Ahmadinejad discursou na ONU e Nova Iorque voltou a parar
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.136
DATA: 2010-09-23
SUMÁRIO: Já se tornou um hábito. Mahmoud Ahmadinejad fala nas Nações Unidas e todas as atenções se desviam – a agenda torna-se menos importante do que as polémicas e os recados que aproveita para enviar. Esta terça-feira não foi excepção, com o Presidente iraniano a usar a cimeira sobre os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio para prever o fim do capitalismo.
TEXTO: “A ordem discriminatória do capitalismo e as abordagens hegemónicas enfrentam a derrota e aproximam-se do seu fim”, disse Ahmadinejad, perante a sala semi-vazia da Assembleia-Geral da ONU, desta vez menos por causa das saídas em protesto dos diplomatas ocidentais e mais por ser ainda manhã cedo. Apenas a delegação canadiana fez questão de estar presente e sair mal Ahmadinejad começou o discurso, “em protesto contra a situação dos direitos humanos no país”, explicou a diplomacia de Otava. Sem fazer referência directa ao combate à pobreza, mas evitando também a controvérsia de outros anos, o líder iraniano optou por culpar “as exigências do capitalismo e das corporações transnacionais pelo sofrimento causado a inúmeras mulheres, homens e crianças” em todo o mundo. As palavras mais duras reservou-as para as muitas entrevistas que, todos os anos, concede à imprensa americana. Num pequeno-almoço com jornalistas, avisou que se a Administração americana ousasse atacar o país enfrentaria um conflito sem precedentes na sua história. “Os Estados Unidos nunca entraram numa guerra séria, nem no Vietname, nem no Afeganistão, nem sequer na II Guerra Mundial”, disse, antes de acrescentar: “Fazer a guerra não é só bombardear um sítio. Quando ela começa não tem limites”. Ainda assim, garantiu que o país “está disponível para negociar” com Washington e recusou comentar um eventual ataque aéreo israelita – “o regime sionista é uma pequena entidade no mapa e não aparece como um factor real na nossa equação”. Antes, numa entrevista à AP, tinha já desafiado os EUA a “reconhecer o Irão como uma grande potência”. Disse ainda que Washington deveria libertar “iranianos detidos ilegalmente” em resposta ao “gesto humanitário” que constituiu a libertação da montanhista Sarah Shourd – sugestão que a Casa Branca rejeitou. Apesar de roubar o protagonismo a outros líderes – poucos falaram da chanceler alemã, Angela Merkel, que destacou a importância da boa governação no combate à pobreza –, também ninguém enfrenta tantos protestos como Ahmadinejad. Centenas de pessoas manifestaram-se junto à sede da ONU contra a situação dos direitos humanos e a repressão da oposição iraniana. Para prevenir incidentes, as autoridades nova-iorquinas cortaram ruas, ergueram barreiras e vedaram o acesso ao hotel onde o Presidente ficará alojado até quinta-feira, dia em que volta à ONU para discursar na sessão de abertura da Assembleia-Geral.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU EUA