Vaga de violência no Quirguistão já fez 170 mortos
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-15
SUMÁRIO: O rasto da maior vaga de violência dos últimos 20 anos no Quirguistão continua hoje a agravar-se, com 170 mortos e mais de 1700 feridos registados até esta manhã, segundo dados do Ministério da Saúde.
TEXTO: Mais de cem mil refugiados, a maioria mulheres, conseguiram fugir para o vizinho Uzbequistão desde o início das violências, quinta-feira, no Sul desta pequena república da Ásia Central, segundo o vice-primeiro ministro do Uzbequistão, Abdullah Aripov, que anunciou ontem o encerramento das fronteiras. A maioria dos mortos, cujo anterior balanço era de 138 vítimas, regista-se em Osh e Jalalabad. O primeiro vice-chefe do governo interino, Almazbek Atambaiev, citado pela agência noticiosa russa Interfax, acusou a família do antigo Presidente Kurmanbek Bakiev, de estar a formentar o conflito com o objectivo de impedir o previsto referendo de 27 de Junho sobre a nova Constituição do país. “Tudo está a ser uma operação cuidadosamente preparada pelos inimigos do governo interino. O objectivo é derrubar as novas autoridades e fazer abortar o referendo. Todas estas medidas foram financiadas pela família, particularmente pelo filho mais novo de Bakiev, Maxim”, disse Atambaiev à imprensa, na capital, Bishkek. Maxim Bakiev foi ontem detido pelas autoridades britânicas ao chegar ao aeroporto de Farnborough, Hampshire, num aparelho fretado, contou o chefe da segurança nacional do Quirguistão, Keneshbek Duishebayev. O pai, exilado na Bielorússia, tem vindo a desmentir as acusações de envolvimento nesta grave crise, que já levou o vizinho Uzbequistão a fechar a fronteira comum, por não conseguir receber mais refugiados. “Os assassínios não são cometidos por quirguizes ou uzbeques, mas sim por mercenários e franco-atiradores”, afirmou Gulnara Kasimova, residente na aldeia de Tyit village, perto de Jalalabad, hoje contactado telefonicamente pelo semanário económico “Bloomberg”. E logo acrescentou que entre as centenas de mortos há tanto quirguizes como uzbeques, as duas etnias que partilham a região meridional do país, no vale de Fergana. Trata-se da mais forte vioLência que se verifica no Sul do Quirguistão desde que em 1990 o então dirigente soviético Mikhail Gorbatchov para ali enviou tropas, depois de centenas de pessoas terem sido mortas num conflito iniciado por causa da posse de terras. O enviado especial das Nações Unidas, Miroslav Jenca, confirmou que o número de refugiados já estava a atingir os 100. 000 quando as autoridades uzbeques decidiram que seria melhor fechar a fronteira, por não terem capacidades de alojamento para tanta gente. E tanto a ONU como o Comité Internacional da Cruz Vermelha terão agora de organizar corredores humanitários para fazer face a um problema que de dia para dia se agrava, desde que tudo começou a meio da semana passada. As duas maiores potências mundiais, os Estados Unidos e a Rússia, estão profundamente preocupadas com a situação, pois ambas têm bases em território do Quirguistão. E o mesmo acontece com a China, que é um país vizinho e também se manifesta inquieta com este tremendo foco de agitação no interior da Ásia. Esta ameaça de guerra civil está a colocar um desafio à Organização do Tratado de Segurança Colectiva, que congrega a Rússia e uma série de outras repúblicas que pertenceram à União Soviética. Moscovo só muito parcialmente está a responder aos pedidos de ajuda urgente formulados pelas autoridades quirguizes, não querendo avançar senão depois de demoradas consultas com os seus parceiros nesse conjunto de países, sendo que nem todos encaram o problema da mesma maneira, antes estando divididos por profundas rivalidades. A Casa Branca também já disse que está em comunicação com o Kremlin, nomeadamente tendo em conta a existência no Quirguistão da base aérea norte-americana de Manas, utilizada como rectaguarda para as operações no Afeganistão. A União Europeia, a Turquia e o Paquistão têm sido outras entidades preocupadas com o que se está a passar, pois que todas elas se deparam com a necessidade de retirar cidadãos seus do país montanhoso que está a ser devastado e onde o líder da comunidade uzbeque, Zhalidin Salakhuddinov, já declarou que o número de mortos será muito maior do que os 170 oficialmente por enquanto reconhecidos. notícia actualizada às 10h25
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU