BES ganha dois novos parceiros para reforçar aposta em África
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DATA: 2010-08-10
SUMÁRIO: O Banco Espírito Santo (BES) anunciou ontem ao início da tarde que estabeleceu com dois dos maiores bancos brasileiros - Banco do Brasil e Bradesco - um entendimento estratégico para operarem em conjunto nos mercados africanos.
TEXTO: Esta parceria, que será articulada através do BES África, surge no âmbito do projecto de internacionalização do grupo liderado por Ricardo Salgado, que está centrado no triângulo Portugal, Brasil e África e que foi traçado no início da década. O Bradesco (que mantém participações cruzadas com o BES) e o Banco do Brasil vão entrar no capital do BES África, onde deverão assumir uma posição global inferior a 50 por cento, pelo que o BES manterá o controlo da holding. Na sequência desta entrada de capital, serão realizados os necessários ajustamentos nos órgãos sociais do BES África, que é liderado pelo presidente do grupo português, Ricardo Salgado, e que irá acolher representantes dos novos parceiros brasileiros. Os presidentes das três instituições envolvidas no negócio foram ontem recebidas pelo Presidente do Brasil, Lula da Silva. Em declarações ao PÚBLICO, o presidente do BES explicou que a operação anunciada "potencia, de forma extraordinária, o desenvolvimento da estratégia" definida pelo grupo e que está "centrada no triângulo Portugal, Brasil e África". O entendimento permitirá, "de forma significativa, desenvolver investimentos em África", nomeadamente em Angola, Moçambique e Cabo Verde, sem excluir investimentos noutros mercados africanos. Plataforma não é exclusivaRicardo Salgado evidenciou que a parceria luso-brasileira será "articulada através do Banco Espírito Santo e do BES África e será "uma realidade importante para as empresas portuguesas, brasileiras e africanas". Em todo o caso, o banqueiro sublinhou que "a plataforma" criada em torno do BES África "não é exclusiva no sentido em que cada banco (BES, Banco do Brasil e Bradesco) pode continuar a desenvolver os seus próprios negócios" no continente. Em simultâneo, os três bancos luso-brasileiros vão estender a parceria "a sócios africanos que serão encontrados ao nível dos países e das autoridades locais". Uma prática que é, em muito países, condição essencial para permitir a entrada de capital estrangeiro. O caminho de expansão foi traçado em 2000 e 2001, quando o BES anunciou a intenção de se internacionalizar, projecto que, segundo Salgado, se tem vindo a confirmar. Uma "dimensão" que, lembra, requer capitais significativos. Já este ano, o BES anunciou um conjunto de parcerias e de negócios internacionais que não se esgotaram no triângulo Portugal, Brasil e África, e que assumem várias formas: compra do controlo ou de partes de empresas, abertura de filiais ou celebração de acordos. No total, foram divulgados investimentos superiores a 200 milhões de euros. Em Fevereiro, o BESI (BES Investimento) anunciou ter adquirido 50, 1 por cento da Execution Noble, uma sociedade financeira inglesa. Um investimento de 57 milhões de euros. (O banco fica com a possibilidade de, nos próximos três anos, assumir a totalidade do capital. )Na Líbia, tomou 40 por cento do Aman Bankm por 23 milhões de euros, tendo aberto na Argélia uma sociedade leasing. E em Moçambique anunciou a compra de 21 por cento do Mozabank, onde operará em parceria com o grupo luso-macaense de Stanley Ho e Ferro Ribeiro. Em Cabo Verde, transformou a sucursal do BES em banco, tendo Ricardo Salgado admitido uma eventual entrada no mercado da África do Sul. O BES controla 52 por cento do BES Angola e 2, 7 por cento do Banco Marocaine (Marrocos). Na semana passada, o grupo foi às compras em Espanha, onde a Tranquilidade adquiriu 50 por cento da seguradora Pastor Vida, pertencente ao Banco Pastor, que vendeu igualmente à ESAF, a gestora de activos do BES, 100 por cento da sociedade Gespastor. Um negócio de 127 milhões de euros. Salgado considerou as duas aquisições muito "importantes no posicionamento do grupo BES na Península Ibérica, pois permite estreitar relações com o mercado espanhol". Em todo o caso, lembrou que quer o BES quer o Banco Pastor "querem manter a sua independência". E excluiu terem existido "conversas para negócios entre bancos, pois a família Barrie quer manter o controlo do Banco Pastor". Já no quadro da actividade seguradora, Ricardo Salgado deixou em aberto a possibilidade de "novos negócios ocorrerem".
REFERÊNCIAS: