Ser americano devia ser um privilégio e não um direito
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -0.07
DATA: 2010-08-01
SUMÁRIO: Deus abençoe a América. Assim reza um patriota americano, tantas vezes quanto as que forem necessárias, embora talvez devesse dizer "Deus continue a abençoar a América", porque acredita que não há país como o seu.
TEXTO: Sexta-feira à noite, frente ao Senado do Arizona, em Phoenix, não faltaram sinais do fervor patriótico, na primeira demonstração de apoio à lei anti-imigração ilegal desde que na quarta-feira uma juíza federal reduziu substancialmente a legislação que iria entrar em vigor. Empunhando bandeiras americanas e t-shirts "Proud to be an American", as pessoas que acorreram à vigília promovida pelo senador republicano Russell Pearce são como que um lugar na primeira fila para a América do populismo e do ressentimento (não há outra maneira de dizê-lo). Não é uma amostra muito lata, porque a participação ficou aquém das expectativas; estavam cerca de 60 pessoas, menos de um terço das cadeiras de plástico que improvisavam um auditório frente ao Senado, no lado oposto ao relvado onde famílias mexicanas levaram a cabo uma vigília de mais de 100 dias contra a lei do Arizona. À medida que iam chegando, os participantes cumprimentavam-se uns aos outros. Classe baixa e média, muitos reformados, e pelo menos duas armas à cintura. A confirmação dos piores preconceitos sobre uma América provinciana e paranóica, a transpirar no calor quase subtropical do Arizona. A vigília pretendia homenagear os agentes que morreram lutando contra a imigração ilegal ou que foram mortos por imigrantes ilegais, embora nenhum dos oradores tenha mencionado quais ou quantos. A cerimónia teve os contornos de um serviço religioso: citações bíblicas, procissão de velas e sermões de reconciliação (o reverendo afro-americano Wayne Perryman, de Seattle, que recentemente veio em defesa do Tea Party, dizendo que este movimento não era racista, e que o verdadeiro racismo está no Partido Democrata, falou de "construir uma sociedade pacífica para todos"). Três adjuntos do xerife abriram a vigília marchando com a bandeira americana até ao palco, com a assistência de pé. Sharon Smith, mão direita sobre o peito, juntou-se ao coro que prestou o juramento da bandeira. Sharon, t-shirt dos Tea Party Patriots, veio de Scottsdale, uma cidade a 20 minutos de Phoenix onde vive o Arizona próspero, classe média-alta. Maquilhada, rabo de cavalo, óculos, mala Louis Vuitton, Sharon Smith parece uma versão um pouco mais sofisticada de Sarah Palin. Contra ObamaDurante a vigília, nenhum dos oradores mencionou a lei SB 1070 ou a decisão da juíza, apesar de ser o assunto central nas conversas. Uma mulher obesa trazia uma t-shirt laranja que dizia "Viva los 1070". Sharon, assertiva, apresenta-se como "uma grande apoiante da lei 1070". "Acredito que se quer vir para este país, tem de o fazer da maneira correcta. As coisas nunca teriam chegado a este ponto se tivéssemos procurado proteger as nossas fronteiras e não fôssemos tão permissivos em matéria de imigração. Temos deixado andar. Mas agora que o nosso país está em perigo - estamos em queda enquanto país e enquanto país livre -, as pessoas estão a aperceber-se de que a imigração é um grande problema. " No ano passado, alega Sharon, os imigrantes ilegais custaram aos contribuintes 2, 7 mil milhões de dólares em assistência médica e educação, serviços que receberam gratuitamente porque não têm de pagar impostos. E isso só no Arizona. "Na Califórnia foram dez mil milhões, para que saiba. " (O PÚBLICO entrevistou um casal mexicano que entrou ilegalmente nos EUA e que paga as contribuições para a segurança social, embora não tenha direito a assistência médica. ) "As leis de imigração noutros países são muito mais restritivas do que aqui. Devíamos ter sido restritivos desde o começo. "
REFERÊNCIAS: