Expulsão de ciganos marca rentrée política de Sarkozy, que enfrenta críticas da Igreja
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Ciganos Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-08-24
SUMÁRIO: O Vaticano apelou ao acolhimento "das legítimas diversidades humanas", e o jornal Le Monde tornou-se ontem no palco das opiniões críticas, de esquerda e de direita.
TEXTO: Nicolas Sarkozy regressa hoje ao trabalho, depois de 20 dias de férias, com uma remodelação governamental prometida, mas o que o espera é uma chuva de críticas vinda da esquerda, de alguns líderes da direita e até da Igreja. O Presidente francês está a ser duramente contestado pelas suas políticas que, em nome da segurança, já levaram à expulsão de mais de 200 ciganos para a Roménia ou a Bulgária. Algumas sondagens indicam que a sua popularidade nunca foi tão baixa. As críticas estão a chegar até do Vaticano: no domingo, o Papa Bento XVI recebeu um grupo de peregrinos franceses e, apesar de não referir explicitamente a expulsão de ciganos em França, apelou ao acolhimento "das legítimas diversidades humanas", naquela que foi considerada uma mensagem do Vaticano às autoridades francesas. E o arcebispo Christophe Dufour, de Aix-de-Provence, no Sul do país, emitiu um comunicado em que diz ter assistido ao desmantelamento de um acampamento de ciganos. "As caravanas foram destruídas. (. . . ) Apelo ao respeito pelas pessoas e a sua dignidade". As críticas não chegam apenas da Igreja. Sarkozy já tinha anunciado no final de Julho que muitos acampamentos de ciganos iriam ser desmantelados e que cerca de 700 seriam repatriados para a Bulgária ou a Roménia. Os repatriamentos começaram na semana passada e durante o fim-de-semana mais de 200 ciganos tiveram de abandonar a França, ainda que as autoridades defendam que não foi violada qualquer lei sobre a liberdade de circulação na União Europeia. Uma mancha na bandeiraAmanhã, Sarkozy irá presidir ao primeiro Conselho de Ministros após as férias, mas a rentrée está já a ser marcada pelas críticas que chegam dos vários quadrantes políticos, da oposição socialista à direita mais próxima do Governo. O antigo primeiro-ministro Dominique Villepin escreveu no Le Monde que a política de segurança de Sarkozy é uma "indignidade nacional" e adiantou: "Há hoje uma mancha de vergonha na nossa bandeira". Villepin teve Sarkozy como ministro do Interior do seu Governo, entre 2005 e 2007, e é ainda membro da União para um Movimento Popular do Presidente francês, apesar de os dois se terem incompatibilizado e de Villepin ter fundado o República Solidária. Também o antigo primeiro-ministro socialista Lionel Jospin defendeu no Le Monde que o objectivo do Governo "não é tanto reduzir a insegurança, mas sim explorá-la". Ao contrário do que tem sido defendido pelas autoridades, sublinhou, não houve um reforço dos meios de luta contra a insegurança, mas até "uma redução, em três anos, de 9000 postos de polícia". A ex-ministra da Justiça de Sarkozy, Rachida Dati, que hoje é eurodeputada, assinou também um artigo no Le Monde em que apela a "reencontrar a unidade perdida nos valores da República". Ela, que é de origem marroquina e filha de imigrantes, considerou que, para os filhos da imigração, "a igualdade é o vector e a finalidade de uma integração de sucesso". Sarkozy tem prometida uma remodelação governamental para o Outono - não se sabe quem sai, mas ontem o Libération especulava sobre a possível saída do próprio primeiro-ministro, François Fillon, que se tem mantido silencioso nesta polémica da política securitária. Popularidade em baixo
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filha lei imigração igualdade vergonha