Extrema-direita com 20 deputados no Parlamento muda a imagem da Suécia
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.192
DATA: 2010-09-20
SUMÁRIO: A conquista de 20 assentos parlamentares pelo partido de extrema-direita Democratas da Suécia, nas eleições legislativas, deixou muitos sectores da sociedade sueca em estado de choque e, segundo os media locais, pôs o país a precisar de rever a “imagem que tem si de próprio”.
TEXTO: Com 5, 7 por cento dos votos e a eleger deputados pela primeira vez o partido liderado por Jimmie Akesson, de 31 anos, coloca-se numa posição privilegiada de poder dar o controlo total do Parlamento à coligação de centro-direita, que venceu mas ficou três deputados aquém da maioria absoluta na câmara de 349 assentos. Esse cenário foi prontamente rejeitado, porém, pelo primeiro-ministro e líder da aliança conservadora, Fredrik Reinfeldt. “Não vamos cooperar ou ficar dependente dos Democratas da Suécia. Fui claro. Vou virar-me para os Verdes [que integram a coligação de esquerda] para conseguir obter um apoio mais vasto”, afirmou ainda domingo à noite após serem divulgados os resultados. Regozijando-se, Akesson afirmou por seu lado que vai usar este sucesso para se “fazer ouvir”. “Fomos muitas vezes tratados nesta eleição como muitas outras coisas que não um partido político”, disse, em referência ao facto de os Democratas da Suécia não terem sido chamados a nenhum dos debates televisivos da campanha. “Mesmo assim hoje aqui estamos com um resultado fantástico. A situação é agora um pouco incerta, mas temos quatro anos à nossa frente para falar sobre os assuntos que são importantes para nós e para influenciar as políticas na Suécia”, prosseguiu em discurso, na noite de domingo, frente a um pequeno grupo de apoiantes que se manifestavam em delírio perante as câmaras de órgãos de media do mundo inteiro. Os analistas apontam que os Democratas da Suécia – com os seus programas anti-imigração – terão capitalizado nestas eleições com o descontentamento crescente na sociedade, sinalizando uma mudança de fundo na imagem de tolerância e abertura do país, onde 14 por cento dos 9, 4 milhões de habitantes são imigrantes. A imprensa sueca anunciava nas edições de hoje “o fim de uma época”. “É segunda-feira de manhã e altura de os suecos encontrarem uma nova imagem de si próprios”, diz em editorial o diário "Svenska Dagbladet". “A confirmar-se estes resultados, estamos perante um cenário que a maior parte dos eleitores suecos queriam evitar: o de que temos um partido xenófobo com a balança de poder nas mãos”, avaliou o cientista político sueco Ulf Bjereld, da Universidade de Gotemburgo, citado pela agência noticiosa britânica Reuters. Os Democratas da Suécia negam ser racistas, insistindo antes que a sua plataforma é a de parar o fluxo de imigração para a Europa – cerca de 100 mil pessoas chegam à Suécia todos os anos – na linha do que muitos outros países europeus têm vindo a abraçar. A sua base de poder, de acordo com as consultas de opinião, parece estar entre os desempregados, cujo número aumento com a crise económica mundial, e em particular nos jovens do sexo masculino que se sentem ignorados pela sociedade. O principal bastião eleitoral dos Democratas da Suécia localiza-se no Sul do país, onde o número de imigrantes é superior à média nacional.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave imigração sexo