"Rei Ghob" quis fugir do país depois do terceiro homicídio
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-10-28
SUMÁRIO: Acórdão da Relação de Lisboa desmonta defesa do homem acusado de matar três jovens.
TEXTO: Francisco Leitão, o homem que por ciúmes homossexuais terá assassinado em 2008 e já este ano três jovens e ocultado os seus cadáveres na zona de Peniche, tentou fugir para a Holanda em Março. As averiguações policiais permitiram agora determinar que o "rei Ghob", como o próprio se intitulava, encetou contactos com uma portuguesa residente naquele país para que a mesma lhe arranjasse emprego. Esses contactos foram feitos após a terceira morte e numa altura em que o suspeito já sabia estar a ser investigado pela Polícia Judiciária (PJ). No dia 19 deste mês, o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) indeferiu o pedido de Francisco Leitão para que fosse interrompida a sua prisão preventiva (está a aguardar julgamento na zona prisional anexa à PJ lisboeta). Os argumentos apresentados pela juíza responsável pelo processo referem, claramente, que "Ghob, o rei dos gnomos", se preparava para fugir. Por outro lado, considera-se ainda que a sua liberdade poderia resultar na destruição de provas ou obstrução às investigações - os corpos dos três jovens desaparecidos continuam por localizar. A juíza do TRL entende ainda que toda a prova apresentada pelos inspectores da Unidade Nacional Contra-Terrorismo da PJ indicia a culpabilidade do suspeito, lembrando até que o arguido já possui antecedentes criminais. Para fundamentar o pedido de libertação do "rei Ghob", o seu advogado disse ao TRL que a prisão preventiva decretada pelo Juiz de Instrução Criminal havia sido uma consequência, em parte, da pressão mediática sobre o caso. Este argumento acabou, no entanto, por ser desvalorizado, uma vez que a juíza responsável preferiu valorizar todo o trabalho dos investigadores. Francisco Leitão é, de acordo com a PJ, autor material de três homicídios que foram cometidos com dolo, uma vez que houve premeditação e preparação de todos eles. As provas apresentadas referem que roubou as vítimas depois de, supostamente, as ter morto; que utilizou os seus cartões de telemóvel para enviar para as famílias mensagens onde afirmavam estar bem e a trabalhar no estrangeiro (Espanha e França); e que terá mesmo chegado a utilizar a conta bancária de uma das vítimas - um rapaz com quem manteve relações homossexuais que ficaram registadas em vídeo - para continuar a pagar as prestações do seu automóvel novo (um Audi A4) e para vender o antigo (um Renault Clio). Estes negócios, conforme refere o acórdão da Relação, terão sido consumados depois de, utilizando equipamento informático, ter manipulado fotografias e, ao mesmo tempo, ter falsificado assinaturas. A morte da terceira vítima - Joana, que namorava com um rapaz com quem o suspeito pretendia manter relações sexuais - será aquela que mais profusamente está documentada nos documentos apresentados ao tribunal. A PJ refere claramente que Francisco Leitão atraiu a jovem com 182 mensagens enviadas por telemóvel e que esta o acompanhou de carro, pensando que ia ser levada ao seu namorado. As antenas de comunicações indicam que a morte terá ocorrido na zona de Peniche, havendo registo de comunicações nas áreas de Santa Cruz Norte, Peniche e Baleal, Olho Marinho, Alfeizerão e Caldas da Rainha (na noite de 3 de Março), e, por fim, no dia seguinte - já depois da previsível morte e do cadáver ocultado -, na zona de Matoeira. Os crimes que lhe são imputados vão de oito a 16 anos por cada homicídio, até dois anos por ocultação de cadáver e até quatro anos por posse de arma proibida. De todos, a defesa só reconhece o último: Francisco Leitão tinha, à data das mortes, uma pistola Taser, equipamento eléctrico capaz de paralisar os alvos.
REFERÊNCIAS:
Entidades PJ