O espectáculo U2 vai começar
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-10-02
SUMÁRIO: Anteontem, em Sevilha, Norman Hewson, irmão de Bono, foi alvo de uma surpresa. A meio do concerto, o cantor virou-se para a assistência e gritou: "Esta noite, temos alguém especial connosco. A pessoa que me deu a primeira lição de guitarra, o meu irmão mais velho", informando que fazia anos. Foi então que 77 mil espectadores cantaram ruidosamente os "parabéns a você".
TEXTO: Não é previsível que hoje e amanhã, em Coimbra, a situação se venha a repetir. Mas não admiraria se fosse improvisada uma outra qualquer pequena surpresa. Bono gosta de o fazer, enunciando sempre pormenores acerca da cidade onde o grupo actua. O que não deve divergir muito em relação ao concerto de Sevilha é o alinhamento, misto de canções (Magnificent, Moment of surrender ou Get on your boots) referentes ao último álbum do ano passado, No Line On The Horizon, e os clássicos de sempre, como New year"s day, Mysterious ways, Until the end of the world, I still haven"t found what I"m looking for, One ou Where the streets have no name. Nos concertos de Espanha, o grupo apresentou, muito a propósito, a canção Spanish eyes, um tema proveniente das sessões do álbum Joshua Tree (1987), mas não é crível que em Portugal tal venha a suceder. A introdução pode ser com o inédito Return of the stringray, antes da conhecida Beautiful day. Outras duas canções novas, North star e Mercy, que o grupo tem tocado nos últimos concertos, também podem fazer parte das escolhas. Para além da música, a grande atracção será a estrutura gigante de luz e som, misto de nave espacial e insecto gigante, que alguns apelidam como The Claw (a garra), por causa das quatro pernas apoiadas no chão. Na base, encontra-se o palco, rodeado de uma passadeira circular. O dispositivo, de características inéditas em concertos rock, foi estreado em Julho do ano passado no espectáculo inicial da digressão 360º, em Barcelona, onde o PÚBLICO esteve presente. O efeito é realmente espectacular e de grande eficácia, permitindo uma excelente visibilidade de qualquer um dos locais do estádio. Ambiente intimistaNa génese da construção da estrutura esteve a ambição do grupo em criar um ambiente o mais intimista possível, num contexto de concerto de estádio, onde isso é naturalmente difícil de alcançar. Nesse início da digressão, Bono conversou, via satélite, em directo, com tripulantes de uma estação orbital. Não se sabe se hoje e amanhã fará o mesmo, mas o que não faltará, certamente, serão os discursos de visão humanista, a espectacularidade cénica, o impacto cenográfico e o poder sónico de um grupo que não pára de reinventar o que é isso de fazer um grande espectáculo de rock para grandes multidões. Na década de 90, as digressões Zoo TV ou Pop Mart redefiniram o que poderiam ser os grandes espectáculos pensados para atrair multidões. Hoje os tempos são outros, mas a ambição do grupo continua a ser a mesma: utilizar uma complexa sofisticação de meios para potenciar o máximo de simplicidade. A presente digressão acabou por ficar marcada pela lesão de Bono, em Maio, depois de completar 50 anos. Estava a andar de bicicleta em Nova Iorque quando uma hérnia discal, que desconhecia, acabou por rebentar, obrigando-o a uma paragem forçada. Mas, meses depois, a máquina U2 volta a funcionar. O espectáculo não pode parar.
REFERÊNCIAS:
Tempo Maio Julho