Realizador retira-se da competição do Queer devido a apoio da Embaixada de Israel
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 9 | Sentimento -0.12
DATA: 2010-09-22
SUMÁRIO: A curta-metragem “Covered” não passou ontem no Queer Lisboa, Festival de Cinema Gay e Lésbico, a pedido do seu realizador, o canadiano John Greyson, que apoia um grupo palestiniano de boicote a Israel e que contesta o apoio financeiro da Embaixada de Israel ao festival. A curta documental “14.3 Seconds”, do mesmo realizador, também não vai ser exibida sábado no Queer.
TEXTO: O PÚBLICO confirmou junto de fonte da organização que a exibição de ambos os filmes foi cancelada a pedido do seu realizador, que já após o arranque do festival, no dia 17, tinha enviado uma carta aos organizadores sugerindo formas alternativas de financiamento que evitassem contribuições da embaixada israelita, com a qual não desejava pactuar. A organização disse ao PÚBLICO que o total do contributo da Embaixada de Israel para este festival ronda os 900 euros, que pagaram a viagem de ida de volta Telavive-Lisboa do realizador israelita Tomer Heymann e sua estadia em Portugal para apresentar o seu filme "I Shot My Love" no Queer, que é apresentado quinta-feira e sábado. Nessa carta, lê-se que "este financiamento viola o apelo de 2005 da sociedade civil palestiniana, que pede aos artistas e académicos para boicotarem o Estado israelita, em protesto contra a ocupação que prossegue". O realizador canadiano pede que seja recusado "o patrocínio da Embaixada israelita e encontrar uma fonte alternativa para pagar" as despesas logísticas em que é usada a verba da representação diplomática do Estado judaico. Na mesma missiva, o realizador, cujo filme "Fig Trees" recebeu o prémio para o melhor documentário na edição de 2009 do Queer, lembra que "isto é o que Ken Loach pediu ao Festival de Edimburgo em 2007, quando soube que eles tinham aceitado 33 libras do consulado israelita. Depois da devida ponderação, o festival concordou com ele e recusou o financiamento, encontrando outras fontes para cobrir os custos e alojar os seus realizadores israelitas". John Greyson obteve resposta do director do Queer, João Ferreira, que indicou que por motivos logísticos só poderia analisar a questão após o final do festival. “Se para vocês não é possível recusarem este financiamento da embaixada, então é com grande tristeza que tenho de retirar o filme ‘Covered’ do vosso festival”. Na sequência deste processo, Greyson decidiu retirar os seus filmes do evento. A organização do festival tem reiterado que os fundos cedidos pela Embaixada de Israel são encaminhados para fins logísticos, como o financiamento das viagens de alguns dos artistas e convidados ou impressão de materiais promocionais. No site do festival lê-se apenas: "A pedido do realizador John Greyson, no contexto do seu apoio ao PACBI (The Palestinian Campaign for the Academic Boycott of Israel), serão canceladas as curtas-metragens Covered (Terça-feira, dia 21, 22h, Sala 1) e 14. 3 Seconds (Sábado, dia 25, 21h00, Sala 1). ""Covered" é um filme documental experimental, financiado por Inglaterra e Bósnia, sobre quatro mulheres que em Setembro de 2009 organizaram em Sarajevo um festival cinema gay e lésbico cuja cerimónia de abertura foi interrompida por uma multidão de contestatários que se opunham à realização do evento durante o mês do Ramadão. "14. 3 Seconds", no mesmo formato, conta a história da destruição dos arquivos de cinema do Iraque na guerra em 2003 através dos 14. 3 segundos de filme restaurados que um jornalista conseguiu recuperar dos escombros. No Queer Lisboa em curso participam três filmes israelitas: "The Traitor", "I Shot My Love" e "Hyacinthus Lullaby"O Queer Lisboa arrancou dia 17 e prolonga-se até sábado, dia 25, em que é anunciado o palmarés do evento. Duas horas antes da sessão inaugural do Queer, na sexta-feira no Cinema São Jorge, manifestantes protestaram contra o apoio da Embaixada de Israel ao festival, mobilizados por organizações como as Panteras Rosa, Comité de Solidariedade com a Palestina, SOS Racismo ou Comité de Solidariedade com a Palestina, UMAR - União Mulheres Alternativa e Resposta ou Pobreza Zero. Notícia actualizada às 12h04
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra racismo mulheres pobreza gay