Dois idosos foram vítimas de crimes diariamente em 2009
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-10-01
SUMÁRIO: Todos os dias, pelo menos dois idosos foram vítimas de crime no ano passado, a maior parte cometidos no seio familiar pelo cônjuge ou por um filho, segundo dados da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV).
TEXTO: A APAV vai lançar no dia 7 de Outubro uma campanha de sensibilização sobre violência contra as pessoas idosas, que pretende formar, ensinar e sensibilizar, para que as pessoas compreendam o fenómeno e saibam como se procede, explicou à Lusa Maria de Oliveira, responsável pela campanha. São vários os materiais que suportam a campanha: dois spots de televisão e um de rádio, cartazes, banners nos sites e folhetos informativos dirigidos principalmente a profissionais, porque os idosos recorrem muito a unidades de saúde. “Se estes profissionais estiverem informados é mais fácil encaminhar e diagnosticar se existe violência doméstica. É um projeto com uma forte vertente de formação pedagógica e sensibilização”, explicou, a propósito do Dia Internacional do Idoso, que se assinala hoje. Haverá também ações de sensibilização nos estabelecimentos de ensino dirigidas às crianças e uma campanha para o público em geral. “Vamos lançar um manual de atendimento e compreensão deste tipo de situações: indicadores de violência sexual, física, psicológica e financeira. A violência pode ser praticada na rua (roubo, por exemplo), pode ser em casa (violência doméstica) ou contra uma pessoa que mora sozinha”, disse Maria de Oliveira, adiantando que a APAV tem relatos de casos de prestadores de cuidados que ficam com os bens do idoso de quem cuidam. Será também lançado um manual que ajuda a compreender o fenómeno e a saber como se procede, dependendo de qual for a situação. Maria de Oliveira adiantou que a maior parte dos crimes é praticada no âmbito da violência doméstica, mas que as pessoas idosas têm muita vergonha de assumir quando se trata da família, sobretudo filhos, pois sentem que é assumir que erraram como pais. “Também há muitos casos de dependência emocional. São situações complicadas para a pessoa admitir que está a ser vítima de crime e violência, sobretudo a psicológica (os insultos, as ofensas, a depreciação permanente), que é muitas vezes pior do que a física”, acrescentou. As vítimas são maioritariamente idosos entre os 65 e os 75 anos, alvo de maus-tratos físicos e psíquicos, praticados em primeiro lugar pelo cônjuge (1622 processos em 2009) e pelo filho ou filha, em segundo lugar, (1466 processos no mesmo ano). Entre 2000 e 2009 verificou-se um aumento de 120 por cento do número de casos de pessoas idosas vítimas de crime (mais 349 casos). O que potencia a violência é normalmente o consumo de substâncias aditivas ou um historial de violência anterior, mas também há violência que parte das pessoas que tomam conta dos idosos e não têm capacidade para tal. Maria de Oliveira alertou ainda para outra forma de violência que é o internamento compulsivo num lar. “Uma pessoa internada contra vontade, pode ser considerado sequestro. Isto acontece. Quando as pessoas querem sair da instituição e não deixam, também é considerado sequestro”, alertou, salvaguardando contudo que “em situação de alguma demência, não será assim, mas tem que ser nomeado tutor”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime filha violência filho ajuda consumo sexual maus-tratos doméstica vergonha