Cavaco elogia aposta em projectos portuários e defende marinha mercante mais forte
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DATA: 2010-07-08
SUMÁRIO: Em Cabo Verde, o Presidente visitou o cluster do mar e expressou admiração pelos que tentam transformar o oceano numa ponte de comunicação de acesso fácil.
TEXTO: Onde há cerca de dois anos aterravam aviões na Ilha de Santiago, em Cabo Verde, ontem o Presidente da República, Cavaco Silva, passou de camioneta. A pista do antigo aeroporto da Praia é agora uma via rápida com vias para cada lado, que faz a ligação ao novo terminal aéreo e ao porto marítimo que está a ser profundamente requalificado. A antiga torre de controlo - que ainda lá está - alberga agora o Instituto Nacional de Meteorologia e a Protecção Civil. Neste curto espaço de terra se resume a profunda alteração que Cabo Verde tenta operar nos objectivos de desenvolvimento daquele país, que Cavaco Silva olha com admiração e ontem tentou dar visibilidade para Portugal. Como que dizendo que também Portugal devia estar a fazer a mesma aposta. Essa aposta resumiu-se bem numa frase do discurso do presidente da Câmara de São Vicente durante a passagem de Cavaco Silva. Augusto Alves prometeu "transformar o oceano Atlântico numa ponte de comunicação de fácil acesso, transformar o oceano num rio". A passagem pelo estaleiro do porto da Praia foi a primeira paragem da agenda do Presidente português, que ontem se centrou na economia do mar. Arrancadas no mês passado, as obras vão fazer crescer os cais, aumentar a profundidade do porto, a capacidade de armazenamento. O objectivo é permitir, no final, a atracagem de três navios de longo curso em simultâneo. Ao todo, são 300 milhões de dólares de investimento - o financiamento é norte-americano - mas que incluem a requalificação de mais dois portos em Cabo Verde. Mas a requalificação dos portos é apenas um dos aspectos do denominado "cluster do mar" que Cabo Verde quer fazer avançar. E que fez a ministra das Finanças, Cristina Duarte, brilhar perante Cavaco Silva. Foi a governante que fez a apresentação da nova "visão estratégica" para o arquipélago. Mas já antes fizera rir o Presidente português quando o director da administração dos portos, Franquelim Spencer, elogiou a disponibilidade do Governo em investir: "Pois, eu mobilizo os recursos e o engenheiro Franquelim gasta. É mais fácil gastar que mobilizar", desabafou Cristina Duarte. Mais tarde explicou perante Cavaco o que era exactamente o cluster. "Somos mais mar e céu que terra", começou por dizer, antes de precisar que isso significava turismo, pescas, transportes e cultura, devido à "localização geoestratégica" de Cabo Verde. A intenção era fazer da cidade do Mindelo, em São Vicente, na "gateway para África, um centro internacional de pescas, e um outro de investigação oceanográfica", resumiu. Já antes Cavaco Silva explicara a importância que dava a projectos como a expansão dos portos, aproveitando para mandar um recado para Portugal: "Esperamos que o sector portuário depois impulsione a criação de uma verdadeira Marinha Mercante nestes países, incluindo em Portugal. Por forma a que quem quer mandar carga do Brasil não tenha de passar por Roterdão". A aula de economiaA apresentação da ministra das Finanças de Cabo Verde resultou num dos momentos do dia, quando esta responsável começou a explicar a forma como o executivo tinha decidido enfrentar a crise. Cavaco Silva acenava a cabeça em sinal de aprovação, especialmente quando Cristina Duarte explicou que, quando a crise chegou, em 2007, Cabo Verde tinha a "meia cheia", não precisando o Estado de se endividar para ajudar o país a enfrentar o embate. Foi por isso que optaram por reduzir a taxa tributária em 2008, nalguns casos em cinco por cento. "Se estivesse numa aula de Economia, já tinha chumbado, mas como isto é a realidade. . . " O jornalista viajou em avião fretado pela Presidência da República
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura