Papa tenta apaziguar tensões com anglicanos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento -0.1
DATA: 2010-09-15
SUMÁRIO: A visita que o Papa Bento XVI inicia quinta-feira ao Reino Unido é um acontecimento histórico e uma ocasião, quase cinco séculos após o cisma, para uma aproximação entre anglicanos e católicos.
TEXTO: Os momentos altos da primeira deslocação de Estado de um líder católico – João Paulo II deslocou-se ao Reino Unido em 1982, mas em visita apostólica – serão transmitidos em directo pela BBC. O primeiro momento alto é audiência do fim da manhã de quinta-feira entre a Rainha Isabel II, soberana de um país que proíbe o acesso de católicos ao trono, e o Papa, no castelo escocês de Holyroodhouse, O Vaticano tem valorizado a dimensão ecuménica da visita de quatro dias, marcada por missas e orações ao ar livre em Edimburgo, Glasgow, Londres e Birmingham, onde é esperada a presença de cerca de 400 mil peregrinos. Mas a viagem tem também como pano de fundo os escândalos de pedofilia que têm abalado a Igreja Católica – é possível que o líder religioso receba em privado vítimas de abusos pelo clero – e críticas gerais ao conservadorismo de Roma, que se somam às tradicionais divisões entre anglicanos católicos. O Papa “entra na cova dos leões”, escreveu o diário The Independente, resumindo a visita de Bento XVI ao Reino Unido, onde os católicos são cerca de dez por cento. Só 14 por cento dos britânicos são favoráveis à deslocação, segundo uma sondagem publicada terça-feira pelo “Times”. Na sexta-feira, pela primeira vez, um Papa entrará em Westminster, a igreja londrina escolhida por Henrique VIII como catedral depois do afastamento de Roma, em 1534, que deu origem ao anglicanismo. É nela que são coroados os soberanos britânicos. Ao lado de líder anglicano, o arcebispo de Cantuária, Rowan Williams, Bento XV rezará pela “unidade cristã”. Antes da deslocação a Westminster, num gesto também inédito, o chefe da Igreja Católica será recebido no palácio de Lambeth, residência do arcebispo Williams, numa “visita fraternal”. Esses momentos poderão, no entanto, não ser suficientes para ultrapassar as tensões avivadas pela publicação pelo Papa, no ano passado, de uma “Constituição Apostólica”, que oferece aos anglicanos descontentes com a evolução da sua Igreja – ordenação de mulheres e aprovação de casamentos homossexuais – a possibilidade de se juntarem à comunidade católica, mantento a liturgua “própria da tradição anglicana”. “A hierarquia da Igreja Anglicana quer acolher serenamente Bento XVI, mas uma parte do mundo anglicano considera a passagem de dissidentes para a comunidade de Roma uma espécie de anexação da Igreja Católica”, sublinhou o comentador de assuntos do Vaticano do jornal italiano “Il Fatto” à AFP. Sinal das divergências entre as duas igrejas será dado na recepção em Westminster, que será feita por uma pastora.
REFERÊNCIAS:
Religiões Anglicanismo