70 mil grávidas aconselhadas a vacinar-se contra a gripe A
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DATA: 2009-09-26
TEXTO: Em Portugal, as cerca de 70 mil grávidas no segundo e terceiro trimestres de gravidez vão ser aconselhadas a vacinar-se contra a gripe A, tal como os profissionais de saúde com risco agravado de infecção e uma parte das pessoas com doenças crónicas. Ontem, a agência europeia do medicamento (EMEA) deu parecer positivo a duas vacinas pandémicas, uma das quais é precisamente a que foi encomendada por Portugal, que pretende imunizar pelo menos 30 por cento da população. Agora, falta a luz verde da Comissão Europeia, que deve avançar com a sua aprovação dentro de dez a 20 dias. A EMEA recomendou a aprovação das vacinas para adultos, grávidas e crianças com mais de seis meses. Na próxima semana, a Direcção-Geral de Saúde (DGS) vai finalmente divulgar quais são os grupos de risco a imunizar em primeiro lugar, porque os primeiros lotes começam a chegar, de uma forma faseada, a partir de 12 de Outubro, segundo anunciou a GlaxoSmithKline (GSK), a farmacêutica à qual Portugal encomendou seis milhões de doses. Apesar das recomendações já emitidas pela Organização Mundial de Saúde, cada país define a sua estratégia vacinal. O comité de medicamentos para uso humano da EMEA recomendou a rápida aprovação da Focetria, do laboratório suíço Novartis, e da Pandemrix, do britânico GSK. Em teoria, isto significa que os Estados que fizeram pré-reservas destas duas vacinas podem começar as suas campanhas de vacinação dentro de poucas semanas, mais cedo que inicialmente se previra, desde que recebam quantidades em número suficiente para proteger os grupos de risco. A DGS não quer adiantar quando vai ter início a vacinação em Portugal, até porque ainda é necessário passar pelo processo de formalização junto da autoridade nacional do medicamento (Infarmed). Em comunicado, a EMEA esclareceu que o seu parecer foi dado de uma forma mais célere do que é habitual para “garantir que as vacinas autorizadas estejam disponíveis antes do início da estação gripal, durante os meses de Outono e de Inverno”. E em Portugal, isso vai acontecer? O pneumologista e consultor da DGS Filipe Froes acha que “é previsível que isso possa acontecer”, o que permitirá “achatar a curva de ataque” da epidemia. Mas Mário Jorge Santos, da Associação de Médicos de Saúde Pública, acredita que, se o processo não começar logo em Outubro, “grande parte do benefício perde-se, porque o efeito máximo da inoculação consegue-se ao fim de 15 dias a três semanas”. Outro especialista contactado pelo PÚBLICO acredita que os lotes que vão chegar a Portugal faseadamente “não serão suficientes para travar a primeira onda” da epidemia. Por que motivo foram aprovadas estas duas vacinas em primeiro lugar? Porque em 2005 os dois laboratórios já tinham vacinas pandémicas protótipo com testes de eficácia e segurança efectuados contra o vírus da gripe das aves (H5N1). Agora, apenas será alterada a estirpe do vírus, uma vez que o adjuvante (que estimula a resposta imunológica) é o mesmo e já foi testado em ensaios clínicos. “Não é uma vacina nova, é uma estirpe nova”, explica a responsável pela comunicação da GSK Portugal, Marta Mello Breyner. Por enquanto, os especialistas da EMEA recomendam que as vacinas sejam administradas em duas doses, com um intervalo de três semanas entre cada inoculação, apesar de admitirem que os resultados de estudos preliminares das farmacêuticas (ainda com poucas centenas de pessoas) “sugerem que uma vacinação com uma única dose poderá ser suficiente no caso dos adultos”, o que permitirá aumentar substancialmente o número de pessoas vacinadas. “Décadas de experiência com vacinas da gripe sazonal indicam que a inclusão de uma estirpe numa vacina não deve afectar substancialmente a sua segurança e nível de protecção”, acentua a EMEA. As vacinas já foram aprovadas na China e nos Estados Unidos. E na China começaram já a ser administradas em larga escala. Na prática, portanto, o “grande laboratório mundial está a ser a China”, sublinha Mário Jorge Santos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave ataque aves