Cientista português cria “mini-fígados” no laboratório
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DATA: 2010-11-09
SUMÁRIO: É apenas um primeiro passo, mas é uma estreia. Pela primeira vez, uma equipa de cientistas gerou, a partir de células hepáticas humanas, minúsculos “fígados” que, pelo menos in vitro, funcionam devidamente. Os resultados, apresentados há dias num congresso, deverão ser publicados numa próxima edição da revista Hepatology.
TEXTO: A escassez de fígados para transplante é notória – e o objectivo do trabalho é obviamente conseguir fabricar órgãos artificiais capazes de desempenhar a mesma tarefa que os naturais. Uma outra potencialidade ainda seria utilizar estes órgãos gerados em pratinhos de vidro para avaliar a toxicidade hepática de novos medicamentos. Só que até aqui, ninguém sabia sequer se era possível fazer crescer conjuntos de células hepáticas funcionais. A equipa que acaba de mostrar que é efectivamente possível – do Instituto de Medicina Regenerativa do Centro Médico Baptista da Universidade de Wake Forest, em Winston-Salem, na Carolina do Norte – é liderada por Pedro Baptista, jovem investigador português há vários anos a trabalhar nos EUA. Para fabricar os mini-fígados, os cientistas utilizaram fígados de animais, que trataram previamente com um detergente pouco potente de forma a retirar todas as células animais iniciais, deixando intactos apenas o “esqueleto” de colagénio (que confere ao órgão a sua estrutura) e o sistema vascular, explica um comunicado daquela Universidade. A seguir, introduziram nesta “ossatura”, via um grande vaso sanguíneo que alimenta uma rede de vasos mais pequenos, dois tipos de células hepáticas humanas: células progenitoras de células hepáticas e células endoteliais, que formam as paredes dos vasos sanguíneos. Colocaram o objecto num bioreactor, alimentando-o em permanência com um fluxo de nutrientes e oxigénio Uma semana mais tarde, puderam observar a formação de tecido hepático humano e o aparecimento de funções associadas. Por enquanto, os mini-fígados são mesmo mini: têm 2, 5 centímetros de diâmetro e pesam menos de seis gramas. Para serem utilizáveis, deveriam pesar pelo menos meio quilo – e um dos desafios será agora o do tamanho. Para além disso, há a questão de saber se um órgão destes ainda funciona quando introduzido no organismo de um animal de laboratório vivo e a de garantir que a sua utilização em humanos não apresenta riscos para a saúde. “O que esperamos”, diz Pedro Baptista, citado no mesmo comunicado, “é que, uma vez transplantados, estes órgãos conservem a suas funções iniciais e vão ganhando outras à medida que se desenvolvem. ”
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA