SOS Racismo acusa Polícia Municipal de Lisboa de xenofobia
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2004-06-11
TEXTO: A Polícia Municipal de Lisboa deu parecer negativo à realização de arraiais populares na zona do Martim Moniz, sustentando que este espaço é problemático em termos de segurança, sendo frequentado por pessoas de tez negra, toxicodependentes e pessoas que se prostituem. A denúncia é feita em comunicado pela associação SOS Racismo, entidade que pretendia realizar na zona do Martim Moniz, durante o mês de Junho, a 6ª edição da Festa da Diversidade, uma iniciativa que já decorreu no local no ano passado e que a organização descreve como tendo sido um estrondoso sucesso, sem que se tivessem registado qualquer tipo de problemas. Este ano, contudo, a Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC) não permitiu que a iniciativa tivesse lugar no Martim Moniz, tendo justificado a decisão com o facto da realização do Euro 2004 aconselhar o afastamento das actividades culturais do centro da cidade, segundo o SOS Racismo. Contudo, ao ter conhecimento do ofício da Polícia Municipal, a organização acredita que os verdadeiros argumentos prendem-se com a simples presença da população imigrante e com os medos racistas daquela força. No comunicado enviado à EGEAC, o sub-intendente Almeida Rodrigues, comandante da Polícia Municipal, desaconselha a realização de uma iniciativa que poderia criar novos problemas de segurança "numa zona já de si problemática devido aos seus frequentadores, descritos como pessoas de tez negra, toxicodependentes e pessoas que se prostituem. O documento afirma também que os usos e costumes de origem daqueles frequentadores "terá trazido ainda mais promiscuidade àquela zona. O texto tece ainda considerações sobre os princípios étnicos destes frequentadores, que diz alimentarem uma atitude de inconformidade face aos agentes da autoridade, que já resultou em confrontos físicos. Instado pela TSF a clarificar estas afirmações, o sub-intendente Almeida Rodrigues rejeitou qualquer atitude racista, afirmando que a referência a pessoas de tez negra visou apenas especificar qual o tipo de pessoas que circulam maioritariamente naquela zona e que podem trazer problemas. Questionado sobre as referências aos usos e costumes dos frequentadores do Martim Moniz, o responsável policial afirmou: Se continuarmos a pôr música só africana, vamos chamar mais africanos para esse local. Logo, isso vai trazer, em princípio, problemas se não houver elementos de segurança naquela zona. Perante esta atitude, o SOS Racismo vai apresentar queixa à Comissão Para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial, tendo solicitado aos partidos políticos com assento parlamentar que se pronunciem sobre esta questão. Estas afirmações, descritas num documento oficial, são gravíssimas e a Câmara Municipal de Lisboa não pode permitir que um comandante abertamente racista e xenófobo se mantenha à frente dos serviços da Polícia Municipal, lê-se no comunicado da organização, que pediu já uma audiência com o presidente da Câmara Municipal, Pedro Santana Lopes.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave racismo igualdade racista negra imigrante discriminação