Cavaco defende uma parceria estratégica para facilitar negócios
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-07-20
SUMÁRIO: O Presidente queria resolver "questões pendentes", Eduardo dos Santos lembrou a necessidade de definir objectivos e prioridades.
TEXTO: No primeiro dia da visita de Estado a Angola, o Presidente da República foi directo ao assunto. Quer que os angolanos aceitem criar os mecanismos necessários para facilitar a vida aos portugueses que têm negócios naquele país. Perante os deputados angolanos, para quem discursou numa reunião extraordinária, Cavaco Silva convidou Angola a avançar com a "consagração institucional" de uma parceria estratégica que, na sua opinião, só não existe em papel. Mas esse documento permitiria, segundo o Presidente, "mais facilmente resolver questões pendentes". "Uma parceria estratégica, que, através dos seus mecanismos de diálogo técnico e político, nos permita mais facilmente resolver questões pendentes e traçar rumos para o futuro", disse Cavaco Silva. O chefe de Estado português lembrou depois aos representantes angolanos que os empresários portugueses eram os que há mais tempo se haviam estabelecido naquele país africano, inclusive no interior. Por trás do apelo estava a necessidade de uma "certeza jurídica" ainda em falta. O Presidente referia-se ao atraso na aprovação de um acordo sobre protecção de investimentos a que faltava a ratificação pela Assembleia Nacional. O tiro de partida foi disparado logo à chegada a Angola, numa mensagem gravada para o site da Presidência. "Vários empresários, um largo número de empresários, encontra-se aqui em Angola, muitos empregos de portugueses dependem deste mercado", disse o chefe de Estado. "É minha convicção de que não apenas Portugal beneficia desta intensidade de relações comerciais, mas também Angola. Os empresários portugueses estão a contribuir para o desenvolvimento económico e social de Angola, para a melhoria das condições de vida da sua população. "José Eduardo dos Santos mostrou-se em sintonia com a proposta de Cavaco Silva, reconhecendo existirem "bases sólidas" para institucionalzar uma parceria estratégica com Portugal. Para o Presidente angolano faltava apenas definir objectivos, prioridades e um figurino jurídico, uma vez que a "cooperação entre os dois países se estende já a praticamente todos os domínios". Cavaco Silva voltou a insistir no tema da língua portuguesa, como tinha feito há semanas, na visita a Cabo Verde. "Não podemos desperdiçar por mais tempo as enormes potencialidades que o facto de partilharmos a mesma língua coloca ao nosso alcance", frisou Cavaco Silva, numa intervenção na Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto. Em causa estava uma das bandeiras do Presidente: "É do interesse de todos e de cada um dos nossos países que continuemos, se possível com maior dinamismo, o trabalho até aqui já realizado com vista à afirmação internacional da língua portuguesa, em particular no quadro das Nações Unidas, onde ela justifica há muito o estatuto de língua oficial", afirmou. No primeiro dia da visita de Estado houve também espaço para homenagens. O presidente da Assembleia Nacional de Angola elogiou Cavaco pela importância do papel de Portugal na mediação dos acordos de paz de Bicesse, em 1991, quando o actual Presidente português era primeiro-ministro. Paulo Kassoma sublinhou mesmo que esse esforço levou, em última instância, à instituição do regime democrático em Angola e à criação da Assembleia Nacional angolana. Os acordos então assinados entre o MPLA e a UNITA permitiram a realização de eleições, às quais se seguiu um período de extrema violência entre as duas forças. "Apesar do posterior reacender do conflito, podemos dizer que esta Assembleia Nacional, enquanto instituição do regime democrático de Angola, é em última instância produto daqueles acordos, os quais Portugal e, em especial, vossa Excelência não só testemunharam, como deram uma prestimosa contribuição à paz em Angola", disse Paulo Kassoma. Já Cavaco Silva condecorou o bispo emérito de Luanda, D. Alexandre do Nascimento, devido aos seus esforços pela reconciliação nacional e apoio aos mais desfavorecidos. "Pude testemunhar o empenho de D. Alexandre do Nascimento na procura da paz. O seu nome ficará inscrito nas páginas nobres da história de Angola", afirmou o Presidente. Antes disso, havia já depositado uma coroa de flores no Largo da Independência, em homenagem a Agostinho Neto, o primeiro Presidente de Angola. Grupo de trabalho para vistosUm "problema" empolado, mas um "problema" para resolver. Na visita de Cavaco Silva, voltou a surgir a questão da obtenção de vistos. Foi o chefe de Estado que anunciou a criação de um grupo de trabalho, mas para depois defender que o "problema" não era assim tão sério. "Constituiremos um grupo de trabalho para resolver o problema da concessão de vistos", confirmou Cavaco Silva. Mas ambos os chefes de Estado tentaram desvalorizar a questão, dando a entender que os problemas nesta matéria eram empolados pela comunicação social. "As dificuldades são menores do que às vezes se diz. Ontem mesmo constatei isso em conversa com o embaixador", afirmou o Presidente português. José Eduardo dos Santos afirmou, por seu turno, que "basta ver os aviões que vão e vêm de Portugal completamente lotados".
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano