Carlos Pimenta volta a gritar "nuclear não, obrigado"
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DATA: 2010-09-02
SUMÁRIO: Portugal não tem trabalhado mal nos últimos dez anos nas políticas de defesa do ambiente mas ainda há muito a fazer e ninguém pode ser dispensado desse combate. Foi de forma intensa que o ex-secretário de Estado do Ambiente e das Pescas em vários governos PSD (1983 a 1987) Carlos Pimenta deixou hoje esta mensagem na Universidade de Verão social-democrata, a decorrer em Castelo de Vide. Há uma coisa a que Carlos Pimenta continua a dizer um sonoro “não”: à energia nuclear.
TEXTO: Para o actual director do Centro de Estudos em Economia da Energia dos Transportes e do Ambiente e membro do conselho de administração de várias empresas, a prioridade número um em Portugal em matérias energéticas deve ser a eficiência energética “porque não há possibilidade de ser competitivo e economicamente sustentável se utilizarmos mal aquilo que compramos lá fora”. E lembrou que Portugal compra 80 por cento da energia que consome. E quando se fala em utilizar bem a energia, Pimenta diz que não fala apenas na electricidade, pois a maior parte da energia que importamos e consumimos “é gasta nas casas em calor de baixa temperatura”, (duches, aquecimento da casa, equipamentos das casas) “e na mobilidade” (carros e transportes). “Essa é a área onde mais há por fazer e que deve ser mais apoiada em termos de políticas. Fazer com que as casas sejam melhor construídas, tenham energias renováveis e bem aplicadas e acabar com os engarrafamentos de carros só com uma pessoa”, acrescentou. Postos de trabalhoCarlos Pimenta afirma que a área que correu melhor nos últimos dez anos e que está mais desenvolvida é a das energias renováveis. Lembra, porém, que a aposta tem de continuar: “Hoje estamos a 40 por cento da electricidade vinda das energias renováveis, sobretudo da água e do vento. Dentro de dez anos, se a aposta continuar, podemos estar a 60 por cento. E se a aposta continuar isso significa também a criação de milhares de postos de trabalho. ”Mas, lembra, “não podemos esquecer que a electricidade é menos de um quarto da energia que consumimos em Portugal”. Agora os outros 75 por cento são gastos em transportes e calor de baixa temperatura nos edifícios. E, por isso, a aposta das políticas tem de ir neste combate: “Isso é onde menos se fez em Portugal desde sempre. Temos saber e pessoas em Portugal para mudar e temos que transformar esse saber em norma, porque isso também cria milhares de postos de trabalho e poupa milhões em importações. ”A discussão em torno da utilização em Portugal de energia nuclear voltou recentemente à discussão no país. O debate está em curso. “Nuclear não, obrigado. Não é preciso, é caro, é arriscado e produz resíduos. Não temos qualquer necessidade do nuclear em Portugal”, afirma ainda Carlos Pimenta.
REFERÊNCIAS:
Países Portugal