Leitores apertam políticos com muitas perguntas incómodas
MINORIA(S): Ciganos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-09-23
SUMÁRIO: Os eleitores questionaram os eleitos. Alguns dos principais dirigentes políticos portugueses conversaram com os leitores do PÚBLICO. Online.
TEXTO: Quando, há 15 anos, a primeira edição do PÚBLICO entrou na Internet a palavra chat era desconhecida de muitos portugueses. Hoje são milhões os que participam em conversas online em tempo real. Ontem, o aniversariante publico. pt organizou um chat inédito em que os leitores questionaram os principais responsáveis políticos portugueses. Falou-se sobre política, claro. Pura e dura. E eles, os políticos, gostaram. Citando Paulo Portas: ":)"Durante quatro horas, repartidas por períodos de 30 minutos para cada um dos participantes, os leitores revelaram um grande conhecimento da actualidade política e dos problemas do país. E não deixaram de "apertar" os políticos com centenas de perguntas incómodas, mas pertinentes. Do crescimento da extrema-direita na Suécia à expulsão de ciganos em França; da revisão constitucional às presidenciais de 2011; as políticas de saúde, de emprego, de educação e a crise financeira. Falou-se de quase tudo e os políticos não fugiram a nenhuma questão. Aqui fica o filme, em pequenos flashes, do dia em que os eleitores questionaram directamente os eleitos e alguns dos que podem vir a ser eleitos. O secretário-geral do PCP foi o primeiro a vir à conversa. Às 9h30, na sede do PCP, na Rua de Soeiro Pereira Gomes, Jerónimo de Sousa deu o "tiro de partida". E, logo no início, o leitor JC lançou uma pergunta que considerou "simples e pertinente": "Para quando a tão esperada fusão com o BE?". Jerónimo tinha a resposta na ponta da língua e "disparou" rápido: "O PCP tem uma identidade e um projecto próprios, forjado na luta de quase 90 anos, que não se funde e não confunde com mais nenhuma outra. " A candidatura de Francisco Lopes à Presidência da República veio várias vezes ao debate. E aqui o líder comunista mostrou-se "certo e seguro" de que irá até ao fim. À velocidade de um clique, a conversa saltou da sede do PCP para a Assembleia da República, onde Francisco Louçã (BE) deu o peito às perguntas. E o primeiro leitor foi direito a um assunto polémico na sociedade portuguesa. "Para quando a "tão prometida" legalização dos estupefacientes?". Louçã falou num modelo "de legalização das drogas leves", considerando-o como "uma medida sensata de protecção da saúde e de combate ao narcotráfico". Recordou que, graças ao BE, já se conseguiu o fim da criminalização do consumo e deixou uma garantia: "Continuaremos. " As presidenciais de 2011 tiveram presença forte no chat de Louçã. Luís quis saber porque não apresentou o BE um candidato próprio. Louçã explicou que o BE decidiu "apresentar um candidato que, com a coerência de luta pela democracia económica e social contra as desigualdades, represente o desafio mais forte a Cavaco Silva". Francisco Assis, líder parlamentar do PS, também participou a partir da AR. Tiago Fernandes foi directo a um tema polémico: "Está disponível para ser líder do partido pós-José Sócrates?". Assis não disse sim, nem não. Afirmou antes que era uma "questão inexistente no presente", que o PS tem "um líder à altura" e que a sua missão "é liderar o grupo parlamentar". Assis teve de responder a outras questões difíceis. "Porquê o retrocesso na atitude reformista iniciada em 2005/2006?". O socialista assegurou de pronto que "a vontade reformista mantém-se". O que mudou foi "o contexto parlamentar. Ou seja, o PS não dispõe de maioria absoluta, "tudo tem que ser negociado", e "isso altera a velocidade com que se concretizam as reformas". No palacete da lisboeta Rua de São Caetano à Lapa, onde o PSD tem a sua sede nacional, Passos Coelho pegou na conversa às 11h. A revisão constitucional apresentada pelo seu partido dominou o debate. "Passar de despedimentos com "justa causa" a outros de "razão atendível" não é liberalizar os despedimentos? No fundo, qual será a vantagem de flexibilizar os despedimentos?", questionou Pedro Fins Pereira.
REFERÊNCIAS: