Portugal foi o país da Europa do Sul onde os imigrantes mais recuperaram o emprego
Taxas voltam aos níveis pré-crise, diz relatório da OCDE. Portugal foi um dos países onde as taxas de imigração de cidadãos que têm livre circulação mais aumentaram desde 2014, com 14% de subida em 2017. (...)

Portugal foi o país da Europa do Sul onde os imigrantes mais recuperaram o emprego
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 21 | Sentimento 0.25
DATA: 2018-06-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Taxas voltam aos níveis pré-crise, diz relatório da OCDE. Portugal foi um dos países onde as taxas de imigração de cidadãos que têm livre circulação mais aumentaram desde 2014, com 14% de subida em 2017.
TEXTO: Dez anos depois da crise económica mundial que afectou sobretudo países que tiveram a intervenção da troika, Portugal foi o único da Europa do Sul onde os imigrantes recuperaram o emprego, revela um relatório da da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgado nesta quarta-feira. Os níveis de emprego dos imigrantes estão, assim, acima ou em linha com os de 2008, ao passo que nos casos de Espanha e Grécia essas taxas estão oito e 11 pontos percentuais abaixo, respectivamente. Em Portugal, a OCDE registou em 2017 uma taxa de emprego entre imigrantes de 74, 3%: 71, 3% para as mulheres e 77, 9% para os homens. Já em termos de taxa de desemprego entre imigrantes, em 2017 ficou nos 10% quando em 2012 passava os 20%. Por outro lado, Portugal foi um dos países onde as taxas de imigração de cidadãos que usufruem de livre circulação, ou seja, do espaço Schengen, mais aumentaram desde 2014: foram mais 14% em 2017. Em geral, lembra o documento, em 2017 houve uma recuperação económica na zona euro e isso levou também a melhorias nas taxas de emprego. Os fluxos migratórios dentro das áreas de livre circulação mantiveram-se altos com 1, 5 milhões de pessoas a imigrarem para um país da OCDE através deste canal em 2016, um número equivalente a 2006. Os países que mais foram afectados pela crise são aqueles que estão a recuperar melhor – as taxas de desemprego entre imigrantes em Portugal desceram, assim, cerca de nove pontos percentuais. As diferenças entre as taxas de desemprego de imigrantes e nacionais também foram encurtando, revela ainda o relatório. De salientar que os dados mostram que os grupos de imigrantes intracomunitários em geral estão com uma média de taxa de emprego superior aos nacionais em 5%. Por outro lado, os imigrantes originários do Médio Oriente e do Norte de África continuam a enfrentar dificuldades na Europa e Austrália. Em 2016 chegaram a Portugal quase 47 mil estrangeiros, o valor mais elevado desde 2010, o que representa um aumento de 24% em relação a 2015, ou seja, a primeira subida "da população estrangeira desde 2009". Em 2016, viviam em Portugal 397. 700 estrangeiros, mais 2, 3% do que em 2015, refere a OCDE. "Mais de metade do aumento da entrada anual pode ser relacionado com a livre circulação na União Europeia. O número de migrantes da União Europeia aumentou mais de 40% em dois anos", lê-se no relatório. "Estes aumentos foram em parte justificados com o regime fiscal favorável para os residentes não habituais aplicável a novos residentes fiscais", diz a OCDE. Por outro lado, o número de autorizações de residência para a actividade de investimento (os chamados vistos gold) também aumentaram em 2016 e 2017 "quando recuperaram dos atrasos depois da suspensão do programa em 2015 por causa de investigações judiciais a casos de corrupção". Sobre a emigração, depois de um aumento entre 2010 e 2013, a saída de pessoas para viverem noutro país estabilizou em 2013, com um número estimado de 38. 300 emigrantes permanentes e 58. 900 temporários, em 2016. "Foram apresentadas várias iniciativas para aumentar a atractividade de Portugal tanto para os estrangeiros como para os portugueses emigrados", refere. A organização sublinha que 2016 foi o ano em que se assinalaram dez anos desde a entrada em vigor da Lei da Nacionalidade, "que facilitou a aquisição de nacionalidade portuguesa a crianças filhas de imigrantes nascidas em Portugal ou que chegaram ainda bebés", acrescentando que entre 2008 e 2016, 225. 000 pessoas a adquiriram. Entre 2015 e 2016 houve uma subida de mais 30% destes casos. Já em relação às entradas permanentes por razões humanitárias a percentagem aumentou 52%, passando de 195, em 2015, para 320, em 2016. O número de pedidos de estatuto de refugiado feitos em Portugal aumentou de pouco mais de 700 para 1010 de 2016 e 2017 - e neste caso foram feitos maioritariamente por cidadãos de República Democrática do Congo, de Angola e da Ucrânia. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou hoje que a defesa dos refugiados em todo o mundo, mais do que um imperativo de consciência, é uma obrigação das sociedades democráticas. O chefe de Estado deixou esta mensagem no portal da Presidência da República para assinalar o Dia Mundial do Refugiado, numa altura de divisões na Europa sobre o acolhimento de migrantes e refugiados. "Associando-se à iniciativa das Nações Unidas, e recordando o empenhado papel de António Guterres como Alto Comissário para os Refugiados, o Presidente da República assinala neste 20 de junho o Dia Mundial do Refugiado", lê-se na mensagem.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Após ultimato na Alemanha jogo da imigração atirado para o palco europeu
A disputa entre Angela Merkel e o seu ministro do Interior ficou em suspenso até ao fim do mês, enquanto a chanceler procura acordos bilaterais com alguns países e um quadro europeu para a política de imigração. (...)

Após ultimato na Alemanha jogo da imigração atirado para o palco europeu
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 21 | Sentimento -0.2
DATA: 2018-06-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: A disputa entre Angela Merkel e o seu ministro do Interior ficou em suspenso até ao fim do mês, enquanto a chanceler procura acordos bilaterais com alguns países e um quadro europeu para a política de imigração.
TEXTO: Um jogo político de ultimatos e consequências imprevisíveis desenrola-se na Alemanha e na Europa: a chanceler, Angela Merkel, conseguiu uma pausa no conflito aberto com o seu ministro do Interior, Horst Seehofer, por causa da política de imigração, para poucas horas depois receber o seu homólogo italiano, Giuseppe Conte, e ver a questão dominar o encontro de terça-feira com o Presidente francês, Emmanuel Macron, marcado para discutir a zona euro. Segundo o Politico, Berlim concordou com medidas suficientes na reforma do euro para poder, agora, pedir a Macron alguma flexibilidade na política de imigração (Macron criticou a recusa italiana em receber o navio Aquarius, mas França não tem recebido mais refugiados do que Itália). A questão ameaça ensombrar as discussões sobre o euro também na cimeira europeia da próxima semana, que com o ultimato de Seehofer (se não houver um acordo europeu, começará a reencaminhar migrantes de modo unilateral) ganha outra urgência. Esta segunda-feira, a chanceler e o ministro do Interior alemão deram conferências de imprensa separadas sobre asilo e refugiados, após encontros das lideranças dos seus partidos - a União Democrata-Cristã (CDU) e União Social-Cristã (CSU, o partido-gémeo da CDU na Baviera). Chegaram a um entendimento relativo para uma trégua – Seehofer poderá ordenar à polícia que não deixe entrar migrantes já anteriormente recusados pelas autoridades alemãs, mas não, como queria, de requerentes de asilo com processos abertos noutros países da União Europeia. Na Alemanha, muitos vêem a insistência de Seehofer, da CSU, nesta questão como uma manobra eleitoralista: haverá eleições na Baviera em Outubro, e a CSU está a ver a sua maioria absoluta ameaçada, com pouco mais de 40% nas sondagens, uma descida de 7 pontos percentuais em relação à última votação. A direita radical da Alternativa para a Alemanha, muito dura na imigração e asilo, está com cerca de 13% nas sondagens. (Há ainda outras teorias: que esta poderia mesmo ser uma manobra conspirativa da CSU para afastar Seehofer, que ainda é o líder do partido embora se tenha afastado da chefia do governo da Baviera, numa luta de poder com o seu rival e actual governador Markus Söder). Merkel, sublinha o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, repetiu que como chanceler tem a prerrogativa de decisão sobre as políticas do Governo. Isto foi visto como o sublinhar de uma “linha vermelha”: se o ministro Seehofer agir sozinho, Merkel deverá demiti-lo. Como o fim da coligação não é do interesse de ninguém, e também não é do interesse de Seehofer, espera-se que haja um compromisso. Apesar disto, a intensidade do conflito é enorme para os dois partidos gémeos. E ao ser muito pública, poderá ter efeito no modo como Merkel é vista, e enfraquecê-la em negociações europeias (basta ver como a questão é tratada nos tablóides britânicos, agências de informação russas, ou até pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, que aproveitou para criticar a política de asilo de Merkel num tweet). Numa sondagem do instituto Civey, 62% dos inquiridos dizem concordar que migrantes sem documentos não devem poder entrar no país, a mesma posição do ministro do Interior. Ainda assim, muitos sublinham que a crise acontece apesar da descida do número de requerentes de asilo na Alemanha: de mais de 720 mil em 2016 para 200 mil em 2017. Se de facto chegasse a haver uma cisão entre CDU e CSU (como foi especulado na semana passada, após um tweet de um humorista ter sido levado a sério por alguns sites), seria um pequeno terramoto na política alemã. Mas outros partidos deveriam assegurar a estabilidade: os Verdes já deram a entender que apoiariam o Governo. Mesmo assim, seria uma situação absolutamente inédita, o que abriria uma série de possibilidades (de um governo fraco a eleições antecipadas, diz a revista britânica The Economist; de um compromisso a um voto de não-confiança no Bundestag, diz de uma forma menos radical a emissora alemã Deutsche Welle). "Solução europeia"A Comissão Europeia veio repetir ontem o mantra de Merkel: que é preciso uma solução europeia. Numa conferência de imprensa, o porta-voz Margaritis Schinas disse que havia “boas perspectivas” para um acordo. No entanto, há posições radicalmente diferentes, de países onde têm chegado muitos refugiados como a Grécia, Itália ou Espanha, que querem uma redistribuição mais justa dos refugiados que chegam a território europeu, de países como a Alemanha e Suécia, que têm recebido números significativos, e outros como a Polónia e Hungria, que não querem receber refugiados, alegando que por serem de outra religião ameaçariam a sua coesão. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Segundo a agência Reuters, Schinas deu a entender que a União Europeia poderia decidir usar um voto maioritário para ultrapassar o bloqueio para uma política comum, que dura há três anos: foi instituído um esquema com quotas de redistribuição pelos vários países dos requerentes de asilo, mas os Estados-membros que se têm recusado a receber a sua quota não têm sido penalizados. Um voto deste género, sublinha a Reuters, “é legal e tecnicamente possível mas politicamente muito sensível”. Em cima da mesa estão agora propostas como cada Estado-membro que recuse receber a sua quota de refugiados pague uma quantia para um país que os receba, ou escolherem directamente um candidato no país de origem. Também estão a ser consideradas medidas para o fortalecimento do controlo das fronteiras da União Europeia através de um reforço da agência Frontex, e centros de acolhimento nos países de onde partem a maioria dos refugiados para a Europa, como na Turquia.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave imigração social género
Esquerda grega quer investigar condições em centro de detenção de imigrantes
Revolta no sábado à noite, com queima de colchões e fuga de dez imigrantes, relançou o debate sobre as condições em que são mantidas milhares de pessoas num país da União Europeia. (...)

Esquerda grega quer investigar condições em centro de detenção de imigrantes
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 21 | Sentimento 0.025
DATA: 2013-08-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Revolta no sábado à noite, com queima de colchões e fuga de dez imigrantes, relançou o debate sobre as condições em que são mantidas milhares de pessoas num país da União Europeia.
TEXTO: A coligação de esquerda Syriza pediu uma investigação às condições de vida no principal centro de detenção de imigrantes na Grécia, onde no sábado à noite estalou uma revolta que levou à fuga de dez pessoas. A polícia grega garante que o centro de Amygdaleza, nos arredores de Atenas, tem "condições respeitáveis", apesar das críticas de organizações de defesa dos direitos humanos. "Tomámos todas as medidas necessárias para que as condições de detenção sejam respeitáveis e para que não haja hipótese de fugas", disse nesta segunda-feira o porta-voz da polícia, Christos Parthenis, ao canal Mega. Em relação às acusações de superlotação do centro, o responsável disse que Amygdaleza tem capacidade para 2000 pessoas e que actualmente estão detidas 1600 (algumas fontes referem 1650). O líder do sindicato da polícia, Christos Fotopoulos, queixou-se das condições no interior do centro, mas disse que são muito piores para os agentes. "Puseram-nos a guardar almas humanas em condições muito piores do que aquelas em que se encontram as pessoas que nós guardamos", disse Fotopoulos ao canal ANT-1. Dezenas de imigrantes sem documentos revoltaram-se no sábado à noite num dos maiores centros de detenção da Grécia, depois de terem recebido a notícia de que iriam ficar retidos por mais seis meses. Durante a confusão, pelo menos dez imigrantes conseguiram escapar do centro de detenção – localizado em Amygdaleza, nos arredores de Atenas – e estão ainda a ser procurados pelas autoridades nesta segunda-feira. A polícia deteve 41 pessoas, originárias do Paquistão, Afeganistão, Bangladesh e Marrocos, que atearam fogo aos colchões dos contentores e atiraram pedras e garrafas contra os guardas. Pelo menos dez polícias de intervenção ficaram feridos durante a operação para controlar a revolta. Segundo a edição online do jornal grego To Vima, as autoridades não avançaram qualquer balanço em relação à possível existência de vítimas entre os imigrantes. A revolta terá começado quando os mais de 1600 imigrantes colocados no centro de Amygdaleza foram informados de que o período de detenção iria passar de 12 meses para 18 meses. No momento em que os guardas distribuíam alimentos, algumas dezenas de detidos atearam fogo a colchões, o que acabou por destruir pelo menos oito contentores, segundo os media gregos. A situação foi controlada pela polícia por volta da 1h de domingo (23h em Portugal continental). Para alguns responsáveis políticos gregos e para muitas organizações de defesa dos direitos humanos, esta era uma situação já esperada. O prefeito do município de Acharnes, Sotiris Ntouros, disse à agência de notícias ANA-MPA que as condições no centro de Amygdaleza "são terríveis". "A revolta dos imigrantes era algo que eu já esperava (. . . ) Não é possível ter 1650 pessoas a viver em contentores, num Verão com temperaturas que chegam aos 50 graus Celsius", disse o responsável. Para agravar o clima de tensão, o jornal To Vima avançou que os guardas tinham cortado a energia cinco dias antes, depois de alguns detidos terem ligado o ar condicionado sem autorização dos responsáveis. Na semana passada, o movimento grego de esquerda KEERFA (Unidos Contra a Ameaça Racista e Fascista) denunciou que os detidos muçulmanos foram agredidos durante um momento de oração. Em Julho, a mesma organização revelou que um afegão morreu no centro com uma infecção pulmonar, depois de a sua doença ter sido ignorada pelas autoridades durante meses. "Crise humanitária"O centro de Amygdaleza foi inaugurado a 29 de Abril de 2012 – o primeiro de um total de 50 que o Governo prometeu abrir para lidar com a chegada de 130 mil imigrantes sem documentos por ano ao país. Rodeado de arame farpado, o centro mantém detidos imigrantes e refugiados que chegam ao país sem documentos, para deportação. Em Dezembro de 2012, a Amnistia Internacional declarou a existência de uma "crise humanitária" na Grécia, denunciando as "vergonhosas e chocantes" condições de vida de milhares de imigrantes. O relatório descreve a situação de "crianças desacompanhadas", mantidas em "condições muito deficientes". Um mês antes, deputados europeus do grupo dos Verdes visitaram o centro de Amygdaliza e partilharam um vídeo no YouTube ("Amygdaleza "The five star Detention Centre"). No relato feito após a visita, os deputados dizem ter-se deparado com "condições inumanas" e com "menores desacompanhados". "A detenção de crianças por questões relacionadas com imigração nunca é justificável e representa um falhanço abjecto da protecção dos direitos humanos das crianças", escreveram os deputados europeus.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos humanos imigração doença alimentos humanitária racista deportação
Papa culpa "retórica populista" pelo medo dos imigrantes
Sem referir nenhum país em particular, o Papa Francisco citou a Declaração de Independência dos EUA ao defender imigrantes e refugiados. (...)

Papa culpa "retórica populista" pelo medo dos imigrantes
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 14 Migrantes Pontuação: 21 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Sem referir nenhum país em particular, o Papa Francisco citou a Declaração de Independência dos EUA ao defender imigrantes e refugiados.
TEXTO: O Papa Francisco pediu, esta terça-feira, uma mudança radical nas atitudes em relação aos imigrantes, afirmando que deviam ser acolhidos com dignidade e denunciando a “retórica populista” que está a alimentar o medo e o egoísmo nos países ricos. Francisco, um defensor dos imigrantes desde que iniciou funções em 2013, não visou nenhum país em específico nas suas críticas. No entanto, as suas palavras ganham relevância nos EUA, onde os tribunais bloquearam uma ordem executiva do Presidente Donald Trump, que suspendia as chegadas de pessoas de sete países de maioria muçulmana. E também na Europa, que enfrenta a chegada em massa de mais de 1, 3 milhões de migrantes e refugiados desde o início de 2015. O líder máximo da Igreja Católica defendeu que os imigrantes não devem ser rejeitados como "rivais indignos". Pelo contrário, devem receber “umas boas-vindas responsáveis e dignas”, particularmente aqueles que fogem da guerra, disse o pontífice num longo discurso aos participantes de uma conferência sobre migração, em Roma. “Perante este tipo de rejeição, enraizada em última instância no egocentrismo e amplificada pela retórica populista, é necessário mudar de atitude, para ultrapassar a indiferença e contrariar o medo através de uma abordagem generosa de acolhimento aos que batem às nossas portas”, disse. Os partidos populistas anti-imigrantes estão a ganhar terreno em vários países europeus, incluindo Itália, França e Holanda, onde o político anti-islâmico Geert Wilders lançou, no sábado, uma campanha para as eleições do próximo mês com a promessa de reprimir a “escória marroquina”. “Para aqueles que fogem de conflitos e perseguições terríveis, que muitas vezes são presos em organizações criminosas sem escrúpulos, precisamos de abrir canais humanitários acessíveis e seguros", disse o Papa. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os países têm o “imperativo moral” de ajudar os exilados, as pessoas que procuram asilo, os trabalhadores migrantes, as vítimas de tráfico humano e até os migrantes em “situação irregular”, acrescentou, numa referência a imigrantes sem documentos. Várias cidades norte-americanas apresentaram acções judiciais que desafiam a ordem executiva de Trump, estabelecendo-se como santuários para imigrantes ilegais. O Governo federal, por ordem de Trump, ameaça cortar os fundos públicos para estas cidades como medida punitiva. O Papa Francisco citou ainda a Declaração de Independência norte-americana, dizendo que todos os migrantes têm “direitos inalienáveis”. "A defesa dos seus direitos inalienáveis, a garantia as suas liberdades fundamentais e o respeito da sua dignidade são deveres que ninguém pode ignorar”, disse.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Morreu Gérald Bloncourt, "o franco-atirador" dos bidonvilles e da emigração portuguesa “a salto”
Nas décadas de 1950 a 70, o fotojornalista registou vários momentos e fenómenos-chave da vida portuguesa, da emigração ilegal ao quotidiano do regime de Salazar e, depois, do país pós-revolução. Os bairros de lata eram "uma forma de escravatura moderna" e ele um "franco-atirador da imagem". (...)

Morreu Gérald Bloncourt, "o franco-atirador" dos bidonvilles e da emigração portuguesa “a salto”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 21 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Nas décadas de 1950 a 70, o fotojornalista registou vários momentos e fenómenos-chave da vida portuguesa, da emigração ilegal ao quotidiano do regime de Salazar e, depois, do país pós-revolução. Os bairros de lata eram "uma forma de escravatura moderna" e ele um "franco-atirador da imagem".
TEXTO: O fotojornalista Gérald Bloncourt era também pintor e poeta. Mas foi como fotógrafo, e para Portugal em particular como retratista das crianças dos bidonvilles, os bairros de lata parisienses recheados de emigrantes portugueses e das suas histórias, que se distinguiu. Morreu segunda-feira, em Paris, a cidade que o acolheu depois de ter nascido no Haiti, segundo disse à Agência Lusa uma fonte da família. Tinha 91 anos. Nas décadas de 1950 a 70, depois de ter abandonado o país onde nasceu em 1926 de mãe francesa e pai de Guadalupe, o fotojornalista registou vários momentos e fenómenos-chave da vida portuguesa, da emigração ilegal ao quotidiano do regime de Salazar e, depois, da vida pós-revolução. Gérald Bloncourt regressou à actualidade portuguesa na última década, quando uma sucessão de livros, filmes, projectos e exposições recuperou a memória – por vezes dolorosa – do seu trabalho sobre a realidade do Portugal do século XX. Uma imagem desse reencontro com Portugal é a de Maria da Conceição Tina, uma das crianças que retratou num bairro de lata depois de ter viajado com a família de forma ilegal, “a salto”, até França, fotografia que foi exposta, entre outras, no Museu Berardo em 2008 (na mostra Por Uma Vida Melhor — O Olhar de Gérald Bloncourt) e alvo de um projecto de identificação daqueles meninos e meninas e que teve um final feliz. “Fomos a salto, como toda a gente”, dizia Maria da Conceição Tina em 2011 ao PÚBLICO. O relato do seu encontro com Gérald Bloncourt é tanto sobre ela quanto sobre as consequências e o lastro da emigração, da pobreza e da discriminação em Paris naquela década de 1960. Não se recordava, com seis anos, de ter visto um fotógrafo pelo bairro a fazer retratos. Em 2011, depois de o reencontrar em Paris, lembrava-o assim: “É tão alto. Um homem enorme, com umas mãos muito grandes e um olhar tão terno. ” Teve a sensação de que já o conhecia. “O Gérald diz que naquele dia da foto, no bidonville, eu fiquei à espera que me fotografasse, sorridente. Se calhar foi por isso que me pareceu tão familiar”, contava à jornalista. Do outro lado, Gérald Bloncourt revia 50 anos de trabalho: “Quando ela chegou, tive diante de mim meio século de memórias. Vi a minha pequena Maria que estava ali. Fiquei muito maravilhado porque ela não tinha mudado. O seu olhar era o mesmo que na fotografia de criança e o seu sorriso também. Abraçámo-nos, chorámos, foi muito emocionante", disse o fotógrafo à Agência Lusa em 2015. Em 2011, no PÚBLICO, Maria da Conceição Tina deixava-lhe uma garantia — “Por enquanto, quero que saiba que a sua petite portugaise já não tem vergonha do seu passado e é uma mulher feliz”. O trabalho de Gérald Bloncourt passaria várias vezes por Portugal ao longo de uma carreira em que foi fotógrafo free lance ou residente de publicações como o Nouvel Observateur. “Sou um franco-atirador da imagem”, diria há dois anos ao jornal digital francês Media Part. Militante comunista, fez parte de um pequeno grupo de revolucionários que tentou uma revolução marxista no Haiti, tendo sido preso e condenado à morte, mas nunca executado por ter também nacionalidade francesa. Foi expulso do Haiti em 1946 e rumou a França. Trabalhou na publicação sindical La Vie Ouvrière onde, disse ainda ao Media Part, se cruzou com “alguns dos grandes nomes da fotografia: Cartier-Bresson, Willy Ronis e Roger Pic”. Descrevia, na mesma entrevista à Lusa em 2015, os bairros de lata de Paris onde viviam tantos portugueses como “uma forma de escravatura moderna. Havia lama no inverno, era frio. Eram barracas feitas com tábuas, bocados de chapa. Era uma vida difícil, muito rude. Os homens iam trabalhar para as obras, as mulheres ficavam com as crianças”. O primeiro que fotografou foi o de Champigny-sur-Marne, nos arredores de Paris, e esses contactos fizeram-no querer conhecer as formas como chegavam ali os emigrantes. Produziu, tanto nos bairros de lata quanto nos Pirenéus e nas duras rotas do “salto”, “extraordinárias fotografias”, como descrevia o crítico António Araújo em 2012, a propósito do livro La dictature de Salazar face à l’émigration. L"État portugais et ses migrants en France (1957-1974), do investigador Victor Pereira. Estaria depois a par da revolução de Abril e aterraria novamente em Portugal pouco antes do histórico 1 de Maio de 1974, em que um milhão de pessoas saíam às ruas. Veio no mesmo avião que o líder do PCP Álvaro Cunhal. Antes disso, como relatava à Lusa, conhecera outro país: “Fui a Portugal na época de Salazar, fiz toda a rota da emigração, de Lisboa passando pelo Porto, Chaves e aquela região. Fui mesmo detido pela PIDE uma vez. Eu tinha metido rolos para eles na mala e eles encontraram-nos. Mas eu tinha colado nas costas um par de meias com os rolos de fotografias importantes que consegui salvar e que estão hoje publicadas e expostas. ”Em 2016, Gérald Bloncourt foi condecorado com a ordem de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e a ministra da Cultura, Graça Fonseca, descrevia-o segunda-feira à noite como um “fotógrafo comprometido, militante humanista e poeta do quotidiano, dono de uma sensibilidade que incomodava pela franqueza”, recordando como acompanhou, “entre 1954 e 1974, as gerações de portugueses que fugiam de um país em ditadura”. Numa nota enviada às redacções, Graça Fonseca qualificava como “o percurso do fotógrafo Gérald Bloncourt está ligado ao imaginário colectivo da emigração portuguesa em França”. Descrevendo o seu “gesto marcado pela objectividade, como é o dos grandes fotógrafos”, a ministra considera que Bloncourt “contou a história silenciada, envergonhada e escondida de um país fechado sobre si próprio”, dando a conhecer “as duras condições de vida de gerações que a ditadura obrigou a partir e que procuravam na periferia parisiense melhores condições de vida”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Com as célebres fotografias do ‘bidonville’ de Champigny-sur-Marne, nos arredores de Paris, e dos bairros da cintura industrial da capital francesa, Bloncourt assinou um capítulo da história de Portugal”, diz Graça Fonseca. Depois da exposição no Museu Berardo o seu arquivo de mais de 200 mil imagens foi escrutinado pelo projecto "Reconhece alguma destas crianças?" (alojado no site entretanto desactivado www. osmeninosdosbidonvilles. com) em busca dos seus retratados. Só algumas se identificaram. Doou cerca de 100 fotografias ao Museu das Migrações e das Comunidades de Fafe e em 2014 esteve no festival de cinema documental Filmes do Homem, em Melgaço, a acompanhar a itinerância da mostra Por Uma Vida Melhor. Gérald Bloncourt será sepultado a 5 de Novembro no Cemitério do Père Lachaise, em Paris. Falando da sua experiência no jornal comunista L'Humanité, onde cobriu vários conflitos sociais, contou ao jornal regional francês La Dépêche como se tornou um fotógrafo comprometido com o seu tempo: “Foi assim que aprendi o trabalho de fotojornalista e percebi que era possível militar, resistir e mudar as coisas com uma câmara na mão. Foi então que me tornei independente. ”
REFERÊNCIAS:
Partidos PCP
Português acusado de ajudar imigração ilegal diz que ainda não foi contactado pelo Governo
Miguel Duarte foi acusado pelo Ministério Público italiano de auxílio à imigração ilegal e pode enfrentar uma pena de 20 anos de prisão. (...)

Português acusado de ajudar imigração ilegal diz que ainda não foi contactado pelo Governo
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 21 Refugiados Pontuação: 5 | Sentimento -0.5
DATA: 2019-06-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Miguel Duarte foi acusado pelo Ministério Público italiano de auxílio à imigração ilegal e pode enfrentar uma pena de 20 anos de prisão.
TEXTO: Miguel Duarte, o jovem que está a ser investigado em Itália por suspeita de ajuda à imigração ilegal, afirmou esta terça-feira que ainda não recebeu qualquer contacto do Governo português, assumindo que não esperava tanta solidariedade da campanha de “crowdfunding”. Miguel Duarte foi esta terça-feira recebido no Parlamento, em Lisboa, pela líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e pelo deputado bloquista José Manuel Pureza, tendo explicado aos jornalistas, no final, que a motivação do trabalho que a ONG fez no Mar Mediterrâneo “era salvar vidas humanas, impedir que as pessoas morressem afogadas”. Questionado pelos jornalistas se já tinha recebido algum contacto do Governo português, o jovem respondeu apenas: “não, ainda não tive nenhum contacto”. Na segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros português garantiu todo o apoio a Miguel Duarte, sublinhando que é preciso ter noção de que as suas acções “são inspiradas por razões humanitárias”. “Ninguém no colectivo que organizou esta campanha esperava tanta solidariedade por parte de tanta gente. Já houve milhares de pessoas a garantir o seu apoio, ajudar e a manifestar-se publicamente do nosso lado. E isso é espectacular para nós”, respondeu, assumindo que não estava à espera da repercussão desta campanha. Na segunda-feira, a 26 dias do prazo final, a campanha lançada pela plataforma HuBB - Humans Before Borders que pretendia angariar 10 mil euros para apoiar a defesa do estudante português, tinha angariado até às 13h desta terça-feira mais de 34 mil euros doados por mais de 1800 apoiantes, através da página de financiamento colaborativo PPL, duplicando assim o objectivo que tinha estabelecido. “Vim basicamente explicar-lhes um bocadinho do nosso trabalho, do que é que fazíamos no Mediterrâneo e que basicamente a nossa motivação era salvar vidas humanas, impedir que as pessoas morressem afogadas como, na verdade, qualquer Estado devia garantir que se faz. Todo esse trabalho foi feito sempre em coordenação com instituições do Governo italiano. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Miguel Duarte explicou que ele e mais nove ex-tripulantes do Iuventa, um navio pertencente à organização não-governamental (ONG) alemã de resgate humanitário no Mediterrâneo, foram constituídos arguidos e estão sob investigação em Itália por suspeita de ajuda à imigração ilegal.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave imigração ajuda ilegal
70% dos emigrantes têm menos de 35 anos?
Jerónimo de Sousa, na terça-feira, a propósito dos números do desemprego e do que diz ser a ausência de uma política económica, afirmou que 70% dos emigrantes têm menos de 35 anos. Será verdade? (...)

70% dos emigrantes têm menos de 35 anos?
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 21 | Sentimento 0.1
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Jerónimo de Sousa, na terça-feira, a propósito dos números do desemprego e do que diz ser a ausência de uma política económica, afirmou que 70% dos emigrantes têm menos de 35 anos. Será verdade?
TEXTO: A fraseO contextoA falta de emprego e a precariedade motivaram muitos portugueses a procurar oportunidades no estrangeiro nos últimos anos. A ligação entre o desemprego e emigração foi de novo suscitada por Jerónimo de Sousa, nesta campanha. No final de uma arruada junto à estação da Parede, na terça-feira, o secretário-geral do PCP criticou as opções do Governo: “O que se exige é uma outra política económica. ” E acrescentou: “Não é por acaso que foram 500 mil portugueses para a emigração, 70% dos quais com menos de 35 anos, porque não encontravam cá emprego com direitos. Sem mais produção industrial, por mais estatísticas que se façam não se consegue ultrapassar o problema do emprego em Portugal. ”Os factosOs números da emigração cresceram todos os anos desde 2010, quer se trate de emigração temporária ou permanente. E atingiram um pico em 2013, que se mantém em 2014, de acordo com os dados provisórios do Observatório da Emigração, a partir dos registos de entradas de portugueses dos institutos de estatística dos principais países de destino. Os números mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que 128. 108 pessoas saíram de Portugal em 2013. Nesse total, contam-se 66. 748 pessoas com menos de 34 anos, ou seja, 52% do total, não sendo possível saber ao certo quantas serão com menos de 35 anos. Juntando os portugueses com menos de 39 anos, o total (82. 161 pessoas) representa 64% de todos os emigrantes em 2013, ainda abaixo dos referidos 70%. Muito próximo desse valor está sim a percentagem de pessoas com menos de 34 anos que saíram em 2012 de forma permanente: foram 35. 990 — ou seja, 69% de um total de 51. 958. O que acontece em 2013 é que, no total de pessoas que emigraram de forma temporária ou permanente, a faixa etária mais representada é a dos jovens entre os 20 e os 24, com mais de 21 mil pessoas contabilizadas nas estatísticas da emigração, logo seguida do grupo entre os 25 e os 29 anos. Ainda de acordo com o INE, e contando já com a estimativa de 134. 624 pessoas em 2014, o total de emigrantes que saíram de Portugal desde 2011 não chega aos 500 mil apontados por Jerónimo de Sousa, mas anda muito perto. Juntando os que saíram por menos de um ano (e que entretanto possam ter regressado) ou os que partiram de forma permanente, o total é de 485. 128 pessoas. Em resumoOs jovens e as pessoas com menos de 34 anos representam a maioria das que emigram (mais de metade) pelo menos desde 2011. Porém, não chegam a representar os 70% referidos pelo líder do PCP, Jerónimo de Sousa. O número total desde 2011 chega quase aos 500 mil mas apenas se juntarmos os que saíram de forma permanente e os que o fizeram de forma temporária. Leia aqui mais provas dos factos
REFERÊNCIAS:
Partidos PCP
Pacote de apoios a emigrantes aprovado, mas sem "estimar números"
Por que razão só se avança em ano eleitoral, quando o aumento da emigração se regista desde 2010? “O tempo não podia ser outro, foi agora que foi definida a programação do novo ciclo de fundos europeus", diz governante. (...)

Pacote de apoios a emigrantes aprovado, mas sem "estimar números"
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 21 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Por que razão só se avança em ano eleitoral, quando o aumento da emigração se regista desde 2010? “O tempo não podia ser outro, foi agora que foi definida a programação do novo ciclo de fundos europeus", diz governante.
TEXTO: O secretário de Estado Pedro Lomba acha “um pouco exóticos” os comentários críticos ao facto de o Governo não especificar quais os montantes financeiros que estão em causa para os anunciados apoios ao regresso dos emigrantes a Portugal. Nem estimar quantas pessoas vão ser abrangidas. O pacote de medidas foi aprovado nesta quinta-feira e faz parte do novo Plano Estratégico para as Migrações (2015-2020). “Estimar números. . . as coisas não se fazem assim”, disse o secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional. “Se conseguirmos apoiar emigrantes que querem voltar, reinserir emigrantes no mercado de trabalho, aproveitar a experiência profissional que os emigrantes adquiriram lá fora, isso é que interessa destacar”, afirmou no final do Conselho de Ministros. O secretário de Estado tinha sido questionado pelos jornalistas presentes sobre qual a dimensão dos apoios para medidas como o Programa VEM — sigla para Valorização do Empreendedorismo Emigrante — ou os apoios à contratação de emigrantes desempregados, duas das novidades do Plano Estratégico para as Migrações. “Inscrevemos estas medidas no programa dos fundos europeus. Vamos apoiar emigrantes que desejem voltar a Portugal, para trabalhar, que desejem empreender. Garantimos o financiamento destas medidas. Cada Programa Operacional tem dotações globais e estas acções, como muitas outras acções, serão apoiados por essas dotações globais”, respondeu. Só o Programa Operacional para a Inclusão Social, um daqueles a que irá beber este pacote de medidas, é constituído por mais de 2 mil milhões de euros, até 2020. Mas quanto desse montante será destinado ao Plano Estratégico?Para Pedro Lomba a “questão essencial é: não existiam até agora canais, condições, incentivos orientados para o regresso de cidadãos portugueses”. Agora existem. Questionado também por uma jornalista sobre a razão da apresentação destas medidas em ano eleitoral, quando o aumento da emigração se regista desde 2010, disse: “O tempo não podia ser outro que não este, porque foi agora que foi definida a programação do novo ciclo de fundos europeus, que aliás não está completamente finalizada. ”Paulo Pisco, deputado socialista eleito pelo círculo da emigração, foi um dos que esta manhã criticaram as medidas do Governo. No fórum da TSF disse que este programa é quase uma ofensa. Para o PS, o Governo teve grande responsabilidade ao incentivar os jovens a saírem do país, mas não está a saber atrai-los de volta. O novo Plano Estratégico para as Migrações prevê, entre outros, tal como o PÚBLICO avançou, apoios a encargos salariais e não salariais a empresas que contratem emigrantes desempregados; permite que emigrantes desempregados em países terceiros possam ser abrangidos pelo programa Reactivar, que prevê estágios de seis meses para desempregados de longa duração, com idades acima dos 30 anos, inscritos há pelo menos 12 meses em centros de emprego; e cria o Programa VEM, para apoiar pequenos empreendedores (40 a 50 projectos uma primeira fase, segundo Lomba, com até 20 mil euros de subvenção não reembolsável). Mais de um milhão de portuguesesHá medidas especificamente pensadas para os emigrantes mais qualificados, e outras para os mais vulneráveis. A ideia é esta: o “reequilíbrio das entradas e saídas” deve ser uma questão que o país deve resolver, segundo o Governo. “Num tempo que encoraja a mobilidade das pessoas, que é uma coisa positiva e até é, em grande medida, um dos traços identitários da União Europeia — e nós, no nosso caso, estamos inseridos em mais espaços —, é essencial haver medidas e incentivos que apoiem o regresso de quem está lá fora. Que tenham as mesmas condições para aproveitar as oportunidades que o país gera”, disse Lomba no briefing após Conselho de Ministros. Segundo o Observatório da Emigração, mais de um milhão de portugueses estavam emigrados nos países da União Europeia e da EFTA em 2011. França, Luxemburgo e, em menor grau, Alemanha destacavam-se entre os antigos países de emigração. Suíça, Reino Unido e Espanha eram os novos países da emigração. Em 2013, último ano para o qual há dados globais oficiais, emigraram 128. 108 portugueses. Daqueles, 42% fizeram com a perspectiva de ficarem por um ano ou mais. Com os imigrantes que escolhem Portugal como destino, e o aumento da emigração, o país está a perder população. Desde 2010 tem-se verificado uma tendência de decréscimo populacional residente — uma diminuição de cerca de 145 mil pessoas em apenas três anos.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS
Emigração manteve-se em 2014 no "patamar muito elevado" atingido em 2013
Observatório da Emigração dá a conhecer pela primeira vez a tendência de 2014. Os valores constam de um relatório entregue ao Governo em Julho, para ser publicado antes das férias parlamentares, como no ano passado. Mas tal não aconteceu. (...)

Emigração manteve-se em 2014 no "patamar muito elevado" atingido em 2013
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 21 | Sentimento 0.208
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Observatório da Emigração dá a conhecer pela primeira vez a tendência de 2014. Os valores constam de um relatório entregue ao Governo em Julho, para ser publicado antes das férias parlamentares, como no ano passado. Mas tal não aconteceu.
TEXTO: Ao contrário do que era esperado, a emigração não abrandou e os portugueses continuaram em 2014 a sair de Portugal ao mesmo ritmo que saíram em 2013. Os valores mantiveram-se assim no pico atingido em 2013, de 110 mil saídas, de acordo com dados provisórios do Observatório da Emigração (OEm). Esses valores, apesar de “elevados”, correspondem a uma “estimativa prudente”, abaixo da realidade, diz Rui Pena Pires, coordenador do OEm. As pessoas que deixam Portugal não são apenas pessoas sem emprego. São também pessoas com empregos muito precários, explica o sociólogo. “Eu estava à espera que os valores começassem a baixar. Toda a gente estava à espera, incluindo o Governo. Não é possível estar sempre a crescer”, diz Rui Pena Pires. E explica: “Quando a situação económica em Portugal estabiliza”, e isso aconteceu em 2014, “é normal” que os números da emigração comecem a baixar. "O que vemos é uma estabilização num patamar muito elevado. "Menos portugueses escolheram o Luxemburgo ou o Brasil como destino de emigração em 2014 e mais pessoas optaram pela Dinamarca, Espanha ou o Reino Unido, quando comparados os valores com os de 2013. As saídas para Angola e Moçambique também cresceram. Nos totais estimados, os valores das saídas para o conjunto dos principais países de destino, mantêm-se, como se lê numa síntese publicada esta terça-feira no site do observatório. É o primeiro alerta sobre os dados de 2014. Os números recentemente publicados pela OCDE eram relativos a 2013. Os dados do OEm são calculados com base nos números dos institutos nacionais de estatística dos 15 principais países de destino, e alguns não estão disponíveis no primeiro semestre (como os da Suíça ou França). Por isso, os totais de 2014 são apresentados como provisórios. Em Dezembro, o OEm vai rever estes dados – já contabilizando os números que entretanto ficaram disponíveis nos principais países, e essa revisão deve ser feita em alta. Nunca aconteceu a revisão resultar em valores mais baixos, diz Rui Pena Pires. É preciso recuar à década 1960 ou 1970 para se encontrarem valores tão elevados (acima dos 110 mil) durante dois anos consecutivos, acrescenta o professor e investigador Centro de Investigação e Estudos de Sociologia, ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE – IUL), que lembra um ano em que os valores atingiram os 150 mil, mas baixaram no ano seguinte. O que é agora surpreendente é esta persistência da tendência, refere. Tal significa que "não existem, neste momento, sinais de que a situação possa inverter-se”, e que o crescimento da economia não resultou na criação de emprego. “O importante aqui” é a criação de emprego, “e estes números mostram que a criação de emprego não cresceu ao mesmo ritmo a que baixou o desemprego”, enfatiza. “Vamos ter sempre saídas de pessoas, mas uma coisa é termos 30 mil, 40 mil ou, no máximo, 50 mil. Outra coisa é termos valores acima dos 110 mil", considera. "É um número muito elevado. " Representa cerca de 1% da população, tanto em 2013 como em 2014, o primeiro ano completo em que a economia não decresceu em Portugal. Em 2010, os valores estavam nas 70 mil saídas e, desde então, não têm parado de aumentar, atingindo o pico em 2013. Nesse ano, o Reino Unido tornou-se o principal país de destino da emigração portuguesa. Em 2014, o número de saídas continuou a aumentar, para o Reino Unido. Os dados estatísticos do Reino Unido mostram um total de 30. 546 entradas de portugueses em 2014. E em Espanha, outro destino importante, o fluxo de entradas aumentou de 5302 (2013) para 5923 (2014). Em Angola, os números estão abaixo da realidade, diz Rui Pena Pires. Em 2014, foram registadas 5098 entradas de portugueses quando em 2013 tinham sido 4651. E em Moçambique, o número passou de 3759 para 3971. A uma outra escala, na Dinamarca, o número de entradas de portugueses passou de 443 para 637. Os números mais recentes relativos a França são de 2012, quando entraram 18 mil portugueses, o dobro dos 9 mil que o OEm tinha previsto. As saídas de pessoas contribuem para baixar a taxa do desemprego em Portugal, confirma Rui Pena Pires. “Em parte, sim”, diz. Mas entre os emigrantes não há apenas pessoas desempregadas, há pessoas com empregos muito precários. E este é um dos problemas que podem estar na origem” deste fluxo. “A maioria dos empregos criados tem uma componente muito grande de precariedade. ”O relatório do OEm, com uma análise mais detalhada e uma interpretação dos dados, está concluído desde Julho, e foi entregue ao secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, para publicação. O documento é da responsabilidade dos investigadores do CIES, mas publicado pelo Governo, que financia através da Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas (DGACCP) do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Este ano, a publicação esteve prevista para Julho (como tinha acontecido no ano passado), e depois para meados de Setembro, diz Rui Pena Pires. Mas até agora ainda não aconteceu.
REFERÊNCIAS:
Entidades OCDE
Administração Trump endurece acção para deter e expulsar milhões de imigrantes
Novas instruções do Departamento de Segurança Interna enviadas às agências de imigração e protecção de fronteiras dizem que nenhum estrangeiro sem visto está a salvo de deportação. (...)

Administração Trump endurece acção para deter e expulsar milhões de imigrantes
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 21 | Sentimento 0.1
DATA: 2017-02-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Novas instruções do Departamento de Segurança Interna enviadas às agências de imigração e protecção de fronteiras dizem que nenhum estrangeiro sem visto está a salvo de deportação.
TEXTO: Dois memorandos assinados esta terça-feira pelo secretário da Segurança Interna, John Kelly, confirmam a intenção da Administração Trump de endurecer a sua acção contra os cerca de onze milhões de imigrantes que entraram ilegalmente no país ou trabalham sem visto, com instruções para a expansão das acções de detenção e deportação dos Estados Unidos de pessoas que o Presidente descreveu ao longo da campanha como “criminosos”. As novas instruções enviadas por John Kelly a todos os serviços de imigração e protecção de fronteiras dizem explicitamente que a partir de agora nenhum estrangeiro sem visto de trabalho está a salvo da deportação. As ordens autorizam os agentes federais a agir discricionariamente para deter cidadãos suspeitos de viver no país ilegalmente, e alargam o âmbito da sua acção a todo o território – com a Administração Obama, as acções incidiam prioritariamente sobre os estrangeiros condenados por crimes nos Estados Unidos ou sob suspeita de actividades terroristas, e privilegiavam as zonas de fronteira. O anúncio das novas medidas do departamento de Segurança Interna lançou o pânico entre as comunidades de imigrantes e deixou em alerta as organizações que defendem os direitos humanos e as minorias. De acordo com o memorando, as novas ordens são para identificar, capturar e deportar rapidamente – “O pessoal passa a ter total autoridade para apreender e deter qualquer estrangeiro se considerar que existe causa provável de que esteja a violar as leis de imigração”, diz o documento. Um porta-voz governamental apressou-se a desmentir que as novas regras tenham por objectivo “produzir rondas de detenções e deportações maciças”: segundo explicou, as medidas têm a ver com os decretos presidenciais assinados em nome da protecção das fronteiras e reforço do combate à imigração ilegal. No dia 25 de Janeiro, o Presidente Donald Trump assinou duas directivas administrativas para salvaguardar a segurança da fronteira com o México, que autorizavam a construção do polémico muro e o reforço do patrulhamento, com a contratação de mais efectivos para as forças de segurança e os serviços de imigração e alfândegas ou a proibição de refúgio nas chamadas “cidades-santuário”, onde as autoridades locais recusam fornecer informação que possa resultar na separação de famílias e expulsão de imigrantes. As ordens do Presidente (e os memorandos do secretário de Segurança Interna) não implicam nenhuma mudança nas leis de imigração em vigor no país, mas configuram uma significativa mudança de abordagem na sua aplicação face à anterior Administração Obama. Com uma única excepção: Trump mantém para já em vigor as protecções concedidas aos estrangeiros que entraram clandestinamente nos EUA quando ainda eram crianças e são agora maiores de idade – conhecidos pela designação de “dreamers”, numa adaptação da sigla do DREAM Act [Development, Relief and Education for Alien Minors] proposto por Obama em 2012. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O departamento de Segurança Interna reviu os critérios de detenção de forma a apressar as expulsões, estipulando por exemplo que os imigrantes possam ser deportados antes de os seus processos correrem em tribunal. Outra mudança tem a ver com o tratamento dos menores que chegam sozinhos de países violentos da América Central como as Honduras, Guatemala e El Salvador, para se juntar a familiares que já se encontram nos Estados Unidos. As regras foram revistas para que as crianças possam ser deportadas imediatamente, juntamente com os familiares que serão acusados de promover a imigração ilegal. “Independentemente dos desejos de reunificação familiar, ou das más condições nos países de origem, este contrabando de menores é intolerável”, diz o memorando.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA