O Curdistão iraquiano é o novo mundo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.136
DATA: 2010-08-21
SUMÁRIO: A capital dos curdos parece que vai rebentar, de tantas gruas e prédios a meio. Ao resto da região chegam as infra-estruturas e tudo o que faltava.
TEXTO: Salar Baban esteve fora do Iraque entre 1975 e 2005. Viveu na Arábia Saudita e no Bahrein, depois na Alemanha e nos Estados Unidos, a seguir parou no Reino Unido. Desde 1995 que é cidadão britânico. Nasceu em Mossul porque não havia hospitais em Dohuk, no Curdistão iraquiano. Salar voltou pela primeira vez em 2001, veio de barco, pela Síria. "Erbil era um sítio asqueroso. Sujo. Velho. Deserto. Como uma cidade negligenciada. " É difícil acreditar em Salar. Hoje, Erbil é uma cidade limpa, cheia de gente, cuidada, em alucinante crescimento. "Tinha uma empresa de comércio em Londres. Fazíamos exportações para a Líbia, para o Egipto", diz Salar. Depois, decidiu experimentar o regresso ao Curdistão iraquiano. "Quando as coisas mudaram, pensámos em experimentar, em fazer parte deste desenvolvimento. Vim sozinho. A minha mulher e as minhas filhas só chegaram há quatro meses de Londres. Estão a gostar", conta Salar, sentado numa das mesas da sala do seu restaurante de fast food libanesa saudável perto do centro de Erbil, na estrada de Kirkuk. O restaurante é fresco, a comida também. Serve muito para fora, a ideia é mesmo essa, mas tem esta sala, onde jantam famílias e casais. A comida, sanduíches de falafel (bolinhos fritos de grão), hummus (pasta de grão que se come com pão árabe), salada de beringelas, é saborosa. Os restaurantes chamam-se Laffa Fast Food. Laffa é qualquer coisa embrulhada, como as sanduíches de falafel. "Comecei com este restaurante, depois abri o de Ankawa [bairro cristão de Erbil], outro na Cidade Nova. Agora abrimos um de luxo. Estamos a expandir-nos. Quando abrimos este restaurante era um conceito novo. Comida limpa num ambiente limpo. As sanduíches embrulhadas. Acho que estou a iniciar uma nova forma de comer. Planeamos abrir um restaurante em Suleimaniyah [segunda cidade do Curdistão], outro em Dohuk. A seguir, queremos ir para Kirkuk, para Mossul, para Bagdad, para Bassorá", diz Salar, que não é homem de pouca ambição. Dream CitySalar voltou definitivamente em 2007, depois de viagens de prospecção e considerações. Já o Governo regional adoptara como slogan "Curdistão - O Outro Iraque", e nas ruas começava a perceber-se o que isso queria dizer. Primeiro, apareceram as estradas. Depois, as lojas, os centros comerciais, as casas, os bairros inteiros, os novos aeroportos, os prédios de escritórios, as empresas curdas e estrangeiras a abrirem escritórios nesses prédios. O último grito são os subúrbios, dezenas, à americana, casinhas iguais, lado a lado, com pequenos jardins, condomínios fechados chamados Dream City ou Cidade Italiana. Com a construção e as empresas a investir e o Curdistão a prosperar, as cidades ficaram limpas e nas praças surgiram fontes onde nunca falta a água e os jardins foram arranjados. Erbil tem um parque magnífico, chamado Sami, uma espécie de Central Park nova-iorquino com qualquer coisa de Retiro de Madrid. Sem exageros. O Parque Sami tem muitos relvados, pistas para correr, dois lagos (um com gaivotas a pedais que são cisnes, outro com uma lancha a motor), jardins infantis, árvores, um "tapete de flores", pássaros, muitos quiosques e até uma coruja ao entardecer. Cheira a relva fresca no Parque Sami, e no Iraque deste Verão isso é quase um sacrilégio. Apetece viver em Erbil. Foi o que Salar pensou. A mulher e as filhas concordaram. E agora a casa deles está em obras porque enquanto foi solteiro em Erbil podia ter o escritório no andar de baixo e agora já precisa dos dois andares para habitação.
REFERÊNCIAS: