E-mail xenófobo ataca emigrantes no Luxemburgo
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-18
SUMÁRIO: A comunidade portuguesa residente no Luxemburgo foi ontem confrontada com a divulgação de um email de teor xenófobo, que terá, alegadamente, origem na polícia luxemburguesa. O Governo luxemburguês já instaurou um inquérito.
TEXTO: No email, os autores desafiam os luxemburgueses a partir “ilegalmente para o Paquistão, Afeganistão, Iraque, Nigéria, Turquia ou Portugal”. “Quando entrarem no país exija às autoridades locais assistência médica gratuita para si e para toda a sua família”, “Insista para que todos os funcionários da Caixa de Saúde falem luxemburguês”, “Pendure uma bandeira do seu país ocidental na janela” e “Conduza sem carta de condução” são outros dos desafios propostos no e-mail. No texto, os portugueses são, entre outras coisas, acusados de terem múltiplas mulheres, de guiarem sem seguro e de abusarem da "hospitalidade" luxemburguesa. Para terminar, os autores do texto afirmam que “no Luxemburgo tudo isto é possível porque somos governados por idiotas politicamente correctos”. Segundo o jornal "i", a mensagem original terá partido da Alemanha e pode ter ligações a um grupo neonazi. Depois, terá chegado ao Luxemburgo e a elementos da Direcção-Geral da Polícia do Grão-Ducado. O documento mereceu já algumas declarações. Na quarta-feira, o deputado de Os Verdes luxemburgueses, Camille Gira, interpelou o Governo sobre este texto, que terá tido origem e sido distribuído por elementos da polícia luxemburguesa de trânsito Grand-Ducale, tendo o Executivo do Luxemburgo decidido abrir um inquérito. O eurodeputado do PS, Paulo Pisco, transmitiu a sua "indignação e repúdio pelas palavras ofensivas" e escreveu uma carta ao embaixador do Luxemburgo em Lisboa, a quem pede para “transmitir ao Governo do Grão-Ducado” a sua “indignação e repúdio pelas palavras ofensivas” do email. “Os portugueses no Luxemburgo são um elemento essencial da sociedade luxemburguesa. Estão bem integrados e são um contributo decisivo para a criação de riqueza” no país, disse à Lusa. Também o dirigente associativo no Luxemburgo Coimbra de Matos classificou a mensagem como uma "brincadeira de mau gosto". "Uma situação grave que não deveria acontecer num país de direito", frisou. Andrée Colas, conselheira do ministro do Interior luxemburguês, desvalorizou a situação, referindo que o e-mail "não era propriamente um texto xenófobo ou racista". Apesar disso, o ministro "já falou com o director da polícia luxemburguesa", pedindo uma "investigação interna do caso". “O texto desafia os luxemburgueses a irem viver em outros países [entre os quais Portugal] para perceber se também seriam tão bem tratados e acolhidos como o são as comunidades imigrantes no Luxemburgo nesta condições”, explicou a responsável. Andrée Colas adiantou que o ministro do Interior do Luxemburgo, Jean-Marie Halsdorf, “reagiu de imediato à interpelação e já falou com o director da polícia luxemburguesa”, tendo-lhe pedido uma “investigação interna do caso”, uma vez que há suspeitas de que o email poderá ter tido origem na própria polícia do Luxemburgo. O Ministério Público do Luxemburgo também já foi contactado e está a desenvolver as diligências necessárias, acrescentou a mesma fonte. Citado pelo jornal "i", o embaixador português, Manuel Pessanha Viegas, garantiu que na próxima semana vai enviar uma nota às autoridades oficiais do Ministério dos Negócios Estrangeiros luxemburgueses, para chamar a atenção para os "termos completamente inaceitáveis do email".
REFERÊNCIAS:
Partidos PS