Europa elegeu pela primeira vez as suas muçulmanas mais influentes
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.375
DATA: 2010-11-01
SUMÁRIO: Num jantar de gala em Madrid onde lenços ("hijab") unicolores e multicromáticos conviviam com penteados mais ou menos elaborados, a Europa elegeu, no sábado – pela primeira vez – as dez mulheres muçulmanas mais influentes do continente.
TEXTO: Ndeye Andújar, feminista espanhola que é a directora do site Webislam. com, com mais de 12 milhões de visitantes por mês; Shaheeda Fatima, uma das mais destacadas advogadas do Reino Unido que está a preparar-se em Harvard para ser a primeira juíza muçulmana da Gra-Bretanha; Zaha Hadid, descrita como “uma diva com muitos prémios, paixão e ego” –, a primeira arquitecta a ganhar o Pritzker e recém-galardoada com o Stirling; Sabina Iqbal, fundadora e presidente do Deaf Parenting of UK, a primeira associação mundial dirigida por pais surdos para ajudar pais surdos (como ela); Lamya Kadoor, académica e fundadora da União Liberal-Islâmica, que dá voz aos muçulmanos alemães que “interpretam o islão de uma forma contemporânea”; Sineb El Masrar, fundadora e directora da revista "Gazelle", a primeira publicação multicultural dedicada a mulheres com raízes imigrantes; Bani Noo, jovem enfermeira de origem somali, presidente da Associação das Mulheres Muçulmanas da Suécia; Nabila Ramdani, jornalista e académica francesa de ascendência argelina, especialista em Médio Oriente, em assuntos islâmicos e em questões franco-inglesas; Hilal Sezgin, comentadora política e autora de vários livros sobre islão e islamofobia, multiculturalismo e feminismo islâmico na sua Alemanha natal; Anna Stamou, "marketing manager" da Associação dos Muçulmanos da Grécia, uma convertida ao islão que tenta oferecer a primeira mesquita e o primeiro cemitério à sua comunidade. A eleição das European Muslim Women of Influence é uma iniciativa, sem precedentes, da CEDAR (Connecting European Dynamic Achievers of Role Models), rede pan-europeia de profissionais muçulmanos que procura “gerar uma cultura de sucesso e de liderança entre as diversas comunidades muçulmanas da Europa” (cerca de 23 milhões de pessoas). A CEDAR contou com o apoio do Institute for Strategic Dialogue em Londres, da Casa Árabe em Madrid, do British Council, da Open Society Foundation e da Vodafone alemã. Todas as convidadas receberam uma estatueta de cristal, numa noite em que a diversidade europeia ficou bem visível nos corredores do luxuoso hotel madrileno Wellington, quando mulheres modestamente cobertas da cabeça aos pés se cruzavam, nos corredores, com as convidadas decotadas, transparentes e provocantes da “Boda de Gisele e Pedro” numa sala adjacente. Lehman SistersDepois de apelar à Europa para que imite o Brasil no modo como este país “ostenta orgulhosamente” os seus mosaicos étnicos e culturais, e para destacar o quanto as dez mais influentes podem ser fonte de inspiração, Cherie Blair, oradora de honra, arrancou aplausos à audiência quando disse que não basta ficar no patamar da tolerância. “Esta é aliás uma palavra de que não gosto”, admitiu a mulher do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. “Prefiro falar de respeito e de parceria. ”“É muito mais aquilo que nos une do que o que nos divide” frisou Cherie Blair, adiantando que muitas mulheres muçulmanas querem ajudar as suas sociedades mas só encontram apoio verbal e nenhuma ajuda prática. Por isso, recomendou, é importante que aquelas que vencem inspirem as que estão em desvantagem. A este propósito a bem-humorada Cherie recitou uma história que ouviu à Presidente da Libéria Ellen Johnson Sirleaf. Numa visita a uma escola, as crianças estavam desassossegadas e a professora repreendeu-as. Nesse momento, uma criança levantou-se e dirigiu-se à ilustre visitante: “Tenha cuidado com o que me vai dizer, porque um dia também eu poderei ser Presidente”. Esta ousadia e este sonho seriam impensáveis, notou a mulher de Tony Blair, antes de a antiga economista do Citibank ter sido eleita, em 2005, a primeira chefe de Estado do primeiro país independente de África.
REFERÊNCIAS:
Partidos PAN