Oposição quirguize anuncia derrube do Governo
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-04-08
SUMÁRIO: A polícia matou a tiro mais de 40 manifestantes, mas não terá conseguido evitar a queda do Presidente Bakiev.
TEXTO: A oposição do Quirguistão - a mais pobre das ex-repúblicas soviéticas - anunciou ter derrubado o Governo, após um dia de violentos confrontos na capital, Bichkek, que provocaram pelo menos 47 mortos e centenas de feridos. Várias fontes deram como certa a fuga do Presidente Kurmanbek Bakiev, desde 2005 à frente de um país que constitui um foco da batalha geopolítica travada entre Washington e Moscovo na Ásia Central. "A oposição controla totalmente o poder", anunciou a ex-ministra dos Negócios Estrangeiros Roza Otunbaeva, que terá sido mandatada para chefiar um Governo interino. Pouco antes, foi anunciada a demissão do primeiro-ministro, Daniar Ussenov, e a oposição garantia controlar a sede da presidência. O paradeiro de Bakiev, que ali estivera refugiado, era incerto. Um funcionário do aeroporto de Manas, nos arredores da capital, disse à AFP que o Presidente partiu durante a tarde num pequeno avião e uma responsável da oposição contou à Reuters que o destino foi Osh, cidade no Sul do país de onde ele é oriundo. Mas, ao final da noite, a situação na capital continuava confusa. "Continuamos a pensar que o Governo está em funções", afirmou um porta-voz da diplomacia dos EUA, país que tem em Manas uma base aérea essencial para as suas operações no Afeganistão. A presença militar americana não agrada a Moscovo, mas Vladimir Putin negou qualquer envolvimento "nos acontecimentos" no país vizinho. O primeiro-ministro russo acusou, no entanto, Bakiev de ter repetido os erros do seu antecessor, derrubado também por uma revolta popular: "Quando chegou ao poder, acusou Askar Akaiev de nepotismo, porque só a sua família controlava o poder, mas ele seguiu-lhe as pisadas. "Corrupção e nepotismo eram algumas das acusações feitas a Bakiev, reeleito em Julho, numa eleição chumbada pelos observadores. A subida dos preços, num país muito dependente das remessas dos seus imigrantes na Rússia, terá sido a gota de água que fez estalar os protestos, terça-feira em Talas, cidade no Noroeste do país, e ontem em Bichkek e Narin. Na capital, os protestos começaram pela manhã, quando a polícia tentou dispersar uma manifestação junto à sede da oposição, relatou a AFP. Foram disparados tiros, mas as forças de segurança acabariam por retirar. Vários opositores foram detidos, às ordens do procurador-geral, para serem libertados horas depois pelos seus próprios apoiantes. Numa tentativa para controlar os protestos, o Governo decretou o estado de emergência e impôs o recolher obrigatório em Bichkek. Mas, a meio da tarde, a Reuters descrevia "intensas trocas de tiros" no centro da cidade. O edifício da procuradoria-geral era consumido pelas chamas e apoiantes da oposição tinham já tomado a televisão estatal e o Parlamento. Os incidentes mais graves ocorreram, no entanto, quando os manifestantes - alguns armados com pedras, outros com armas retiradas aos militares - tentaram entrar na presidência. A polícia abriu fogo sobre a multidão, matando dezenas de pessoas. Os últimos números do Ministério da Saúde apontavam para 47 mortos e mais de 400 feridos só na capital. A oposição garantia, no entanto, que eram mais de cem as vítimas mortais.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA