Está a Califórnia pronta para dizer sim à marijuana?
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.2
DATA: 2010-10-28
SUMÁRIO: Terça-feira, os californianos vão decidir se querem ser o primeiro estado americano a autorizar a posse, consumo e cultivo de cannabis.
TEXTO: Tal como aconteceu há dois anos, com o referendo sobre o casamento gay, os californianos têm razões só suas para votar no próximo dia 2 de Novembro. E, tal como aconteceu há dois anos, o resto da América está a prestar atenção. Irá a Califórnia dizer sim ou não à legalização da marijuana? Em 1972, quando uma proposta semelhante foi derrotada nas urnas, o "não" venceu com praticamente o dobro dos votos. Mas hoje as sondagens mostram que metade dos eleitores californianos é a favor da descriminalização da droga. E 47 por cento admitem ter fumado marijuana pelo menos uma vez na vida. A ser aprovada, a Proposta 19, como é conhecida, faria da Califórnia o primeiro estado americano a autorizar a posse, o consumo e o cultivo de marijuana, para fins pessoais, a maiores de 21 anos. Em 1996, a Califórnia foi pioneira ao legalizar o uso de cannabis para fins medicinais - bastando para isso uma recomendação médica, em vez de uma receita. Existem cerca de 1400 estabelecimentos no estado, os chamados dispensários, que fornecem marijuana terapêutica. Treze outros estados seguiram, entretanto, o exemplo da Califórnia. Arizona e Dakota do Sul vão decidir na próxima terça-feira se também querem fazer parte do clube. A favor. . . Os defensores da Proposta 19 argumentam que, uma vez que a Califórnia poderá cultivar a sua própria cannabis, a dependência do narcotráfico que ocorre ao longo da fronteira com o México irá diminuir; os cartéis deixarão de lucrar tanto, e a violência será menor (tal como o fim da Lei Seca em 1933 foi uma péssima notícia para os criminosos contrabandistas). Num estado a braços com um défice de 19 mil milhões de dólares, os argumentos também são económicos: se a legalização avançar, os governos locais poderão decidir aplicar taxas sobre a comercialização da marijuana, o que, segundo algumas estimativas, significaria 1, 4 mil milhões de dólares de receita fiscal anual. Por outro lado, o estado pouparia os milhões que gasta anualmente por causa da criminalização da droga, e a polícia passaria estar mais focada no combate a crimes mais graves. . . . e contraMas a Administração Obama já fez saber que se opõe à Proposta 19: numa carta dirigida a um grupo de antigos chefes da DEA, a agência governamental antidroga, o procurador-geral Eric Holder garantiu que o Departamento de Justiça continuará a aplicar "vigorosamente" a lei federal, que criminaliza a marijuana, independentemente dos resultados da votação. O Governo teme que a legalização dificulte o combate ao narcotráfico e tenha um efeito de contágio sobre outros estados. Se o "sim" vencer e a Califórnia decidir avançar com a medida, é de esperar que o Departamento de Justiça recorra aos tribunais, argumentando que ela põe em causa a soberania da lei federal, tal como fez este Verão com a lei anti-imigração do Arizona. Arnold Schwarzenegger, que está a terminar o seu mandato como governador da Califórnia, também é contra a proposta. No início deste mês, Schwarzenegger assinou uma nova lei que alivia a penalização por posse de cannabis em pequenas quantidades, equiparando-a, a partir do próximo ano, a uma infracção de trânsito, punível com uma multa de 100 dólares. Por seu lado, a Câmara do Comércio californiana teme que, com a Proposta 19, se torne normal fumar no local de trabalho e que os patrões sejam impedidos de sancionar um empregado sob o efeito da droga.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave lei violência imigração consumo casamento gay