Naomi Campbell garante que não cometeu perjúrio durante julgamento de Charles Taylor
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-08-11
SUMÁRIO: A supermodelo britânica Naomi Campbell distribuiu um comunicado a defender-se das acusações de que teria cometido perjúrio perante o Tribunal Especial das Nações Unidas para a Serra Leoa que se encontra reunido em Haia a julgar o antigo Presidente liberiano Charles Taylor.
TEXTO: “Nada tinha a ganhar” em mentir durante o depoimento prestado na semana passada, disse Campbell, depois de a sua antiga agente Carole White e a actriz norte-americana Mia Farrow terem contradito o que ela afirmara aos juízes sobre umas “pequenas pedras sujas” recebidas na África do Sul em 1997. A supermodelo, cuja carreira poderá ter sido prejudicada pelo controverso testemunho que foi chamada a fazer no julgamento de Taylor, pretendeu com este comunicado agora divulgado em Londres por uma empresa de relações públicas contra-atacar as afirmações de que o que recebera tinham sido “diamantes de sangue” prometidos durante um jantar pelo então Presidente da Libéria. Ao falar na quinta-feira passada na barra do tribunal, Campbell aparentou não saber muito bem quem eram os homens que lhe foram bater à porta do quarto para lhe entregar as pedras, mas depois disso as outras testemunhas afirmaram que Naomi estaria perfeitamente consciente de que se tratava de enviados de Taylor, um antigo chefe de guerrilha que chegou à Presidência da República. Ao tentar agora explicar por que é que as versões dos factos diferem, a supermodelo sublinhou que tudo se passou há já 13 anos e que portanto “não é de surpreender que as recordações de certas pessoas sejam vagas”. “Naomi não foi julgada em Haia e até ajudou o tribunal na medida em que isso lhe foi possível”, lê-se no comunicado da empresa de relações públicas Outside Organisation. Mia Farrow afirmou que Naomi Campbell lhe tinha dito, horas depois de haver recebido as referidas “pedras sujas”, que na verdade se tratava de um “enorme diamante” que lhe fora prometido durante o jantar por Charles Taylor. E Carole White garantiu aos juízes ter ouvido à modelo que até eram mesmo “cinco ou seis diamantes” os que o Presidente lhe fizera chegar às mãos. "As boas causas"“Sou uma mulher negra que apoiou e que apoiará sempre as boas causas, em particular no que se refere à África”, disse agora Naomi Campell, ao procurar desculpar-se de eventualmente ter recebido “diamantes de sangue” provenientes da guerra civil que estava em curso na Serra Leoa, onde os rebeldes que cometiam atrocidades contavam com todo o apoio de Taylor. “É incontestável que na primeira oportunidade Naomi entregou os diamantes para que viessem a beneficiar a organização sul-africana de beneficência Fundo Nelson Mandela de Auxílio à Infância”, destaca o comunicado. Todo o interesse do testemunho reside em que poderia provar que Taylor tinha de facto consigo diamantes em bruto, contrariamente ao que ele afirma. Os procuradores das Nações Unidas mantêm a tese de que Taylor, que formalmente chegou a Presidente em 1997, depois de anos a chefiar a guerrilha da Frente Patriótica Nacional da Libéria (NPFL), foi um dos principais responsáveis pela guerra civil que se verificou na Serra Leoa e que provocou a morte de 120 mil pessoas, bem como muitas mutilações. No actual julgamento, está a responder por cinco acusações de crimes de guerra, cinco de crimes contra a humanidade e uma de outras graves violações do direito humanitário internacional, ao ter recrutado e usado crianças como soldados. Taylor foi obrigado a abandonar a chefia do Estado em Agosto de 2003, quando forças de rebeldes seus adversários se aproximaram da capital liberiana, Monróvia. Recebeu asilo político na Nigéria, o mais populoso dos países africanos, e em Março de 2006 foi transferido para a guarda do Tribunal Especial para a Serra Leoa, criado em Janeiro de 2002. O seu julgamento está a decorrer desde há três anos numa cidade europeia, Haia, nas instalações do Tribunal Penal Internacional, e não em Freetown, capital da Serra Leoa, de modo a que não possa desestabilizar ainda mais a situação na África Ocidental.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte homens guerra tribunal mulher negra