A economia poderá falar mais alto do que o Estado-providência nas legislativas suecas
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DATA: 2010-09-19
SUMÁRIO: Não há forma de os resultados hoje na Suécia não serem históricos, sobretudo se o primeiro-ministro conservador for reconduzido no cargo. Mas há sinais de alerta da extrema-direita.
TEXTO: A Suécia é conhecida por ser um país moderado. E quando os suecos forem hoje às urnas, é possível que o cenário político pouco se altere. Para já, a economia parece estar a falar mais alto do que o Estado-providência, dizem alguns analistas. O primeiro-ministro conservador, Fredrik Reinfeldt, tem para apresentar aos eleitores um crescimento económico de 4, 5 por cento, o menor défice da União Europeia (um por cento) e uma taxa de desemprego em queda (embora ainda ronde os oito por cento, atingindo sobretudo jovens). Não é pouco, numa altura em que os seus parceiros da UE estão ainda a tentar encontrar as saídas para a crise. Esta será a principal explicação para as previsões feitas pelos institutos de sondagens: os Moderados, do novamente candidato Reinfeldt, e os seus três parceiros de coligação, ficarão com 50 por cento dos votos, contra 40 por cento do seu principal rival, o bloco de centro-esquerda liderado pelos sociais-democratas de Mona Sahlin. Se isso acontecer, será a primeira vez que os conservadores são reeleitos depois de terem cumprido um mandato completo. Se Mona Sahlin espantar todos com uma reviravolta, a Suécia terá a sua primeira mulher na chefia do Governo. E, no caso de nenhuma das coligações ter a maioria (175 entre os 349 assentos do Parlamento), o país terá de se preparar para uma turbulência política que poderia até terminar com novas eleições - algo igualmente inédito. A acrescentar à lista está o crescimento do partido de extrema-direita Democratas da Suécia (SD), acusado de xenófobo e populista. O SD irá precisar de quatro por cento para entrar no Parlamento; algumas sondagens atribuem-lhe 7, 5. Isso é mais do que o dobro dos resultados obtidos em 2006 (2, 9 por cento). A extrema-direita não entra na assembleia desde o início da década de 1990. À volta do "modelo"Os sociais-democratas, que passaram 63 dos últimos 80 anos no poder, estão a procurar a todo o custo contrariar as expectativas e continuar a ser o "partido natural" de Governo. São considerados os criadores e guardiães do famoso "modelo sueco" - que alia uma pesada carga de impostos para financiar o Estado social a uma economia fortemente liberal. Uma derrota "obrigará a repensá-lo", salienta à AFP o politólogo Peter Santesson-Wilson, do instituto de investigação sueco Ratio. A sua campanha tem sido feita com a garantia de não cortar os impostos e até aumentar alguns no futuro, para que se possa gastar mais na segurança social. Já Reinfeldt quer ver a economia crescer mais e a dívida pública a descer para que os gastos públicos possam aumentar e os impostos sobre os rendimentos ser reduzidos. Com a vitória do centro-direita, em 2006, muitos previram o princípio do fim do "modelo sueco". Mas "não houve alterações espectaculares ou sistemáticas, nem golpes radicais no Estado-providência. Simplesmente deu-se uma reorientação marginal", realça à AFP Stefan Svallfors, professor da Universidade de Umeaa. Ainda assim, a Economist fala numa "insatisfação crescente com o "modelo sueco". Os suecos não estão prestes a tornar-se thatcheristas ou anti-impostos do Tea Party", e mesmo à direita defendem-se os serviços públicos, lê-se. "Mas o centro-direita tornou as regalias sociais menos generosas, baixou impostos para os salários mais baixos e diminuiu o número de subsídios por doença". Seja ou não por isso, o primeiro-ministro Reinfeldt deu sinais de estabilidade quando todos os países à volta estavam em queda. A que se devem os bons resultados? A Economist avança com várias explicações. O país parece ter aprendido as lições da crise da década de 1990, quando o Governo teve de sair em auxílio da maioria dos bancos. "Os suecos foram mais cautelosos a evitar uma bolha", lê-se
REFERÊNCIAS:
Entidades UE