Inquérito da Deco indica que metade das mulheres que realizam IVG não tem apoio psicológico
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento -0.08
DATA: 2010-09-28
SUMÁRIO: Os resultados de um inquérito realizado pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco) sugerem que estabelecimentos autorizados a realizar a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) não oferecem às mulheres a possibilidade de obterem ajuda psicológica.
TEXTO: Este apoio está consagrado na lei e tem de estar acessível às mulheres que necessitem de a ele recorrer. Luís Graça, director do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Santa Maria, contraria os resultados e afirma que "todos os serviços têm assistentes sociais disponíveis para dar apoio". Cerca de metade das mulheres inquiridas diz não ter sido informada sobre a possibilidade de obter ajuda psicológica e confessa ter sentido necessidade de falar com um profissional. Para Luís Graça, os resultados contrariam o que na realidade acontece. Segundo o médico, todos os serviços oferecem às mulheres a possibilidade de terem apoio. "É oferecido na primeira consulta", sendo depois opção da mulher recorrer ao apoio. "Aliás, a maior parte não quer", preferindo ter o menor número possível de profissionais envolvido. O inquérito foi realizado em Portugal, Espanha e Itália entre Outubro de 2009 e Março de 2010. Foram obtidas 348 respostas anónimas, 35 das quais portuguesas. Segundo Luís Graça, "são realizadas cerca de 20 mil IVG, por ano, em Portugal", não tendo os resultados "a mais pequena representatividade". De acordo com o estudo, o período de reflexão de três dias, obrigatório por lei, não foi imposto a uma em cada dez inquiridas. "Não é uma coisa que seja à vontade do freguês", afirma Luís Graça. "Pode ter acontecido, mas em casos raros". O método medicamentoso terá sido imposto a oito em cada dez mulheres que recorreram ao Serviço Nacional de Saúde. "Resolve 98 por cento das situações", diz o médico, acrescentando que o método aplicado é o considerado mais adequado. Nas clínicas privadas, a maioria foi submetida a aspiração cirúrgica. "Aí é que não é oferecido o método medicamentoso", reage. A lei que permite a IVG até às dez semanas vigora há mais de três anos. Para Luís Graça, o balanço é positivo: "Diminuiu brutalmente a mortalidade devida a abortos".
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave lei mulher ajuda estudo mulheres