Financial Times põe Portugal na linha da frente dos desafios do euro
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DATA: 2010-11-08
SUMÁRIO: O diário britânico Financial Times dá hoje grande destaque às preocupações sobre a dívida pública portuguesa, dizendo que o país se tornou a nova “linha da frente” da batalha pelo euro e fazendo duas chamadas à primeira página sobre Portugal.
TEXTO: Numa extensa reportagem, com uma chamada no topo da primeira página, o jornal diz que nem as “duras medidas de austeridade” que se perspectivam para ajudar a equilibrar as contas públicas têm ajudado a tirar o país da “linha de fogo” dos mercados financeiros. O jornal explica que o alívio esperado nos juros da dívida nacional devido ao acordo para passar o Orçamento para 2011 foi “obscurecido” pelo acordo entre os líderes europeus, a 29 de Outubro, para que o futuro mecanismo de resolução de crises de dívida soberana penalize também os detentores privados de dívida, que poderão ver-se privados do direito de receberem parte dos créditos de que são titulares. O jornal faz uma análise da situação portuguesa enquadrada na crise da dívida pública dos países da periferia sul e oeste da zona euro (Grécia, Espanha, Irlanda e Portugal), e diz que a sua adesão à fundação do euro, em 1999, lhes trouxe “anos de abundância na forma de crédito externo fácil para financiar infra-estruturas de transportes, construção de habitação e consumo de bens importados”, mas que os quatro países estão agora a sofrer a “ressaca” do excesso de crédito e a tentar pôr as suas contas públicas em ordem, “cuja fragilidade foi brutalmente exposta pela crise financeira global”. As situações dos vários países são no entanto diferentes, e a Espanha tem a sua situação controlada há algum tempo, o que “deu esperanças do que o pior tivesse passado”, pois a economia deste país (seis vezes a portuguesa) era vista, pela sua dimensão, como a chave para o destino da zona euro, cuja ideia de possível fragmentação deixou de ser vista como absurda. No entanto, a disposição dos investidores voltou a mudar com a decisão de 29 de Outubro de pedir aos credores privados que assumam uma parcela das perdas em futuras operações de ajuda aos Estados em dificuldades (como já aconteceu com a intervenção europeia e do FMI na Grécia), e os receios aumentaram, bem como os juros subjacentes à dívida portuguesa, irlandesa e grega. Neste contexto, o jornal diz que muitos investidores vêm agora como mais provável que Portugal e a Irlanda (cujo défice disparou este ano para mais de 30 por cento do PIB por ter sido obrigada a mais uma injecção maciça de fundos para salvar o seus sistema bancário da falência) tenham de se juntar à Grécia na “sala de urgências” que é a intervenção conjunta do Fundo Europeu de Estabilização financeiro e do FMI. Um operador dos mercados ouvido pelo FT diz mesmo que “o risco de os juros subirem para níveis insustentáveis é muito real”. Neste pano de fundo, não passou despercebida a vista do Presidente da China ao país no fim-de-semana, com a sua oferta para ajudar Portugal, através da compra de dívida pública. “China vai ajudar Portugal”, escreve o jornal na segunda chamada de primeira página que hoje dedica ao país. No interior, destaca que o Presidente Chinês prometeu “medidas concretas” de ajuda e que também foram assinados acordos comerciais bilaterais.
REFERÊNCIAS:
Entidades FMI