Crise do Quirguistão já causou 400 mil deslocados e refugiados
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Refugiados Pontuação: 16 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-18
SUMÁRIO: A vaga de violência no Sul da ex-república soviética do Quirguistão, um boião de etnias e clãs rivais com uma história de rivalidade e conflitos, causou já em uma semana pelo menos 400 mil deslocados e refugiados, em novo cálculo revelado pelas Nações Unidas.
TEXTO: “A nossa estimativa é que o número de pessoas deslocadas no país ronda as 300 mil, a que se juntam entre 75 mil e 100 mil outras, contando apenas os adultos, que encontraram refúgio no Uzbequistão”, precisou a porta-voz do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários, Elisabeth Byrs, com base nos dados obtidos pelas agências das Nações Unidas a operar no terreno. O agravamento da situação no Quirguistão foi avaliado pela Cruz Vermelha como uma “enorme crise humanitária” – ecoando os sinais de alarme dados já na véspera pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, que avaliou estar-se perante uma “tragédia” com vasto potencial de se transformar numa “catástrofe”. Esta crise eclodiu na noite de quinta-feira passada, quando tumultos localizados entre membros da etnia quirguize (maioritária no país) e outros da etnia uzbeque (entre os 15 e os 25 por cento da população) rapidamente evoluíram para trocas de tiro e batalhas campais nas ruas de Och e Jalalabad, as duas principais cidades do Sul do país. Apesar da chegada à região de unidades de polícia e veículos armados militares no dia seguinte, a situação não aclamou, antes se deteriorou nos dias seguintes, – estando ainda longe de retroceder –, com refugiados a testemunharem uma perseguição cerrada à etnia uzbeque, com as suas casas e lojas a serem incendiadas, as pessoas a serem mortas aleatoriamente durante a fuga, as mulheres violadas. Muitas destas testemunhas sustentam que, logo atrás da coluna paramilitar, surgiram milícias armadas que prontamente lançaram uma campanha de “aniquilação” dos quirguizes uzbeques. Esta ideia foi confirmada pelas Nações Unidas esta semana, quando o alto-comissário para os Direitos Humanos, Navi Pillay, sublinhou existirem “fortes indicações de que o que se está a passar não foi provocado por um confronto interétnico espontâneo, antes tem na origem algo a certo nível orquestrado e muito bem planeado com um alvo definido”. O governo interino quirguize, no poder desde a revolta popular de Abril, tem mantido que esta vaga de violência é instigada e financiada pela família do Presidente deposto, Kurmanbek Bakiev – cujo bastião de apoio se centra no Sul do país. As autoridades sustentam que o objectivo destes “ataques criminosos” é o de mergulhar o país no caos e impedir a realização do referendo constitucional agendado para 27 de Junho – tendo ontem mesmo garantido que não será feita qualquer mudança a este calendário.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU