Há cada vez mais portugueses a utilizarem a voz como negócio
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2010-04-16
SUMÁRIO: Quando aos 18 anos entrou para a Escola Superior de Teatro e Cinema, Sofia Cabrita fez um rastreio para provar que não tinha nenhuma patologia nas cordas vocais. Dez anos depois, é actriz e ao mesmo tempo empresta a sua voz a filmes e a anúncios de bebidas alcoólicas, produtos alimentares, detergentes... "Sempre achei que a voz rouca e grossa ia ser um problema mas tornou-se num trunfo e é muito procurada", contou ao PÚBLICO por ocasião do Dia Mundial da Voz que hoje se assinala.
TEXTO: É com boa disposição que Sofia recorda que num anúncio a uma bebida lhe pediram para ser "mais sexy". "Mais sexy significa uma voz mais grossa e sussurrada em que parece que falamos ao ouvido das pessoas e que ficamos mais próximos de quem nos ouve", concretizou. Tal como Sofia, são cada vez mais os portugueses que estão neste momento inscritos em bancos de voz, isto é, em empresas que se dedicam a fazer a ponte entre os clientes e estes profissionais cujo instrumento de trabalho são as palavras. "Fomos pioneiros e entrámos há três anos no mercado com o objectivo de contribuir para profissionalizar esta actividade que era feita de forma individual. Já temos no nosso banco de vozes 1700 talentos e no activo estão cerca de 600", explicou Marta Correia, directora da Addvoices - a empresa sediada em Lisboa que "detém" a voz de Sofia e que garante que o essencial é a voz ser educada e trabalhada. Anúncios para rádio, televisão, apresentação de eventos, dobragens de filmes e voz para sites são apenas algumas das possibilidades a explorar. Contudo, segundo Marta, apesar de o "mercado estar em crescimento" e de os clientes "darem cada vez mais importância à voz", ainda é difícil viver apenas desta actividade. Este é o caso de Jorge Nunes, um bancário de 42 anos que se juntou há dois meses à empresa Voz-Off, sediada no Porto, para emprestar a sua voz a um projecto de e-learning. Candidatou-se espontaneamente a um casting e tirou partido da sua experiência em teatro e do facto de "todos os amigos" lhe dizerem que devia tentar a sua sorte. "Descobri a empresa pela Internet e ainda estou a testar as minhas potencialidades e a perder o medo, mas adorava trabalhar nisto a tempo inteiro e poder dar voz em filmes de animação". Renato Cardoso, director da Voz-Off, também criada em 2007, acredita que é uma área com possibilidades de expansão, até porque não há limites para a imaginação. "Já me pediram vozes portuguesas com sotaque angolano e até uma voz de uma rapariga jovem que desse a entender que estava grávida. Não há impossíveis. O importante é ter boa dicção, capacidade plástica e de transmitir sentimentos com melodia", assegurou.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave medo rapariga