Pobreza ameaça um quinto da população portuguesa
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2004-09-14
TEXTO: Dois em cada dez portugueses encontram-se em "risco de pobreza", segundo o relatório da agência Habitat das Nações Unidas. A União Europeia (UE) tem registado um aumento "dramático" da pobreza nos últimos30 anos devido à imutabilidade do desemprego. Portugal ocupa o segundo lugar, atrás da Grécia, no que toca aos níveis de pobreza da antiga UE a 15. O relatório aponta que cerca de 22 por cento da população portuguesa "está em risco de pobreza ou vive com um salário que equivale a menos de 60 por cento da média nacional de rendimentos". Estes números não são surpresa para as instituições que trabalham com a população carenciada, como a Cais. Segundo Vanda Ramalho, daquela associação, deve-se até quadruplicar as estatísticas sobre a pobreza e os sem-abrigo, pois existem sempre franjas da população que escapam aos estudos. "Estes dados devem funcionar como um alerta de que a pobreza também existe nas grandes potências mundiais e não se trata de um fenómeno exclusivo do terceiro mundo", acrescenta. No estudo que avalia o estado das cidades, a Suécia é o país que regista o valor mais baixo de pobreza populacional, com 8 por cento. Os países que têm um índice de pobreza acima da média dos 15 da UE (15 por cento) são o Reino Unido, a Itália, a Irlanda e a Espanha. O número de sem-abrigo na Europa Ocidental tem aumentado e atinge actualmente o valor mais elevado em 50 anos. Calcula-se que mais de três milhões de pessoas vivem nas ruas das principais cidades europeias (ver texto nestas páginas). Os sem-abrigo portugueses são referidos no relatório das Nações Unidas, que aponta para a existência de 1300 pessoas a viverem nas ruas de Lisboa, em 2000, e 1000 no Porto. No entanto, Vanda Ramalho defende que o número é mais elevado, reflectindo-se, por exemplo, no número de cartões dos refeitórios da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para os sem-abrigo, que são 1700. As causas apontadas pelas Nações Unidas para esta situação são os problemas económicos, a violência doméstica e o HIV/sida. A violência doméstica está também relacionada com o aumento dos sem abrigo, pois só no Reino Unido 63 por cento das mulheres que vivem na rua fugiram de situações de violência doméstica. A associação Cais concorda com estas conclusões, pois a maioria das pessoas que vivem na rua sofreram rupturas afectivas e sentem-se excluídas da sociedade. O relatório refere ainda que é impossível a comparação internacional nesta área, devido às diversas definições nacionais de sem abrigo. A solução para estes problemas passa por "repensar a política social e torná-la uma prioridade em todas as áreas" conclui Vanda Ramalho.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE