Produtores misturam ilegalmente esteróides nos suplementos nutricionais
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento -0.5
DATA: 2007-12-26
URL: https://arquivo.pt/wayback/20071226215240/http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1272635
TEXTO: Cientistas alemães dizem que empresas da Europa e dos EUA importam esteróides feitos na China e misturam-nos com complementos alimentares de forma propositada e camuflada, para vender através da Internet. Os praticantes de culturismo e utentes de ginásios são o principal alvo deste mercado. Algumas empresas da Europa e dos Estados Unidos estão a misturar esteróides, de forma propositada, camuflada e ilegal, aos suplementos nutricionais que produzem e são vendidos mundialmente através da Internet. E nem sempre os fabricantes limpam de forma adequada as linhas de produção, pois já foram encontrados esteróides em multivitaminas, magnésio e vitaminas C, produtos consumidos por adultos e crianças. Esta descoberta foi feita pelo Instituto de Bioquímica da Universidade de Colónia (IBUC), na Alemanha, que, desde meados da década passada estuda a real composição dos suplementos nutricionais e se esta corresponde às indicações no rótulo. A produção dos suplementos alimentares não é regulada pelas regras dos medicamentos, porque não são considerados como tal. E os problemas encontrados foram mudando. Antes, o problema era a contaminaçãoInicialmente, os suplementos eram contaminados com dopantes porque empresas que também produziam esteróides, em países onde o seu consumo sem receita médica era legal, não limpavam bem as linhas de produção. Num estudo de 2001, o instituto germânico analisou 634 suplementos, produzidos por 215 empresas, adquiridos em 15 países, em lojas especializadas ou na Internet. No total, 14, 8 por cento desses suplementos, inclusivamente vitamina C, continham pró-hormonas de esteróides (transformam-se em esteróides já dentro do corpo). “Agora o mercado está pior. Desde 2003 começámos a detectar esteróides clássicos em suplementos nutricionais. Não é contaminação, mas a mistura propositada de esteróides”, acusou Hans Geyer, do IBUC, na terceira conferência mundial antidoping da IAAF (Associação Internacional das Federações de Atletismo), que decorreu no fim-de-semana passado em Lausana, na Suíça. A venda de esteróides na União Europeia só é legal nas farmácias e com apresentação de receita médica. Mas, sem testes laboratoriais, não seria possível perceber que os suplementos de várias empresas contêm esteróides - alguns desconhecidos, concebidos de propósito para os suplementos. Os rótulos nada indicam, e em alguns são descritos componentes com nomes desconhecidos, mas que o instituto alemão descobriu tratar-se de esteróides. Os cientistas descobriram ainda substâncias proibidas, por contaminação nas linhas de produção, em multivitaminas, magnésio e vitamina C produzidas pela germânica Pharma-Tec. Foi o caducar das patentes de muitos esteróides que originou este novo cenário. Muitas farmacêuticas do Extremo Oriente, em particular as chinesas, estão não só a produzir os esteróides mais comuns como também os que resultaram de experiências realizadas por químicos norte-americanos na década de 1960 e agora livres de patentes. Doping da Alemanha de LesteEstão até a produzir Oral Turinabol, o anabolizante que serviu de trave-mestra do sistema de doping estatal na ex-República Democrática Alemã e que causou mazelas a milhares de antigos desportistas. Estão disponíveis através de encomendas na Internet e quem compra recebe quantidades industriais, ou seja, as empresas chinesas trabalham propositadamente para as que produzem suplementos nutricionais. Mas também têm como clientes laboratórios especializados em produzir substâncias indetectáveis nos controlos antidoping. Um desses clientes foi Patrick Arnold, químico que desenvolveu os esteróides sintéticos que a empresa californiana BALCO (Bay Area Co-Operative Laboratory) distribuiu a atletas de elite durante vários anos, antes de ter causado o maior escândalo do atletismo norte-americano. Arnold importou gestrinona, um esteróide relativamente pouco eficaz, e transformou-o em tetrahidrogestrinona, que, além de ser bastante mais eficiente a aumentar a massa muscular, originava registos quase impossíveis de perceber nos controlos. Segundo Christiane Ayotte, directora do laboratório antidopagem canadiano, a melhor forma de detectar os esteróides produzidos na China é consultar a literatura científica da década de 1960. Mas Peter Hemmersbach, do laboratório norueguês, sublinhou que os esteróides sintéticos “são muito difíceis de detectar pelos métodos tradicionais e têm um grau de sofisticação muito elevado. ” Suplementos com esteróides Empresas que vendem suplementos com esteróides clássicos Pharm-Tec Stanozolon: rótulo com nomes desconhecidos, continham estanozolol (em pensos) Parabolon: metandienona Met-AD17-diul: metandienona Parabolon-b: com metandienona em pensos Senesco Pharma Stanozolon-s: estanozolol Parabolon-s: metandienona Muscle Inc. Ltd. , Chipre Oxa 17-Dion: tinha oxandrolona e dizia que era fabricado segundo as regras da União Europeia Testexx: com dehydrochtoromethyltestosterona, ou seja, Oral Turinabol Primo 17 Tamoxen: com tamoxifeno Empresas que vendem suplementos com novos esteróides sintéticos Gaspari Nutrition Novedex Xtreme: tinha substância que, no corpo, se transformava em testosterona Proline Methyl-1-Pro: tinha substância que, no corpo, se transformava em testosterona D. L.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA