Judiciária detém no Bombarral capo mafioso em fuga
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DATA: 2010-10-23
SUMÁRIO: A Polícia Judiciária (PJ) de Leiria deteve na quinta-feira na localidade de Carvalhal, Bombarral, um capo siciliano há vários anos em fuga das autoridades do seu país e perseguido pela polícia espanhola desde Dezembro de 2009. Este homem, juntamente com mais seis pessoas - três outros italianos, dois portugueses e uma brasileira -, será responsável por inúmeros crimes de burla qualificada, falsificação de viaturas, branqueamento de capitais e associação criminosa.
TEXTO: A quantificação monetária dos crimes ainda estava ontem a ser feita, mas o valor que já havia sido contabilizado rondava o meio milhão de euros. O italiano em causa, Giovanni Lore, de 45 anos, seria o principal mentor de uma organização que em Portugal se dedicava a clonar empresas já existentes. Aparentando idoneidade e solidez financeira, o grupo negociava, sobretudo, em produtos alimentares, acordando formas de pagamento prolongadas. Depois, revendiam os bens para o estrangeiro, obtendo lucros elevados, mas já não pagavam aos fornecedores originais. A actividade liderada pelo capo já estaria a ser desenvolvida em anos anteriores em Espanha. Em Dezembro de 2009, na zona de Vigo, o principal suspeito, juntamente com os três compatriotas agora detidos pela PJ, terá logrado escapar a uma operação policial de grande dimensão. Os indicadores recolhidos dizem que o italiano, com cerca de 120 quilos de peso, estaria implicado numa rede que traficava armas e droga e que também explorava a prostituição. A capa de Lore, a exemplo do que também acontecia em Portugal, era o negócio dos mariscos congelados. Nos tempos em que esteve na Galiza, terá movimentado, segundo a polícia espanhola, mais de 2, 5 milhões de euros. Em Itália, por sua vez, a "família" liderada por este homem terá igualmente sido alvo de grandes investigações, tendo sido detidas mais de 30 pessoas já acusadas pela prática de inúmeros crimes violentos e organizados. Parceiro portuguêsEm Portugal, os italianos estabeleceram os contactos que lhes permitiram continuar a actividade criminal. O principal parceiro encontrado foi um empresário português, de Torres Vedras, que funcionava não só como receptador dos bens alimentares comprados a empresas reais, como também procedia ao reencaminhamento dos produtos para empresas estrangeiras, nomeadamente espanholas. O grupo agora desmantelado, numa operação que a PJ denominou Máfia do Oeste, ocupava na localidade de Carvalhal uma casa denominada Vivenda do Sossego. Na zona, conforme referiu ontem a agência Lusa, raramente eram vistos de dia e à noite circulavam com frequência de táxi. O taxista da terra, que os levou em diversas ocasiões a Santarém (onde supostamente iam buscar mulheres), diz que era sempre Lore quem se encarregava de efectuar os pagamentos, mas, como os mesmos nem sempre eram feitos de imediato, tem agora a haver cerca de 3. 500 euros. Giovanni Lore é, ao que se sabe, o terceiro elemento com cargos de chefia na máfia italiana localizado em Portugal. O primeiro caso reportado pela PJ ocorreu no início da década de 1990. O chefe de uma família calabresa, que, anos antes, forjara a própria morte num acidente de aviação, vivia com identidade falsa em Cascais, onde dirigia uma empresa de pesca. Foi executado com dois tiros de revólver 38 na cabina telefónica onde semanalmente efectuava contactos com elementos que se lhe mantinham fiéis. Anos mais tarde, seria preso Mário Giovinni, outro chefe de uma família siciliana, tida como das mais violentas. Até ser extraditado, foram abortadas diversas tentativas de fuga das cadeias portuguesas por onde passou.
REFERÊNCIAS:
Entidades PJ