Opinião de Teresa de Sousa: O meu coração balança
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-22
SUMÁRIO: Só quem não sabe que, na França, não há reformas, apenas revoluções, é que se pode espantar com o que se passa com os Bleus.
TEXTO: Domenech não serve? Há uma revolta. É pena que o mesmo método não tenha sido aplicado ao árbitro francês que conseguiu a proeza de expulsar Kaká depois de largos milhões de pessoas terem assistido em directo às violentas caneladas (algumas de fazer arrepiar) dos jogadores da Costa do Marfim aos jogadores brasileiros. Du jamais vue, como diriam os franceses. Que infelizmente o árbitro parece que não viu. Explicação? Continuando no campo da "análise política", porque na Costa do Marfim se fala francês? Porque fazem parte da Françafrique? E agora, quem corrige o erro?Diríamos nós que eliminar Kaká do jogo contra Portugal foi uma generosa oferta do árbitro francês. Perdoem-me que discorde. Confesso as minhas inclinações. O meu coração balança. Não me importaria nada de ver o Brasil ganhar o Mundial. Joga com "estilo e substância", escrevia um jornal espanhol. Outros dizem que menos estilo e mais eficácia. Por mim, acho que está lá tudo. Gosto do sorriso dos jogadores. Do seu empenho. Da forma como os brasileiros sabem festejar cada oportunidade, cada golo, cada esperança, cada vitória. Nunca me esquecerei da Avenida Paulista na festa do Mundial de 94. Sabem fazê-lo civilizadamente. E nós? Estava com um mau pressentimento para este Portugal-Coreia do Norte. Escrevo esta crónica enquanto a selecção está a jogar. Um olho no ecrã do computador e outro no da televisão. Os golos sucedem-se a um ritmo de cortar a respiração. Já lá vão quatro. Cinco. Seis. Sete. Pode pedir-se mais? Não sei. Só sei que o meu coração balança. Tenho o mais maravilhoso dos pretextos para torcer pelo Brasil. Nasceu-me mais uma neta no Rio de Janeiro. A sua primeira identidade será brasileira, só depois poderá pedir as outras duas a que tem direito: portuguesa e britânica. Da última vez que fiz "skype" com o Rio, a minha neta mais velha dançava diante da câmara com a sua linda bandolete da selecção brasileira, cantando "Brasil, Brasil" já com aquele jeitinho brasileiro irresistível. Nenhuma delas é menos portuguesa ou inglesa por isso. Nem eu. Mas o Brasil, às vezes, é irresistível. Tão irresistível como o sorriso e a passada de Ronaldo. Vamos ver. Talvez baste que a vitória se diga em português. P. S. : Por trás de cada jogador da Coreia do Norte está o regime mais inumano do mundo, responsável pelo vago sabor amargo da vitória portuguesa.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave campo marfim