PJ investiga "médicos" que convencem doentes a filmar-se
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-04-19
SUMÁRIO: Uma voz que se faz passar por médico telefona a solicitar um exame urgente. Trata a vítima pelo nome e, na conversa, refere pormenores clínicos da suposta doente. Na conversa pede à mulher para filmar as suas partes íntimas e enviar logo que possível as imagens pelo telemóvel. Tudo devido a um tumor grave. Na maioria dos casos, são mulheres que tiveram de se sujeitar a um exame há pouco tempo e estão fragilizadas com a hipótese de uma doença oncológica.
TEXTO: "Quem faz isto deve ter acesso a elementos clínicos, já que na conversa refere pormenores da situação de saúde da pessoa", explica um responsável da Polícia Judiciária (PJ) ao PÚBLICO. O método não é novo. Há vários anos que começaram a aparecer esquemas de alegados testes ao cancro da mama feitos através de telemóvel com intuitos de cariz sexual. Em Novembro de 2008 foram conhecidos dois casos. Na primeira situação, uma mulher que tinha feito um exame de rastreio ao peito recebeu um telefonema da suposta directora do serviço de Oncologia do São João afirmando que tinha vários nódulos nos seios. Tinha de se dirigir ao hospital com a máxima brevidade para uma consulta. Durante a chamada, a doente foi convencida a tirar fotografias ao peito para enviar por MMS. Só não o fez porque o número da alegada médica ficou incontactável. O outro caso envolveu uma mulher de 40 anos, acompanhada no Hospital de Penafiel, que tinha feito um exame ginecológico. Poucos dias depois, a notícia chegava como uma bomba: cancro no colo do útero. Durante três horas, a alegada clínica fez um exame via telefone à vítima e à filha, de 15 anos, com o argumento de que a doença era hereditária. A alegada médica fez com que as duas mulheres fizessem penosas apalpações a várias partes do corpo, em busca de nódulos. A situação repete-se agora com novas queixas, algumas já com alguns meses, noticiadas ontem pelo "Correio da Manhã". A Polícia Judiciária está a investigar vários casos em Aveiro, Coimbra e Viseu, confirmou ontem o PÚBLICO. Mas não há certeza de que em todos eles o suspeito seja o mesmo. A investigação não é fácil, já que os telefonemas, acreditam os investigadores, serão feitos através de telemóveis que funcionam com cartões descartáveis, que depois de cometido o ilícito são inutilizados. Outro inspector aconselha as vítimas a nunca se filmarem em situações como estas.
REFERÊNCIAS:
Entidades PJ