População selvagem de linces em Espanha ultrapassa os 200 animais
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento 0.1
DATA: 2010-11-02
SUMÁRIO: Os esforços para recuperar as últimas populações selvagens de lince-ibérico em Espanha já levam dez anos no terreno. Hoje estima-se existirem, pelo menos, 226 animais nas únicas duas populações viáveis, na Serra Morena e em Doñana, revelou o responsável espanhol pela conservação da espécie.
TEXTO: Miguel Simón, director do Programa de Conservação do Lince-ibérico na Junta de Andaluzia, contou num seminário que terminou sexta-feira em Faro que, segundo os dados mais recentes – referentes a 2009 – existem, pelo menos, 160 linces na Serra Morena. Destes, 40 são fêmeas e 48 crias. Em 2002 existiriam apenas um total de 66 animais. O responsável informou ainda que a zona com presença de lince-ibérico na Serra Morena será de 264 quilómetros quadrados. A outra região onde ainda existem linces a viver na natureza é Doñana, com uma zona de presença de lince estimada em 445 quilómetros quadrados. No entanto, esta zona tem núcleos populacionais mais fragmentados do que na Serra Morena, devido principalmente à agricultura intensiva de regadio. Miguel Simón disse que em 2009 existia em Doñana um total de 66 linces, dos quais 18 fêmeas e 21 crias. “Esta é uma população pequena, que esteve isolada durante décadas, o que levou a uma diminuição da variabilidade genética”, contou Simón. Ainda assim, o especialista em conservação in situ acredita que a população de Doñana “parece agora começar a recuperar”. Há cerca de dois anos, os técnicos espanhóis começaram a reforçar a população de Doñana com animais da Serra Morena, “fonte de exemplares para a reintrodução”. Em 2008 foi libertado um macho em Coto del Rey. “Hoje, este animal tem cinco descendentes e estes, por sua vez, já nos deram crias”, contou Simón. Em Dezembro desse mesmo ano, os técnicos da Andaluzia introduziram outro animal em Doñana vindo a Serra Morena, mas acabou por morrer perto do Parque Nacional de Doñana. Este lince, chamado Caribú, passou a fronteira para Portugal – para Moura-Barrancos -, em Janeiro, movimento confirmado pelas autoridades portuguesas graças a um dispositivo GPS colocado anteriormente no animal. Para este ano, anunciou Simón, está prevista a transferência para Doñana de um casal vindo da Serra Morena. Novo projecto quer criar novos núcleos populacionaisNo mês passado foi apresentado um novo programa Life+ Natureza, para 2011-2016 – do qual também faz parte do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) -, que pretende realizar a reintrodução de linces em Portugal, Castela-La Mancha, Extremadura e Andaluzia. O objectivo, explicou Simón, é conseguir ter entre três a cinco novos núcleos populacionais com, pelo menos, cinco fêmeas cada um. Os esforços de conservação in situ na Andaluzia começaram “a sério” em 2000, com a realização de um censo para conhecer o estado da situação da espécie em estado selvagem. Nas palavras de Simón, o declínio do lince deve-se, maioritariamente, ao facto de este ser um predador muito especializado – a sua alimentação assenta no coelho-bravo –, à fragmentação do habitat e ao furtivismo. Neste momento está a decorrer o programa Life Lince-ibérico 2006-2011 que pretende conhecer melhor a situação do lince, aumentar as populações da Serra Morena e Doñana e criar novos núcleos. Mas “em todo este processo, é essencial ter em conta a sociedade, tanto mais que toda a população de lince está em propriedades privadas”, salientou Simón. Neste sentido, as autoridades espanholas celebraram 170 acordos com proprietários e gestores de terrenos, abrangendo um total de 180. 840 hectares. O território de um lince deverá ter, pelo menos, 500 hectares para ser viável.
REFERÊNCIAS: