Nick Clegg afirmou nos Comuns que a invasão do Iraque foi ilegal
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DATA: 2010-07-22
SUMÁRIO: O vice-primeiro-ministro britânico, Nick Clegg, foi ontem à noite obrigado a esclarecer a sua posição depois de ter dito nos Comuns que a invasão do Iraque fora ilegal.
TEXTO: O líder dos liberais afirmou mais tarde que falava a título meramente pessoal, mas um destacado jurista internacional, Philippe Sands, avisou que uma declaração de um ministro em sede parlamentar aumenta as hipóteses de serem formuladas acusações contra o Reino Unido em tribunais internacionais. Sands, professor de Direito no University College, de Londres, disse: "Uma declaração pública de um ministro no Parlamento é uma declaração em que um tribunal internacional estaria interessado, ao formar uma opinião sobre se a guerra foi ou não legal”. A polémica surgiu depois de uma actuação infeliz de Nick Clegg na Câmara dos Comuns, onde apareceu a substituir o primeiro-ministro David Cameron numa sessão de perguntas ao Governo. O número dois do gabinete anunciou o encerramento do centro de Yarl's Wood , que deixa de deter crianças à espera de deportação. E logo a seguir o Ministério do Interior foi obrigado a emitir um comunicado em que se explica que a unidade familiar de Yarl’s Wood encerra, mas que o resto do centro permanece aberto, pelo que a forma como a questão fora apresentada no Parlamento não se encontrava inteiramente correcta. "Invasão ilegal do Iraque"Pouco antes desse caso, Nick Clegg lançara uma grande confusão quanto à posição do Governo sobre a legalidade da guerra do Iraque, quando no fim de uma acesa troca de palavras com Jack Straw, que era o ministro trabalhista dos Negócios Estrangeiros na altura da guerra no Iraque, afirmou: “Poderemos ter de aguardar pelas suas memórias, mas talvez um dia responda pelo seu papel na mais desastrosa decisão de todas, a da invasão ilegal do Iraque”. O vice-primeiro-ministro pareceu esquecer-se que estava ali em nome do primeiro-ministro David Cameron, pelo que todas as suas palavras poderiam ser interpretadas como um reconhecimento oficial pelo Reino Unido de que a intervenção militar de há sete anos foi ilegal. Downing Street apressou-se a minimizar a questão distribuindo um comunicado a dizer que o governante apenas expressava a sua opinião pessoal sobre o conflito, estando o Governo a aguardar as conclusões do inquérito Chilcot antes de se pronunciar sobre a guerra contra o regime de Saddam Hussein. Cameron em WashingtonCameron, que na realidade votou ao lado dos trabalhistas, a favor da guerra, estava ontem em Washington, quando Nick Clegg foi ao Parlamento para o representar, tendo isto servido para demonstrar as profundas contradições existentes entre as duas forças políticas que se coligaram para formar o actual Governo do Reino Unido. "O Governo de coligação não expressou uma opinião sobre a legalidade ou qualquer outro aspecto do conflito no Iraque”, disse o porta-voz de Downing Street, como que a apagar o fogo ateado pelo chefe dos liberais. Clegg pareceu na altura não se ter apercebido de que destacados conservadores haviam votado a favor da guerra, incluindo George Osborne, ministro das Finanças, e William Hague, ministro dos Negócios Estrangeiros, ali sentados ao seu lado.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra tribunal deportação ilegal