O Weekend chegou mais cedo
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2010-11-12
SUMÁRIO: Vampire Weekend Lisboa, Campo Pequeno.Quarta, 22h. Cerca de 4 mil pessoas4 estrelas
TEXTO: Não falham. Canções curtas e físicas, gerando empatia de forma imediata com a audiência. Durante hora e meia foi assim o primeiro concerto da nova digressão europeia dos Vampire Weekend em Lisboa. Pode assistir-se a muitas actuações dos americanos – a último, em Julho, no Super Bock Super Rock – mas fica-se sempre com uma sensação refrescante como se fosse a primeira vez. São sempre joviais, lançando canção atrás de canção sem demoras, com dinamismo rítmico e eficácia melódica. O baixista Chris Baio, com passos de dança muito singulares, e o baterista Chris Tomson são uma fonte inesgotável de energia, marcando o ritmo e a vivacidade de toda a função, enquanto o vocalista Erza Koenig canta, grita, interage circunstancialmente com a assistência (não indo além de frases de ocasião) e retira da sua guitarra acordes que remetem para alguma música africana. O mais discreto acaba por ser o teclista e ocasionalmente guitarrista Rostam Batmanglij, que pontua os ambientes. Apesar de terem apenas dois álbuns lançados (“Vampire Weekend” de 2008 e “Contra” de 2010) os americanos já têm um património de canções – “One (blake’s got a new face)”, “Holiday”, “Cape cod kwassa kwassa”, “Horchata”, “Giving up the gun”, “Animal” ou “Mansard roof” – que muita gente conhece de cor, o que facilita a função. Ao mínimo acorde o público reconhece-as, abandona-se a elas, deixando-se ir na festa colectiva. “Se estiverem numa de dançar esta é fácil” lançou às tantas Koenig, preparando a entrada de “A-punk”, mas poderia ter sido qualquer outra, de tal forma o frenesim se mantém estável. Por vezes, como na introdução de “I stand corrected”, as luzes baixam, a voz de Koenig torna-se mais flexível, o ambiente torna-se etéreo, mas logo de seguida a bateria torna-se nervosa, a guitarra movimenta-se em cascata e uma música pop mundana de grande vigor, com influências clássicas, africanas ou das Caraíbas em direcção ao ska, acaba por estabelecer-se definitivamente. Há três anos, quando surgiram, muitos disseram que a sua sonoridade limitava-se a exprimir um conhecimento cumulativo da história, dos Talking Heads aos Feelies, passando pelos Orange Juice ou King Sunny Adé. Haverá um pouco de verdade nessa preposição. Mas a verdade é que hoje já ninguém dúvida que conseguiram atingir um desígnio superior onde as fracções se pulverizaram no todo, fazendo nascer um novo organismo, capaz de criar uma festa de sábado à noite, numa 4ª feira, em Lisboa.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave animal