) se reunisse ontem na sede nacional em Nanterre, nos arredores de Paris, para ouvir o líder histórico e para decidir que sanções lhe seriam aplicadas. Tudo estava em aberto: as penalizações poderiam ir da anulação do título de “presidente honorário” até à expulsão do partido, embora todas estas decisões obriguem à convocatória de um congresso extraordinário — um cenário que Marine Le Pen não excluiu, segundo a imprensa francesa. O peso do fundador no partido não é irrevelante, e ele não tem jogado pelo apaziguamento, antes pela provocação, como na reunião de ontem, em que saiu de carro da sede quando começou a reunião que devia decidir o seu destino partidário. Jean-Marie Le Pen, que é também eurodeputado, preferiu não esperar pela deliberação do órgão executivo e abandonou a sede do partido ao final da manhã. “Recuso ir ao comité executivo”, disse o antigo líder aos jornalistas, já de saída. “Fui repudiado. ”O pai da líder do partido de extrema-direita garantiu que vai continuar a falar “livremente”, algo que, diz, “choca um certo número de pessoas”. “O presidente fundador da FN considera que é contrário à sua dignidade apresentar-se perante uma assembleia, como posso dizer, disciplinar, enquanto ele se considera perfeitamente inocente e ter agido no quadro do seu mandato de parlamentar, porque um parlamentar é pago para falar”, acrescentou, referindo-se a si próprio na terceira pessoa. Resta saber se esta afirmação de força de Marine e do actual núcleo de poder na FN conseguirá vingar e manter o partido unido, sem causar uma nova cisão, quando a FN está a ser investigada por financiamento ilegal.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra filha imigração ilegal
Queixas de violência policial na Cova da Moura: uma história antiga
“Ao pé de um polícia estamos inseguros”, diz mecânico de 55 anos que acusa polícias de agressões. Há várias queixas de violência policial contra esquadra de Alfragide com 18 agentes acusados de tortura e racismo. (...)

Queixas de violência policial na Cova da Moura: uma história antiga
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-07-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: “Ao pé de um polícia estamos inseguros”, diz mecânico de 55 anos que acusa polícias de agressões. Há várias queixas de violência policial contra esquadra de Alfragide com 18 agentes acusados de tortura e racismo.
TEXTO: Eliseu Cardoso tem o motor de um carro ligado. Interrompe o seu trabalho como mecânico para contar que foi lá, na Rua da Glória, Cova da Moura, que há mais de três anos perdeu “totalmente” a confiança na PSP. “Ao pé de um polícia estamos inseguros, pelo menos aqui no bairro”, afirma o mecânico de 55 anos no local onde diz ter sido agredido. A relação entre a população do bairro da Cova da Moura e a polícia voltou ao debate. Esta semana o Ministério Público, num despacho histórico, acusou 18 agentes da PSP da esquadra de Alfragide de vários crimes como falsificação de documento agravada, denúncia caluniosa, falsidade de testemunho, tortura, entre outros crimes agravados por racismo que os agentes terão praticado contra seis jovens durante e depois da sua detenção no bairro a 5 de Fevereiro de 2015. Nunca, até agora, o Ministério Público se colocou de forma tão clara do lado dos moradores da Cova da Moura em casos de violência policial. Esta mesma esquadra de Alfragide tem outros dois processos de investigação abertos pela Inspecção-Geral da Administração Interna, como revelou ao PÚBLICO na terça-feira a responsável Margarida Blasco. Mas apesar disso, e do despacho que “de forma inequívoca e sem sombra de dúvida” conclui que os factos descritos nos autos da polícia não se verificaram – ou seja, os polícias fabricaram os acontecimentos, acusa o MP – até agora a Direcção Nacional da PSP não disse quando irá suspender os agentes. Formal e informalmente há várias queixas de moradores do bairro, nem todos jovens, contra aquela esquadra. Daquela experiência, inédita até então, Eliseu Cardoso lembra: “Nunca pensei. Confiava na polícia, hoje não confio. ”A 10 de Dezembro de 2013, eram cerca de 20h, apareceu a PSP junto à sua garagem. Eliseu tinha ido lavar as mãos, sujas do óleo do carro. Ouviu um burburinho. Saiu, perguntou: “O que se passa?”Estavam a fazer a detenção de um jovem, que o mecânico viu cair na rua, seguido da queda de um agente. Diz que viu também o jovem ser pontapeado pelos agentes. “Porque é que estão a fazer isso? Só faz isso porque está fardado?”, perguntou a um dos polícias. A partir daí iniciou-se um episódio de violência, descreve, e que ainda hoje deixou marca na sua perna. “Agrediram-me verbalmente e fisicamente. ” Eliseu Cardoso virou-se de costas e voltou para dentro da garagem. De seguida, conta que levou com um cassetete na cabeça. Foi puxado para a rua e levado dentro da carrinha policial, onde ia também o polícia que o terá agredido. Seria conduzido para a esquadra de Alfragide. Na esquadra, os agentes fizeram-no despir-se como “humilhação”, diz. Ficou com hematomas na cabeça, no corpo. Diz que o comandante o queria forçar a assinar um relatório onde estava escrito que tinha sido ele a agredir os polícias. Recusou fazê-lo: “Então eu sou vítima e passo a ser agressor?! Não assino nada. ”O depoimento com o relato do que aconteceu foi enviado ao Alto Comissariado da Imigração. Eliseu seria acusado de resistência e coacção física a agente da autoridade. O processo judicial ainda não está concluído. “Só vivendo. Não quero reviver aquilo. É uma mágoa tremenda”, diz. “Sou apenas um caso. Há ‘n’ casos que não são relatados porque não vale a pena”. Não tem dúvidas de que “foi racismo”. Os agentes diziam: “’Este país não é teu’, ‘já devias ter ido para a tua terra’, ‘macacos’”, recorda. Há outros casos. Em 25 de Novembro do ano passado, durante a festa do dia de Santa Catarina, um homem foi agredido e relatou num depoimento, em que conta o episódio que passou com um amigo, recolhido pela Associação Moinho da Juventude (Prémio Direitos Humanos da Assembleia da República). “Não pediram a nossa identificação, nem nada, começaram logo a bater. Bateram-me na cabeça, umas quatro vezes”. Diz ainda que apanhou com um bastão perto do olho direito. “E depois já não me lembro de mais nada. Acordei no hospital Francisco Xavier”. O relatório médico regista traumatismo craniano e hematomas. A mulher, empregada de limpeza no Instituto Camões, conta ao PÚBLICO que ainda hoje o marido ouve mal por causa de pontapés. Nunca antes tinha tido problemas com a polícia, garante. Só em 2013 ocorreram vários casos que originaram queixas contra aquela esquadra. Em Março desse ano a associação decidiu escrever uma carta ao Ministério da Administração Interna, na altura conduzido pelo ministro Miguel Macedo, a manifestar "uma forte preocupação pela rápida escalada de episódios violentos no bairro", resultantes da "intervenção de algumas forças policiais" que, "longe de contribuir para uma melhoria das condições de segurança, tem vindo a assumir contornos cada vez mais provocatórios, intimidatórios e degradantes". Meses depois, a 29 de Julho desse ano, três jovens que estavam a fazer música no estúdio da Moinho da Juventude foram detidos por agentes. Um dos jovens contou que tinha vindo à porta e depois de um curto diálogo foi agredido com uma bastonada, algemado, atirado para o chão e colocado na carrinha. “Um agente pegou-lhe ainda com força na cabeça e bateu sucessivamente com um joelho, em ambos os lados do rosto. Com o outro joelho, agrediu-o na zona do nariz”, descreve-se no relato. Ao ouvir os gritos, três amigos foram à porta e seriam igualmente algemados. Testemunhas da associação contam que seis polícias fizeram um perímetro, em frente de crianças, que “ficaram assustadas”, até porque se ouviram gritos. Um dos jovens que conseguiu sair da esquadra, “cheio de dores”, contou que um agente dobrou e partiu o seu cartão de cidadão. Disse-lhe “que uma pessoa da cor dele não podia ser português”. “Os jovens foram ouvindo dos agentes afirmações como ‘vamos matar os pretos todos’, ‘odeio os pretos’, ‘a Cova da Moura vai abaixo’ ou ‘já tenho sangue de macaco na mão’”. No relatório da associação lê-se: “Na esquadra, os agentes disseram que se tinham enganado, que a chamada que haviam recebido (de uma casa particular) tinha sido de um outro sítio”. O processo judicial foi arquivado por falta de provas e "incongruências". Na Cova da Moura estes estão longe de ser casos isolados. Uma jurista, Susana Brito, foi pela primeira vez ao bairro em Maio de 2015 para visitar uma amiga. Pedindo orientações sobre onde era o bairro a dois agentes da PSP, teve uma resposta de “desfaçatez e desdém”. “A falta de profissionalismo, de formação e de compostura deste encontro, só possível com um ambiente favorável por parte das hierarquias imediatas, foi de tal ordem chocante que enviei um email ao Comando de Lisboa sugerindo formação a estes agentes, sob pena de instabilidade pública criada, ou pelo menos agravada, pela PSP”, lê-se numa carta que enviou mais tarde à IGAI, em Novembro. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A jurista é membro do Conselho Superior da Magistratura há um ano, e foi directora do Centro Jurídico da Presidência do Conselho de Ministros mas esclarece ao PÚBLICO que enviou a carta como cidadã. “Achei que os polícias precisavam de muita formação pois o comportamento deles, inadmissível, mostrou que não compreendiam o seu papel como agentes da autoridade”. Depois deste episódio, Susana Brito afirma que não se espanta que existam casos de violência policial como os relatados. Apesar das diversas tentativas de contacto, o gabinete de comunicação da Direcção Nacional da PSP nunca atendeu o telefone. Também a IGAI não esclareceu em que fase estavam as queixas referidas. A IGAI arquivou sete das novas acusações que inicialmente tinha contra alguns dos 18 polícias agora acusados pelo MP. Quanto ao ACM, diz que não dá informação sobre queixas. Esta quinta-feira, o director nacional da PSP, Luís Farinha, teceu uma critica à actuação dos agentes de Alfragide dizendo que os crimes foram praticados por quem não honra a profissão e mancham a instituição.
REFERÊNCIAS:
Jogadoras de futebol do Togo e Camarões desaparecem na Alemanha
Catorze jogadoras africanas de futebol oriundas dos Camarões e do Togo encontram-se em paradeiro desconhecido, após terem sido vistas pela última vez em Berlim há quase uma semana, noticia hoje o jornal alemão Bild. (...)

Jogadoras de futebol do Togo e Camarões desaparecem na Alemanha
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-07-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Catorze jogadoras africanas de futebol oriundas dos Camarões e do Togo encontram-se em paradeiro desconhecido, após terem sido vistas pela última vez em Berlim há quase uma semana, noticia hoje o jornal alemão Bild.
TEXTO: Todas foram convidadas a participar no torneio “Discover Football” que se realizou na capital da Alemanha por ocasião do Mundial de Futebol Feminino, que está a ser disputado em várias cidades do país. As jogadoras, que se encontravam hospedadas num hotel em Berlim, desapareceram no mesmo dia em que o seu visto turístico expirava e em que as restantes companheiras regressaram aos seus países de origem. Em declarações ao mesmo jornal, um porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros indicou que todas elas estariam agora em situação “ilegal” no país. As autoridades colocam a possibilidade das jogadoras desaparecidas poderem tentar permanecer na Alemanha como imigrantes ilegais ou com o objectivo de pedir asilo político, é que algumas delas eram membros activos de organizações para a defesa dos direitos humanos nos seus países, havendo algumas portadoras do vírus da SIDA, o que faz supor que procurariam ser tratadas na Alemanha. O desaparecimento de jogadores africanos em competições na Europa é comum. Ainda em Junho uma equipa inteira de jogadoras de futebol do Senegal desapareceu em França, para onde se deslocaram para um torneio amigável para fomentar cooperação desportiva entre França e países africanos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos humanos desaparecimento ilegal