Grupos de direitos humanos condenam associação da UNESCO ao ditador da Guiné Equatorial
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-05-10
SUMÁRIO: Uma coligação de 28 grupos de defesa dos direitos humanos condenou hoje a UNESCO por ter projectado atribuir um prémio patrocinado pelo Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema.
TEXTO: Aqueles grupos disseram que a agência das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura deveria dissociar-se de “um dos mais infames ditadores mundiais”, como o é este homem de 67 anos que há três décadas se encontra no poder. Obiang, que a revista norte-americana “Forbes” já apresentou como o oitavo governante mais rico do mundo, e que depositou centenas de milhões de dólares no Riggs Bank, dos Estados Unidos, tem sido acusado de manipular as eleições e de ser altamente corrupto. O primeiro Prémio de Ciência UNESCO-Obiango, no valor de três milhões de dólares (2, 3 milhões de euros), deverá ser atribuído em Junho, numa altura em que o ditador Obiang se prepara para fazer do seu estado um membro de pleno direito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). na qual tem desde há mais de seis anos o estatuto de observador. Um porta-voz da UNESCO declarou à BBC que a agência nada tem a comentar quanto à tomada de posição dos grupos de defesa dos direitos humanos, pois que a decisão de atribuir o prémio já está tomada desde Abril. Obiang reeleito com 95 por cento dos votosObiang, que chegou ao poder em 1979, derrubando o tio, Francisco Macias, foi reeleito no ano passado com 95 por cento dos votos oficialmente expressos, mantendo-se no poder graças a um forte aparelho repressivo, do qual fazem parte os seus guarda-costas marroquinos. O ano passado um tribunal francês rejeitou um processo que lhe fora intentado por recorrer a fundos públicos para adquirir residências de luxo em solo gaulês. Justificação dos juízes: os chefes de Estado estrangeiros gozam de imunidade, não sendo possível pedir-lhes que prestem contas pelo que fazem na França. “O dinheiro que a UNESCO vai usar deveria ser utilizado para a educação e o bem-estar do povo da Guiné Equatorial, não para a glorificação do seu Presidente”, considerou Tutu Alicante, da organização de direitos humanos EG Justice, com sede em Santa Fé, no estado norte-americano do Novo México. . Os vastos proventos que a Guiné Equatorial recebe da exploração do petróleo e do gás natural poderiam dar uma vida melhor aos 600. 000 habitantes dessa antiga colónia espanhola, mas a verdade é que a maior parte deles vive abaixo da linha de pobreza. A Human Rights Watch considera o regime daquele país africano um dos mais ditatoriais e corruptos de todo o mundo. Na próxima sexta-feira, Alicia Campos, catedrática de Relações Internacionais na Universidade Autónoma de Madrid, orienta no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e do Emprego (ISCTE), em Lisboa, um seminário sobre “Petróleo, estado pós-colonial e abuso do poder na Guiné Equatorial”.
REFERÊNCIAS:
Entidades UNESCO CPLP