Portugal perdeu "uma grande mulher"
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.8
DATA: 2004-07-10
TEXTO: Maria de Lourdes Pintasilgo morreu esta madrugada, aos 74 anos, depois de uma vida dedicada à política e às questões sociais do país. Recordada por várias personalidades, a grandiosidade e generosidade são as qualidades mais destacadas naquela que foi a primeira e única mulher portuguesa a assumir a chefia do Governo. Numa nota emitida pela Presidência da República, Jorge Sampaio diz ter sido "com muito pesar e tristeza" que recebeu a notícia da morte de Maria de Lourdes Pintasilgo, "de quem era velho amigo e admirador", apresentando "sentidas condolências aos que lhe eram próximos". "Perdemos assim uma cidadã notável, que serviu Portugal nos mais altos cargos e funções, sempre com grande talento, dedicação inexcedível e numa atitude permanentemente inovadora", afirma o Presidente da República, que na última semana tinha recebido a antiga primeira-ministra no âmbito das consultas efectuadas sobre a crise política criada com a demissão do primeiro-ministro. Jorge Sampaio destaca ainda que Pintasilgo, "como primeira- ministra, embaixadora, deputada ao Parlamento Europeu, marcou a sua acção por um sentido ímpar de serviço à comunidade, pela energia contagiante e mobilizadora, pela originalidade de propostas e métodos de trabalho, que sacudiam as rotinas do pensamento e os hábitos instalados, pela militância nas grandes causas emancipadoras e solidárias do nosso tempo". O primeiro-ministro cessante, Durão Barroso, manifestou também o seu pesar pela morte de Pintasilgo, sublinhando que "é-lhe devido o maior tributo por ter dado o seu melhor ao serviço do país, com a sua sensibilidade e com as suas convicções", numa mensagem enviada à família da primeira mulher que chefiou um governo em Portugal. Também o líder do PSD, Pedro Santana Lopes, recordou Pintasilgo e manifestou o "pesar pelo desaparecimento de uma grande senhora, uma senhora com causas, convicções, sempre preocupada com os mais desfavorecidos", que "esteve sempre com elegância" ao longo da sua vida pública, e que o "respeito pelos adversários" era a sua imagem de marca. "Serviu sempre o nosso país de modo distinto. Portugal fica a perder", concluiu o líder dos social-democratas. Já o secretário-geral do CDS-PP, Luís Pedro Mota Soares, afirmou que, "independentemente das diferenças ideológicas, o CDS-PP mostra o seu respeito pela convicção com que Maria de Lourdes Pintasilgo dirigiu toda a sua vida, dedicada às causas em que acreditava, e no serviço que colocou à causa pública". Ferro Rodrigues deixou igualmente o seu lamento pela morte de Pintasilgo, a quem se referiu como "uma grande portuguesa". "Maria de Lourdes Pintasilgo manteve, até ao fim da sua vida, uma intervenção cívica sempre guiada por um princípio básico: uma luta intransigente e incessante pelos desfavorecidos", sublinhou. Por sua vez, o secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, salientou que Portugal "perdeu uma mulher combativa, uma democrata e uma lutadora". "Foi com grande tristeza que soube da morte de Maria de Lourdes Pintasilgo, uma amiga com quem estive nos governos provisórios e lado a lado em muitos acontecimentos da nossa vida política e colectiva", disse Carvalhas. O Bloco de Esquerda lembrou a "generosidade" e o "mérito" de Pintasilgo, com Francisco Louçã a frisar que a ex-primeira-ministra foi uma pessoa que "marcou muito Portugal". "Foi a primeira mulher com grande destaque na democracia, e com grande mérito", afirmou o dirigente bloquista, concluindo que "a sua generosidade tem de ser uma marca na política portuguesa". A deputada e líder do Partido Ecologista "Os Verdes", Isabel de Castro, recordou Pintasilgo como "uma mulher singular e, seguramente, na sua marca diferenciada, um património da esquerda", "uma mulher de causas que se bateu apaixonadamente em defesa da igualdade entre mulheres e homens e por uma justiça social e ambiental no mundo". Maria de Lourdes Pintasilgo morreu esta madrugada na sua casa, em Lisboa, vítima de paragem cardíaca. O seu corpo encontra-se em câmara ardente a partir das 16h00 na Basílica da Estrela, em Lisboa. O funeral realiza-se amanhã, às 14h30, no Cemitério dos Prazeres. Hoje será celebrada uma primeira missa às 21h30.
REFERÊNCIAS:
Partidos PSD PCP