Amazónia “deu” ao planeta 1200 novas espécies na última década
MINORIA(S): Animais Pontuação: 3 | Sentimento 0.068
DATA: 2010-10-26
SUMÁRIO: Entre 1999 e 2009, mais de 1200 novas espécies de plantas e animais foram encontradas na Amazónia. Feitas as contas dá uma nova espécie a cada três dias, revela um relatório da WWF divulgado hoje.
TEXTO: As novas espécies incluem 637 plantas, 257 peixes, 216 anfíbios, 55 répteis, 16 aves, 39 mamíferos e centenas de novas espécies de invertebrados, segundo o relatório que faz uma compilação das descobertas "Amazon Alive!: A Decade of Discoveries 1999-2009", divulgado à margem da conferência sobre Biodiversidade, a decorrer em Nagoya, Japão. Entre esta lista de mais de 1200 espécies está a primeira nova espécie de anaconda identificada desde 1936. A Eunectes beniensis, encontrada na Bolívia, tem quatro metros de comprimento e foi inicialmente confundida com um resultado da hibridação entre as anacondas verdes e amarelas. Mas depois chegou-se à conclusão que, afinal, era uma espécie diferente. A WWF salienta como uma das espécies "mais extraordinárias" a rã Ranitomeya amazonica, por causa das suas cores. O seu habitat localiza-se perto de Iquitos, na região de Loreto, no Peru. Um membro da família dos papagaios, o Pyrilia aurantiocephala, está classificado como Quase Ameaçada, por causa da reduzida dimensão da sua população e perda de habitat. "Este relatório mostra, claramente, a incrível diversidade da vida na Amazónia", comentou Francisco Ruiz, líder da iniciativa da WWF. Além disso, também vem lembrar "o quanto ainda temos de aprender sobre esta região única e aquilo que poderemos perder se não mudarmos a forma como pensamos o desenvolvimento e promovemos a conservação a nível regional", acrescentou, em comunicado. Este tipo anúncios de identificação de novas espécies, apoiados por boas fotografias, é importante, estima Jean-Christophe Vié, do Programa para as Espécies da União Mundial de Conservação (UICN), citado pela agência de notícias AFP. Apesar disso, a mensagem que passa pode ser desvirtuada. "Existe o risco de as pessoas acharem que não é preciso preocupação, porque há sempre novas espécies a aparecer. Mas elas não aparecem, são apenas descobertas ou descritas, o que é muito diferente", alerta. De acordo com a Lista Vermelha da UICN, uma espécie de anfíbios em três, mais de uma ave em oito, mais de um de mamíferos em cinco e mais de uma espécie de conífera em quatro estão ameaçadas de extinção, à escala mundial. Ameaças aumentam para a AmazóniaA região da Amazónia alberga 600 tipos de habitats terrestres e de água doce e é a casa para dez por cento de todas as espécies conhecidas no planeta, incluindo fauna e flora endémica e ameaçada. Mais de 30 milhões de pessoas vivem e dependem dos recursos naturais da Amazónia. Mas muitas mais na América do Norte e Europa estão sob a influência climática da região. "Apesar da maioria da região da Amazónia permanecer pouco perturbada, as ameaças estão a aumentar rapidamente", nota a organização. Nos últimos 50 anos, as populações humanas causaram a destruição de, pelo menos, 17 por cento da floresta tropical da Amazónia, uma área maior do que a Venezuela ou duas vezes o tamanho da Espanha. Uma das maiores causas desta transformação é a rápida expansão dos mercados regionais e mundiais da carne, soja e biocombustíveis, aumentando a procura de solos. Estima-se que 80 por cento das áreas desflorestadas na Amazónia estejam ocupadas por pastagens para o gado, por exemplo. Ainda assim, "as florestas da Amazónia não apenas albergam a mais impressionante diversidade de vida na Terra mas também retêm entre 90 e 140 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono", lembra a organização. O abate de "uma pequena porção de floresta e a alteração no uso do solo poderá acelerar consideravelmente o aquecimento global". "É precisa acção urgente e imediata se quisermos evitar este cenário assustador", disse Francisco Ruiz. Parte da solução, diz a WWF, está a ser debatida na conferência de Nagoya, "uma abordagem multinacional para criar um sistema de gestão eficaz e completo de áreas protegidas na região da Amazónia". Muitas das novas espécies foram encontradas na rede de áreas protegidas da Amazónia, salientou Yolanda Kakabadse, da WWF. "Este Ano Internacional da Biodiversidade é uma excelente oportunidade para os chefes de Estado ajudarem a proteger ainda mais a diversidade da Amazónia, a fim de garantir a sobrevivência das espécies que ali vivem e a disponibilização de bens e serviços ambientais de que todos beneficiamos", acrescentou Kakabadse.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave carne espécie extinção abate aves