Obama continua popular entre os negros americanos
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 5 | Sentimento 0.216
DATA: 2010-11-01
SUMÁRIO: O Presidente perdeu o estado de graça, mas não entre os afro-americanos. "Se ele falhar, falhamos como um todo", diz Donald Betts.
TEXTO: U Street, o coração negro de Washington, não é só Duke Ellington, que aqui nasceu. Também é Donald Betts, que deixou o Tennessee há meia década, marchou com Martin Luther King, e abriu a Ponytails Shoe Repair no número 1003. Numa das paredes desta loja de reparação de calçado, há dezenas de fotografias de afro-americanos famosos. Sammy Davis Jr. Colin Powell. Condoleezza Rice. O actor Bill Cosby. É mais do que um mural de orgulho negro. São, ou foram, seus clientes. Donald Betts diz-se "abençoado". Mas o rosto mais repetido nestas paredes é o de Barack Obama, que nunca mandou reparar os seus sapatos na Ponytails. Confiante na sua própria fama de sapateiro, Donald acredita que ele virá um dia. "Eu trato dos sapatos dos agentes dos Serviços Secretos que acompanham o presidente. Eles dizem-me que ele há-de vir, só não dizem quando, que é para ser surpresa. " Tudo o que é polícia na cidade manda reparar os sapatos na Ponytails, bem como o mayor, advogados e médicos. "Tenho a certeza de que, no meio desses advogados e tudo o resto, ele já ouviu falar de mim. E a sogra dele arranja o cabelo três portas abaixo nesta rua. " Onde quer que se olhe dentro da loja, Obama sorri aquele sorriso. Um calendário de 2009 mostra o casal Barack e Michelle Obama abraçados ao lado de Martin Luther King e Coretta Scott King, e a frase: "The Dream Realized" ("O Sonho Realizado"). A primeira página do Washington Post do dia 5 de Novembro de 2008, a manhã a seguir às eleições, com a manchete: "Obama faz história". Um Obama de cartão em tamanho real. Uma fotografia da tomada de posse. "Tenho 76 anos e nunca pensei que estaria vivo para ver isto", diz Donald Betts, sulcos de tranças envolvendo a cabeça como uma carapaça. Só a barba é branca. Numa altura em que o Presidente americano parece ter perdido o seu estado de graça e a sua popularidade caiu em praticamente todos os segmentos da população - democratas, independentes, jovens, brancos, latinos -, os negros continuam solidamente fiéis a Obama. Em Agosto, uma sondagem da Gallup dava-lhe uma taxa de aprovação de 88 por cento entre os afro-americanos, contra 38 por cento na população branca. Lembram-se das T-shirts que toda a gente usou em 2008? Hoje só se vêem em negros. "Todos nós queremos que ele tenha sucesso. Porque, se ele falhar, nós falhamos como um todo", diz Donald. "A primeira coisa que vão gritar é: "Bem, vocês tiveram um Presidente, e ele falhou, portanto acabou-se. ""Os que preferem não verO que é que Donald pensa das críticas que têm dominado a actuação de Obama?"Eram de esperar. Eles não estavam preparados para isto. " Eles? "Os republicanos e todos aqueles que lhe dão má imprensa. Ainda há muitos obstinados que preferem não ver o que aconteceu. Mas têm de perceber que ele não causou isto, ele herdou o défice. Eles não andaram a dizer o mesmo sobre Bush. Foi Bush que deixou este país num tumulto. Ele [Obama] está a tentar endireitar as coisas. E não pode fazer isso em dois anos. Nem em quatro anos - Bush fez estragos durante oito anos. "Estará a comunidade afro-americana mais disposta a dar o benefício da dúvida ao Presidente por ele ser negro?Segundo Cheryl Contee, co-fundadora do blogue Jack & Jill Politics, "existe muita projecção" na Primeira Família, que "é como outras famílias que os afro-americanos podem conhecer". E todos sabemos que quando um familiar é criticado "corremos imediatamente em sua defesa". "Há esta noção de: "Ei, vocês estão a ser muito duros com esta pessoa, não sabem a história toda, deixem-me dizer-vos o que sei. " Acho que é por isso que vemos esta consistência estatística no apoio ao Presidente. "
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave negro comunidade