Escuteiros dos EUA querem manter secretas provas de abusos de menores
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.4
DATA: 2010-04-30
SUMÁRIO: O movimento de Escuteiros da América está a batalhar em tribunal para manter em segredo um extenso arquivo de casos de pedofilia cometidos dentro da organização, revela hoje o diário britânico "The Guardian".
TEXTO: Advogados de várias alegadas vítimas – hoje já adultas – requereram que os Escuteiros tornem públicos os documentos, depois de um tribunal do Oregon ter, na semana passada, condenado o movimento a pagar uma indemnização de 18, 5 milhões de dólares ao queixoso Kerry Lewis. Foi a mais elevada indemnização atribuída judicialmente nos Estados Unidos a um único demandante num caso de abuso sexual de menores. Aquele antigo escuteiro acusou um antigo responsável da organização, Timur Dykes, de o ter abusado sexualmente repetidas vezes durante a década de 1980. De acordo com os autos do julgamento, Dykes –que está a ser acusado por outros antigos escuteiros de abusos sexuais – admitiu a prática do crime a um superior nos Escuteiros da América, mas foi-lhe mesmo assim permitido permanecer no movimento, e com funções de supervisão das crianças e adolescentes. Mais de 1. 200 ficheiros relativos a casos de pedofilia foram analisados pelo júri – mas não apensos aos autos – apesar de a organização tudo ter tentado em tribunal para o evitar. Segundo o advogado de Lewis, aqueles documentos eram feitos no âmbito de processos disciplinares para a expulsão de pedófilos no seio do movimento, mas sublinhou que em muitos casos os suspeitos abusadores não foram efectivamente afastados, e só muito raramente eram apresentadas queixas à polícia. Estima-se que os Escuteiros da América, organização com três milhões de membros e que vale milhares de milhões de dólares, possuam mais de seis mil destes “ficheiros de perversões” documentando casos de pedofilia ao longo de décadas, desde mesmo o início dos anos de 1920. O arquivo – guardado a sete chaves na sede do movimento, no Texas – é agora centro de um novo processo, com julgamento marcado para Maio, em que os advogados de várias vítimas de abuso exigem a sua divulgação pública na totalidade. “Eles têm ali 75 anos de ficheiros secretos de pedofilia e foi isso mesmo que as provas demonstraram. Acho mesmo que o facto de aquele arquivo existir, daquela forma, deixou por si só os jurados siderados”, avaliou a advogada de Lewis, Kelly Clark, ao ser anunciada a condenação.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime tribunal sexual abuso