Número de afectados pelas chuvas no Paquistão sobe para 15 milhões
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-08-09
SUMÁRIO: Mais de 1600 mortos, 15 milhões de pessoas afectadas, 650 mil casas destruídas, pelo menos 550 mil hectares de terra agrícola alagada. As cheias no Paquistão, as piores dos últimos 80 anos, não dão sinais de abrandar.
TEXTO: O primeiro-ministro Yousuf Raza Gilani esteve a acompanhar as operações de salvamento, e disse que ainda não é possível calcular os estragos. “Peço ao mundo que nos ajude. Estamos a fazer tudo o que podemos. ”Embarcações da Marinha paquistanesa tentavam ontem resgatar sobreviventes na província de Sindh, Sudeste do país, onde as águas do rio Indus galgaram as margens e uma barragem transbordou. O alerta vermelho foi decretado na região e as barragens de Tarbela a Mangla atingiram também o nível máximo. Nos próximos dois dias a situação não deverá abrandar, uma vez que as previsões apontam para fortes chuvas. “Espero que estas águas desapareçam. Quero regressar”, disse à Reuters Sakina, uma das muitas mulheres que tentam fugir às cheias e entrar nos barcos da Marinha, por vezes com crianças ou sacos de roupas. Até galinhas, dos poucos animais que se conseguem salvar. As inundações já terão matado cerca de 10 mil vacas. Mohammad Saleem perdeu tudo na aldeia de Kot Addu. “Não recebemos qualquer ajuda do Governo ou de fora, e tenho a certeza de que a ajuda estrangeira não chegará até nós”, disse à Reuters. Ele é um dos muitos paquistaneses que critica a forma como o Governo tem lidado com a catástrofe, numa altura em que o Presidente Asif Ali Zardari está a ser contestado por ter mantido uma viagem à Europa em vez de ficar no país. No Reino Unido, onde Zardari se encontrou no sábado em Birmingham com apoiantes do Partido do Povo do Paquistão, chegou a haver protestos e do lado de fora da reunião ouviu-se: “Go Zardari, go!” Lá dentro um homem tentou atirar-lhe com um sapato mas foi travado a tempo pela segurança. Zardari é também criticado por manter a viagem ao Reino Unido depois de o primeiro-ministro britânico, David Cameron, ter sugerido, durante uma visita à Índia, que o Paquistão “promove a exportação do terrorismo”. Zardari, dizia o diário paquistanês Dawn em editorial, “parece ter desvalorizado o impacto que esta visita terá para a sua imagem enquanto Chefe de Estado. ”Extremistas no terrenoNo Noroeste do Paquistão está a ser distribuída ajuda humanitária pelo grupo de militantes islamistas Jamaat-ud-Dawa, com ligações à organização extremista Lashkar-e-Taiba, responsabilizada pelos ataques de Bombaim que, em Novembro de 2008, mataram mais de 160 pessoas. “Um dos grandes problemas é que, enquanto o Governo de Zardari e a comunidade internacional lutam para concertar a sua actuação, os militantes islamistas estão no terreno a ajudar”, disse à Reuters o analista Bruce Riedel, do Brookings Institute em Washington. O Jamaat-ud-Dawa está na lista de grupos terroristas da ONU. Nos últimos dias tem distribuído ajuda em Charsadda, Noroeste do país, incluindo alimentos e um serviço de ambulância para socorrer as vítimas, esceveu o Christian Science Monitor, que adiantou: “Através da ajuda humanitária, conquistam corações e mentes numa região ameaçada pela militância islamista e os taliban. ” Um dos voluntários no campo de Charsadd, Hajji Makbool Shah, de 55 anos, disse: “Se o Governo tivesse a fazer o seu trabalho, nós não seríamos precisos. Onde é que estão as ambulâncias do Governo?”
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU