Bento XVI denuncia perseguição a cristãos e pede reciprocidade na tolerância religiosa
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DATA: 2010-09-18
SUMÁRIO: Bento XVI denunciou o “ostracismo e a perseguição” de que são vítimas em vários países os cristãos convertidos e pediu “reciprocidade” das outras religiões na tolerância religiosa. A afirmação foi feita ao final da manhã, durante o encontro com líderes religiosos, incluído na visita do Papa ao Reino Unido.
TEXTO: Este segundo dia da viagem, o mais intenso e diversificado, ficou marcado por declarações em direcções diversas. O Papa Ratzinger fez questão de defender o lugar da religião na vida pública, pediu aos jovens que sejam os futuros santos do século XXI e referiu a necessidade de um ambiente “seguro” para a educação dos mais novos, numa referência aos casos de pedofilia que têm abalado a Igreja. A alusão de Ratzinger foi feita no colégio Santa Maria de Twickenham, em Londres, onde se encontrou com estudantes de escolas católicas. Conta a Reuters que, enquanto a caravana de Bento XVI chegava e se ouviam hinos e canções religiosas no interior da escola, algumas centenas de pessoas gritavam, no exterior, palavras de ordem como “O Papa deve resignar” e “Vergonha”. Falando aos estudantes, Bento XVI manifestou a esperança de que, entre aqueles que o escutavam, estivesse “algum dos futuros santos do século XXI”. E, aos professores, manifestou a importância de assegurar “um ambiente seguro para as crianças”. Os bispos britânicos foram mais céleres e decididos na hora de lidar com os abusos do clero do que os colegas de países como a Irlanda ou os Estados Unidos, nota a Reuters. Diante do mesmo auditório, o Papa referiu ainda a necessidade de a ciência não ignorar a “dimensão religiosa e ética da vida”, sob pena de se tornar “perigosa” – e, do mesmo modo, a religião não deve ignorar a ciência, para não ficar “limitada”, disse. De manhã, no encontro com 200 líderes religiosos de confissões tão diversas como judeus, muçulmanos, hindus ou sikhs – religiões com comunidades bem representativas no Reino Unido –, Bento XVI pediu o respeito pela “liberdade de seguir a própria consciência sem sofrer o ostracismo ou a perseguição, mesmo se alguém se converte de uma religião a outra”. A mensagem, num país onde também os católicos já foram perseguidos, era sobretudo dirigida a situações actuais como a Índia ou de alguns países do Médio Oriente, onde os cristãos têm sido vítimas de perseguição ou marginalização. “Penso em particular nas situações existentes em certas partes do mundo, onde a cooperação e o diálogo entre as religiões exigem o respeito mútuo, a liberdade de praticar a sua própria religião e de tomar parte em actos de culto públicos”, afirmou. O momento simbólico mais importante desta visita terá sido a oração conjunta ao final da tarde, com o arcebispo de Cantuária, Rowan Williams, na abadia de Westminster. Na sua intervenção prévia, o Papa referiu os “notáveis progressos” do último século na reaproximação entre diferentes igrejas cristãs, mas admitiu que há ainda muito “por fazer”. Bento XVI pediu ainda que os cristãos sejam capazes de ter uma atitude comum: “Numa sociedade cada vez mais indiferente ou mesmo hostil à mensagem cristã, todos estamos obrigados a dar uma explicação convincente da alegria e da esperança que há em nós”, disse.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola educação perseguição vergonha