Relatório da SaeR revela que a Europa pode voltar a cair em recessão
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DATA: 2010-07-14
SUMÁRIO: Relatório de Junho alerta para possibilidade de uma nova recessão e para a falta de uma política orçamental comum na Europa.
TEXTO: O relatório mensal da SaeR (Sociedade de Avaliação Estratégica e Risco), hoje apresentado, considera que a Europa vive um período “conturbado e perigoso” e alerta mesmo para a possibilidade de o continente voltar a entrar em recessão, “em especial se for detonada por uma grave crise cambial”. De acordo com o relatório, a crise que a Europa vive é perigosa inclusive para a própria unidade política, com a moeda única a ser colocada em causa. Para a SaeR, “a existência de uma moeda única dificulta a organização de uma resposta comum para o problema, visto não haver uma política orçamental e poder comuns”. Em relação à evolução da economia, o relatório adianta que o crescimento económico chinês, bastante superior ao previsto para os países da União Europeia, poderá “significar diversos cenários, como, por exemplo, uma double-dip recession (recessão em W), em especial se for detonada por uma grave crise cambial - a implosão do euro, por exemplo”, escrevem Ernâni Lopes e José Poças Esteves. O documento destaca ainda que “o perigo de balcanização europeia existe e é delicado para Portugal, que enfrenta as condicionantes geográficas de apenas ter fronteiras terrestres com Espanha, um dos Estados que padecem do risco de desintegração política”. Na apresentação do relatório, Ernâni Lopes, presidente da SaeR e ex-ministro das Finanças, também admitiu a possibilidade de o país voltar a cair na recessão, mesmo reconhecendo não ter bases para afirmar isso. Questionado sobre as previsões do Banco de Portugal anunciadas ontem, Ernâni Lopes afirma que “não há nada de pesado e é natural a queda do PIB. Se fosse uma subida isso sim seria extraordinário”. Medidas urgentes para reduzir a despesaDe acordo com o relatório, no caso específico português, existia já uma crise própria, que foi amplificada pelos choques entre a crise americana e europeia, o que forma “uma crise de intensidade e efeitos inéditos”, pois Portugal não consegue neste momento encontrar pontos de apoio no exterior para criar políticas de recuperação, revela o documento. O relatório adianta ainda que “a crise portuguesa exemplifica o que são as consequências da violação da disciplina do euro, quando essa violação é utilizada para financiar estratégias políticas de preferência distributiva, assumindo os responsáveis políticos (e os seus eleitores) que as despesas com as políticas sociais poderiam ser mantidas com recurso ao endividamento, sem ter de haver recuperação da competitividade e restabelecimento do equilíbrio nas relações comerciais com o exterior”. Ernâni Lopes defendeu aqui a criação de “mecanismos profundamente inovadores de reconfiguração da dívida”, o que implicará “uma revisão, de alto-a-baixo, da fundamentação doutrinal e da cobertura ideológica dos modelos neo-liberais do século passado”. Para o ex-ministro das Finanças, a actual crise “mostrará, ou já está a mostrar, as vicissitudes do chamado «modelo social europeu» mas, sobretudo, a consequente necessidade de o alterar profundamente para que possa sobreviver”. Para Ernâni Lopes, é urgente tomar medidas exigentes para reduzir o excesso de despesa. Para isso, só existem duas vias: por um lado, “um aumento dramático dos impostos e outra, que é a que eu prefiro, é que numa situação de verdadeira urgência como é a actual, reduzir os rendimentos como fez a Irlanda”. Ernâni Lopes reafirma assim a sua proposta de reduzir 15 a 20 por cento o rendimento dos funcionários públicos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave social violação chinês