Quatro à esquerda, dúvidas à direita, mas é a crise que vai decidir
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.142
DATA: 2010-08-25
SUMÁRIO: Com a candidatura de Francisco Lopes todos os partidos de esquerda têm as suas escolhas feitas. A direita espera por Cavaco, mas ainda pode acontecer uma surpresa.
TEXTO: Nomes à esquerda já há quatro, com a entrada em cena, ontem, do candidato comunista Francisco Lopes. À direita há uma quase certeza (Cavaco Silva) e uma hipótese, ainda que pouco sólida, de aparecer um novo desafiador que dê voz aos críticos do actual Presidente. Mas, mais que as posições ideológicas, serão as crises, a financeira e a política, que vão marcar o debate presidencial. E a forma como os candidatos e os partidos navegarem neste mar de crises será decisiva para se saber quem vencerá as presidenciais de 2011. Próxima estação: Orçamento do Estado. A vontade de Manuel Alegre em unir a esquerda em torno da sua candidatura falhou. Pelo menos para já. O poeta socialista tem um PS pouco entusiasmado e um Bloco de Esquerda mais animado do seu lado, mas ontem viu ganhar corpo a hipótese de o eleitorado comunista lhe fugir. Neste campo, há ainda o independente com costela de esquerda Fernando Nobre, que parece estar a "roer" a Alegre algum do eleitorado descontente com os partidos e que ajudou o poeta a conseguir os 20, 72 por cento em 2006. Entretanto, o inesperado Defensor de Moura surgiu das profundezas de uma parte do PS só para aborrecer Alegre. E falta ainda saber se Garcia Pereira (PCTP/MRPP) se recandidata ou não. As fichas da esquerda estão assim todas, ou quase todas, em cima da roleta eleitoral. Falta a direita ir a jogo. É quase certo que Cavaco Silva avançará, lá para mais para o fim do Outono, com o apoio do PSD e CDS-PP. Mas há ainda uma direita que se diz órfã de Cavaco. Santana Lopes é a voz mais sonora deste descontentamento. Todas as semanas assegura que não estará na corrida, mas vai deixando uma nesga da porta aberta e sinais de que não lhe falta vontade. Bagão Félix, outro nome sondado e que se avançasse até contaria com os votos do CDS-PP, já deixou claro que não contem com ele. Resta o ex-líder centrista Ribeiro e Castro, que afirmou recentemente que para já "não", mas para quem o "assunto não está encerrado". Vozes alimentadas por um eleitorado de direita, católico, insatisfeito com os "promulgo, mas. . . " do Presidente ao casamento gay e à lei das uniões de facto e que vai dando sinais de que, mesmo que não apareça outro candidato neste espectro político, poderá não voltar a votar Cavaco. Ainda assim, com tal proliferação de candidatos à esquerda, as coisas parecem sorrir a Cavaco. Mas faltam cerca de cinco meses para os portugueses irem a votos e há uma crise financeira e uma séria ameaça de crise política. É a forma como Alegre e o PS, por um lado, e Cavaco e o PSD, por outro, se mexerem neste cenário de crises que mantém na mesa a hipótese de uma segunda volta. O Alegre crítico de muitas medidas do Governo PS "morreu" no último domingo de Maio, quando a direcção socialista lhe ofereceu finalmente o apoio e José Sócrates lhe deu o cognome de "progressista". Desde aí Alegre não comenta medidas do Governo, alegando que não é candidato a primeiro-ministro; vai de braço dado com Sócrates e até já integra o batalhão da artilharia socialista que descobriu um filão político na proposta de revisão constitucional do PSD e que sobre ela dispara sem cessar. Mas o poeta não pode andar abraçado ao PS e ao Governo e não é só por ter de gerir o apoio dos bloquistas. Um executivo desgastado não é bom para Alegre. E quando esse Governo tem de apresentar um Orçamento do Estado (OE) obrigatoriamente contido e impopular em período de pré-campanha presidencial, tudo se complica ainda mais.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PSD