Detido homem que se fazia passar por médica e diagnosticava falsos casos de cancro
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 | Sentimento -0.40
DATA: 2010-08-27
SUMÁRIO: Um homem, de 46 anos, que se fazia passar por uma médica e encaminhava várias mulheres para hospitais do Porto, depois de as informar que lhes tinha sido diagnosticado um cancro, foi detido pela PSP, foi hoje anunciado.
TEXTO: A detenção do homem, vendedor e residente em Vila das Aves, concelho de Santo Tirso, surgiu na sequência de uma investigação desenvolvida pela polícia, após “uma queixa do Instituto Português de Oncologia (IPO)” do Porto. O homem fez-se passar inúmeras vezes por “médica ou enfermeira”, acrescentou. O comissário Fernando Silva, do Departamento de Investigação Criminal da PSP do Porto, adiantou em conferência de imprensa, esta manhã, que “nada leva a crer que [o indivíduo ]tenha tido acesso a informação privilegiada ou clínica”. De acordo com o comissário, o homem, que dissimulava a voz, “intitulava-se médica do Serviço Nacional de Saúde e levava as pessoas a fazerem testes e rastreios, nomeadamente apalpação e masturbação, sempre com a desculpa de que havia algum problema”. “As pessoas dirigiam-se no dia seguinte ao hospital e eram informadas que não havia aquela médica”, acrescentou. O “modus operandi” era sempre o mesmo. O suspeito ligava aleatoriamente para qualquer pessoa e, através do “poder de argumentação e retórica”, levava a crer que se tratava de uma médica de um serviço hospitalar, levando depois as vítimas a praticarem actos sexuais, sendo que por vezes o telefonema durou “horas”. Para a PSP, o homem, que é suspeito da prática dos crimes de usurpação de funções, coação sexual, ofensa a pessoa coletiva e devassa da vida privada, tinha apenas como objetivo ter algum prazer sexual. “Quando havia telemóvel 3G, o suspeito pedia à vítima para gravar e depois lhe enviar as imagens, mas não era comum”, acrescentou. O suspeito, que não tem antecedentes criminais, foi interpelado pelas 17h00 de ontem pela PSP, na via pública, em flagrante delito, não oferecendo qualquer tipo de resistência. O número de mulheres que terá caído nesta fraude poderá chegar às “várias dezenas”, admitiu o comissário, acrescentando que, para já, foram já perto de 15 as vítimas ouvidas da zona norte. Até ao momento, a investigação a este tipo de crime apenas dá como certo o uso do nome daquelas duas unidades hospitalares do Porto, sendo que pesquisa da polícia surgiu há cerca de sete meses, na sequência de uma queixa apresentada pelo IPO. “Temos dois hospitais [Hospital de S. João e IPO], pelo menos, mas a investigação não terminou e podem surgir mais”, disse Fernando Silva. A PSP admite que inicialmente pensou que o suspeito fosse uma mulher, mas a verdade é que ele “mudava a voz”, não utilizando nenhum tipo de mecanismo para a alterar. Na sequência da detenção, a PSP realizou duas buscas domiciliárias, mas nada encontrou relacionado com este caso. No início do mês, o Conselho de Administração do Hospital de S. João, no Porto, denunciou publicamente este caso, tendo o presidente da instituição, António Ferreira, afirmado que uma falsa médica andava a encaminhar várias mulheres para aquela unidade, dizendo-lhes por telefone que lhes tinha sido diagnosticado cancro do útero ou da mama, devendo, por isso, dirigir-se a uma consulta. A situação não era nova, com episódios registados que remontam a 2008, pretendendo o hospital com a denúncia alertar o público para que se fosse contactado pela falsária, percebesse que estava “a ser objecto de fraude”. Questionado se o suspeito agora detido será o responsável pelos casos de 2008, o comissário da PSP afirmou que “é possível” mas que não há, para já, qualquer confirmação. Notícia actualizada às 13h44
REFERÊNCIAS:
Entidades PSP