ETA admite mediadores mas não verificar trégua
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DATA: 2010-09-19
SUMÁRIO: Em comunicado hoje publicado nos diários bascos “Gara” e “Berria”, a ETA admite mediação internacional mas não explicita o seu apoio à verificação da trégua, como reclamado, em Março, na Declaração de Bruxelas.
TEXTO: Naquele documento, diversas figuras internacionais, como o ex-presidente sul-africano Frederick de Klerk, a antiga presidente da República da Irlanda, Mary Robinson, ou o arcebispo Desmond Tutu, apelaram à organização para declarar uma trégua permanente e permitir a sua verificação. Na missiva, a organização terrorista expressa o “seu respeito e agradecimento aos homens e mulheres que assinaram a Declaração [de Bruxelas]" e refere que toma nota da sua contribuição. Ou seja, os etarras consideram a iniciativa como positiva, mas são omissos quanto ao seu conteúdo: o cessar-fogo permanente e os trâmites da sua verificação internacional. “A ETA não esquiva a sua responsabilidade e manifesta disposição de estudar de forma conjunta os passos necessários ao processo democrático, incluíndo os passos que deve dar”, refere o texto. No comunicado de 5 de Setembro, a organização comunicou que, desde Março, tinha declarado uma trégua “a acções ofensivas”. Uma fórmula que exime do cessar-fogo a violência urbana e a extorsão económica, que continuam em vigor em Euskadi. Para a “esquerda abertzale”, o facto da direcção da ETA admitir mediação internacional é um primeiro passo para a declaração de uma trégua permanente e submetida ao controlo dos mediadores, que poderia ser anunciado antes do fim do ano. Os analistas sublinham, no entanto, que o novo comunicado, o segundo no curto prazo de 13 dias, é pouco vulgar nos esquemas da organização, pouco dada a sucessivas iniciativas epistolares. O facto do comunicado de 5 de Setembro ter ficado aquém das expectativas da própria “esquerda abertzale” e de mediadores de relevo, como o advogado irlandês Brian Currin, que foi assessor da ilegalizada Batasuna, o terem considerado “decepcionante”, ditou a publicação da nova missiva. Deste modo, trata-se de uma iniciativa para consumo interno, para não romper com os mediadores e os radicais congregados à volta de Arnaldo Otegi. Aliás, o comunicado de ontem introduz um novo compasso de espera no preenchimento dos requisitos da Declaração de Bruxelas: abre a porta, saúda a iniciativa, mas não se compromete. Já para as autoridades espanholas, a estratégia da ETA é um mero expediente para ganhar tempo. Os responsáveis da luta anti-terrorista estavam ao corrente do aparecimento deste novo comunicado e admitem que novas missivas apareçam nas próximas semanas. Foi por isso que a operação policial que levou à prisão nove dirigentes de Ekin, os duros comissários políticos da ETA para a esquerda abertzale, foi antecipada para a última terça-feira. “Para nós, não há nada de novo”, disse José António Pastor, porta-voz dos socialistas bascos que estão à frente do Executivo regional do País Basco. “O que esperamos é que a ETA comunique o fim das armas”, concluiu Pastor. É esta, também, a posição do Governo de Madrid.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano Bascos